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CASO DO PADRE DE RIBEIRÃO DO PINHAL - JUSTIÇA AVALIA DENÚNCIA CRIMINAL


Anderson Coelho
Delegado Tristão de Carvalho esclarece que qualquer ato libidinoso perto de uma pessoa menor de 14 anos é crime, mesmo que ela não participe do ato
O delegado de Ribeirão do Pinhal, Tristão Antônio Borborema de Carvalho, informa que o inquérito policial sobre o caso já foi remetido ao poder judiciário no dia 4 de janeiro. ''Tendo em vista que ele (o padre) pagou a fiança criminal e foi posto em liberdade, o promotor terá 15 dias para analisar o inquérito. Se ele entender que houve elementos que configure o crime, oferecerá a denúncia. Caso seja acatada pelo juiz, terá início o processo'', explica.

Carvalho esclareceu que a fiança paga por Ghergolet foi estipulada em R$ 2.712. ''É crime praticar relação sexual ou qualquer outro ato libidinoso perto de uma pessoa menor de 14 anos, ou seja, o menor não precisa nem mesmo participar do ato''. Segundo ele, a classificação jurídica do fato se deu pela polícia no artigo 218 A do Código Penal, que criminaliza a corrupção de menores e prevê pena de dois a quatro anos de reclusão.

O delegado relembra que, segundo o relato da própria vítima, ela foi socorrida por um policial à paisana, que apesar de não conseguir fazer a detenção do acusado, anotou a placa do carro. ''Chequei que se tratava de um Gol pertencente à Diocese de Jacarezinho. Comuniquei as polícias rodoviárias da região e ele (o padre) acabou detido nas proximidades de Santo Antônio da Platina'', recorda.

Carvalho adianta que, caso seja condenado, o padre deve ficar detido em Ribeirão do Pinhal.

O Conselho Tutelar garante que tem tratado todas as informações do caso com o máximo sigilo e que vem prestando apoio psicológico à vitima. ''Os profissionais daqui constataram que não há nenhum sinal de trauma e que a adolescente está muito bem. Não queremos que a vítima e sua família sofra algum tipo de exposição e tenha de alguma forma seu pisicológico abalado'', detalha, Elizabete Maria da Silva, um dos membros do Conselho Tutelar que acompanha o caso.

A conselheira frisa que é importante deixar claro que o padre não assediou e nem tocou na jovem, mas cometeu um atentado ao pudor diante de uma adolescente de 14 anos. ''O caso chama a atenção pela posição que um padre ocupa, mas ninguém pode fazer algo assim'', sentencia.

Ela acrescenta que esse tipo de caso é incomum e que a entidade costuma atender principalmente ocorrências de agressão a crianças e adolecentes, usuários de crack. (V.F.)

Moradores comentam o crime

Aneliza Soares de Oliveira
Newton Nakamura
Fotos: Anderson Coelho
Norma Dutra da Silva
‘‘Como católica acho um absurdo. Não pega bem para cidade. Uma amiga de fora já estava querendo saber se era o pároco daqui, que não tem nada a ver com a história.’’ Aneliza Soares de Oliveira, vendedora

‘‘Já seria um absurdo se fosse uma pessoa comum quanto mais um padre que deve zelar pela moral e os bons costumes.’’ Newton Nakamura, comerciante

‘‘O caso em si chama a atenção pela figura de um padre, mas não acho que vai prejudicar a imagem do município até porque não era um padre daqui.’’ Norma Dutra da Silva, cantora
 

Mãe de garota diz que crime abalou a família


Anderson Coelho
Delegado Tristão de Carvalho esclarece que qualquer ato libidinoso perto de uma pessoa menor de 14 anos é crime, mesmo que ela não participe do ato
''Falo sobre o caso porque não quero que outras famílias passem por situação parecida. Graças à educação que dou aos meus filhos, ela teve a atitude correta de sair de perto ao ver aquilo (partes íntimas). O policial que foi ver o que estava acontecendo foi um anjo para minha menina'', relembrou a mãe da adolescente de 13 anos, que na manhã do último dia 2 teria presenciado o padre Reginaldo Antônio Gheorgolet de calças abaixadas mostrando suas partes íntimas na cidade de Ribeirão do Pinhal (Norte Pioneiro). O religioso chegou a ser detido, mas foi liberado em seguida após pagar fiança.

A mãe explica que havia pedido para a filha lhe fazer um favor e no caminho um automóvel parou ao lado da menina para pedir informações, quando a jovem se aproximou do carro notou algo estranho e pediu por ajuda. ''Isso ela mesma relatou à polícia. Quando chegamos à delegacia, o padre quis lhe pedir perdão e (ele próprio) disse que não se perdoaria porque isso não se faz'', conta.

A mãe acrescentou que o caso mexeu muito com a família, sobretudo por envolver um membro de um instituição religiosa. Ela afirmou ainda que a atitude correta da filha e a preocupação em denunciar o caso devem servir de exemplo para quem passar por situação semelhante. ''Mostra também que caráter independe de classe social ou posição que ocupa'', diz a doméstica.

Ela defende ainda que talvez fosse interessante para a Igreja repensar o voto de celibato, que proíbe os padres de ter uma vida conjugal.

A família ainda não decidiu se irá acionar juridicamente o padre Gheorgolet. A mãe da jovem adiantou que a decisão será tomada em conjunto com os familiares e que esta possibilidade não está descartada.

Suspensão

Em nota divulgada no dia 3 de janeiro, o bispo diocesano de Jacarezinho, Dom Antônio Braz Benevente - responsável pela região em que ocorreu o fato - informou que foi decretada a suspensão do padre Ghergolet por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após consulta ao Conselho Episcopal e ao Tribunal Eclesiástico de Londrina. A nota esclarece ainda que será de responsabilidade do padre o ônus de sua defesa em âmbito civil.

Procurado pela FOLHA, o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Londrina informou que seus membros estão em recesso e devem retomar suas atividades em fevereiro.

A reportagem tentou localizar o padre Ghergolet, mas não conseguiu contato. Ele havia pertencido à Paróquia de Joaquim Távora e atualmente estava em um seminário em Jacarezinho. Segundo informações, Gheorgolet possui parentes em Abatiá, cidade vizinha de Ribeirão do Pinhal. 

FONTE - CADERNO NORTE PIONEIRO - FOLHA DE LONDRINA


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