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Jundiaí do Sul, cidade sede da família imperial

Por doze anos, Dom Pedro de Orleans e Bragança morou no município, que guarda em sua bandeira e sua história a passagem dos herdeiros do império do Brasil
Aline Damásio
Felippe Azevedo mostra a imagem da coroa na bandeira de Jundiaí do Sul, prova da passagem da família imperial pela cidade
À procura de tranquilidade, Dom Pedro de Orleans escolheu Jundiaí do Sul como lugar para criar nove dos seus doze filhos; três deles nasceram no município
Fotos: Reprodução
Foto publicada em revista da época retrata o cotidiano de Dom Pedro de Orleans na fazenda, na criação de gado
Jundiaí do Sul - Município de 66 anos de emancipação política, Jundiaí do Sul guarda em sua trajetória um marco na história do Norte Pioneiro e do País ao sediar por doze anos os herdeiros da família imperial brasileira. Na tranquilidade da Fazenda Santa Maria, moraram Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909-1981), sua esposa Maria Elizabeth (princesa da Baviera) e nove de seus doze filhos, que atraídos pelo desenvolvimento da agricultura e pela placidez do interior, escolheram o Norte Pioneiro como sua casa na década de 50.

Herdeiro imperial do Brasil, Dom Pedro Henrique, tataraneto de Dom Pedro II e bisneto da princesa Isabel, mudou-se para a região em uma época de ebulição política nas capitais. Ele conheceu a região do Norte Pioneiro por indicação do bispo da Diocese de Jacarezinho, Dom Geraldo de Proença Sigaud, com quem tinha afinidades por terem familiares em comum. Após uma rápida passagem por Jacarezinho, Dom Pedro comprou a propriedade em Jundiaí do Sul, e lá residiu com sua família, tendo uma vida tranquila no campo, sem grandes presunções políticas e com pouca exposição pública.

O professor universitário e escritor, Felippe Fernandes Azevedo, se dedica hoje a pesquisa sobre a história da cidade e conta como foi sua convivência com a família imperial em Jundiaí do Sul. "Estudei com o filho de Dom Pedro, o príncipe Louis Gaston, o primogênito da família. Lembro-me da postura diferente que eles tinham, do comportamento polido e a educação como princípio", lembra. O professor possui um pequeno acervo com fotos da época, reportagens e documentos que comprovam a passagem de Dom Pedro pelo município. "Dos doze filhos dele, três são jundiaienses com registros comprovados no cartório da cidade", revela. Azevedo doou parte de seus materiais para a Secretaria Municipal de Educação.

Cotidiano
Trabalhando no cultivo de cereais e na criação de gado, Dom Pedro Henrique levava uma vida pacata na Fazenda Santa Maria, que tinha 115 alqueires. De acordo com os vizinhos da época, a família imperial não possuía muitos amigos e não se envolvia em movimentos políticos. Sua rotina era baseada na dedicação ao trabalho e à religião, pois só eram vistos quando iam à missa aos domingos.

O casal Wilson e Tereza Rauen compraram a fazenda da família imperial em 1963 e moram no local até hoje. Tereza relata que teve uma breve convivência com eles. "Todos eram muito religiosos, de amizades muito restritas e não comentavam muito sobre sua história. Lembro-me que as filhas gêmeas de Dom Pedro eram muito prendadas, na casa tinha até um ateliê onde pintavam quadros e porcelanas", conta.

Segundo Tereza, a família imperial vendeu a propriedade devido às dificuldades financeiras. De Jundiaí do Sul, eles foram para Vassouras (RJ) e nunca registraram ou manifestaram publicamente sua passagem pelo Norte Pioneiro do Paraná.

Passagem pela cidade não consta na história da realeza

Aline Damásio
Tereza Rauen: "Não sabemos o porquê de nunca a história deles aqui ser relatada, talvez por ter sido uma fase de afugentamento deles da vida pública"
Jundiaí do Sul - Além das histórias contadas pelo povo, a imagem de uma coroa - símbolo das cidades pelas quais passaram as figuras imperiais do Brasil - está registrada no brasão e na bandeira de Jundiaí do Sul. "Este símbolo só é permitido em municípios que sediaram oficialmente algum membro do império, sendo reconhecido por algum membro da família imperial", explica o professor Felippe Azevedo.

Para os moradores da época em que a cidade recebeu os descendentes do império, fica a dúvida sobre os motivos que levaram a não citação de Jundiaí do Sul nos momentos históricos da realeza, liderada pelo príncipe Louis Gaston, e residentes no Estado do Rio de Janeiro.

"Não sabemos o porquê de nunca a história deles aqui ser relatada, talvez por ter sido uma fase de afugentamento deles da vida pública, mas temos orgulho de ter sediado pessoas tão importantes", diz Tereza Rauen, atual proprietária do imóvel que abrigou a família real. Ela conta que até hoje recebe estudantes e historiadores em sua casa, e mostra algumas características e móveis da época que permanecem intactos, como os grandes pilares na varanda, o assoalho de madeira e os armários embutidos. (A.D.)

FONTE - FOLHA DE LONDRINA

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