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Gregos protestam em Atenas contra aprovação de reformas

Milhares de pessoas protestaram nesta quarta-feira (15) no centro de Atenas contra o pacote de medidas pactuado entre o governo da Grécia e os credores do país, no mesmo dia em que o parlamento debate sua aprovação.
A Grécia aguarda a votação no Parlamento que pode rejeitar ou aprovar exigências da Europa em troca de ajuda financeira para o país. O novo pacote de ajuda grega, além de não conter qualquer tipo de perdão de dívidas, impõe duras condições a Atenas, com medidas de "aperto" econômico que não apenas o governo grego tinha prometido não adotar, mas que também foram recusadas por 61% dos gregos em um plebiscito realizado há duas semanas.

Na terça-feira (14), o primiro-ministro grego,Alexis Tsipras reconheceu que o acordo é um texto em que ele não acredita, mas que o assinou para "evitar um desastre para o país". "Assumo mais responsabilidades por qualquer erro que eu possa ter cometido. Assumo minha responsabilidade pelo texto em que eu não acredito, mas que assinei para evitar um desastre para o país", declarou Tsipras à TV pública grega ERT.
Para o protesto desta quarta, a confederação de sindicatos do setor público (ADEDY), que tinha convocado nesta quarta uma greve de 24 horas contra o acordo, reuniu na praça Syntagma, onde fica a sede do parlamento, cerca de 2.5 mil pessoas segundo a polícia, informou a agência EFE.
De acordo com informações da polícia, o tumulto aconteceu quando um grupo de pessoas que não pertencia à manifestação e é de ideologia anarquista lançou coquetéis molotov aos agentes, que responderam com gás lacrimogêneo.

Também houve nesta quarta uma manifestação do PAME, o sindicato ligado ao Partido Comunista grego KKE, que reuniu quase 10 mil pessoas, de acordo com a polícia, na praça de Omonia, muito perto da Syntagma, segundo a EFE. Não houve incidentes.
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Policiais passam por chamas durante confronto com um pequeno grupo de manifestantes anti- austeridade em frente ao parlamento em Atenas, na Grécia  (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)Policiais passam por chamas durante confronto com um pequeno grupo de manifestantes anti- austeridade em frente ao parlamento em Atenas, na Grécia (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)
Prazo no fim
Nesta quarta-feira vence o prazo dado à Grécia para aprovar no Parlamento quatro projetos de lei exigidos em troca de mais crédito. As condições impostas à Grécia incluem o compromisso de levantar um fundo com ativos gregos no equivalente a R$ 170 bilhões, além de medidas de austeridade.
A presidente do Parlamento da Grécia, falando em sua condição de parlamentar do partido governista, pediu nesta quarta-feira que a Casa de 300 assentos não aprove o pacote de medidas de austeridade.
"Este Parlamento não pode aceitar a chantagem dos credores", disse Zoe Constantopoulou, uma integrante proeminente do partido Syriza (o mesmo do primeiro-ministro grego), antes da crucial votação ainda nesta quarta-feira.

"Com total conhecimento de como as circunstâncias são cruciais... Acho que é dever do Parlamento não deixar que essa chantagem se materialize." Ela disse que os credores têm que respeitar os procedimentos parlamentares.
Policiais passam por chamas durante confronto com um pequeno grupo de manifestantes anti- austeridade em frente ao parlamento em Atenas, na Grécia  (Foto: Jean-Paul Pelissier/Reuters)Policiais passam por chamas durante confronto com um pequeno grupo de manifestantes anti- austeridade em frente ao parlamento em Atenas, na Grécia (Foto: Jean-Paul Pelissier/Reuters)
De volta de Bruxelas na véspera, o primeiro-ministro Alexis Tsipras buscou o apoio do povo grego, do parlamento e de seu partido de esquerda, Syriza, que venceu as eleições em janeiro com a promessa de acabar com cinco anos de aperto financeiro. Na segunda-feira (13), houve manifestação em Atenas contra o acordo.
Grécia dividida
Cerca de 51,5% dos gregos acreditam que o acordo para o resgate da Grécia é positivo e um percentual maior da população acredita que o Parlamento do país deve aprová-lo, de acordo com uma pesquisa de opinião divulgada nesta terça-feira.
De acordo com a pesquisa do instituto Kapa Research, feita para o jornal "To Vima" e realizada no dia 14 de julho, 72% dos participantes disseram que não havia alternativa a não ser um acordo com os credores, enquanto 70,1% disseram que o Parlamento deveria ratificá-lo, segundo informações da Reuters. A pesquisa mostrou ainda que 58,8% dos entrevistados tinham uma visão positiva da Tsipras.
 
Protesto na Grécia em dia de votação sobre o pacote de ajuda (Foto: Andreas Solaro/AFP)Protesto na Grécia em dia de votação sobre o pacote de ajuda (Foto: Andreas Solaro/AFP)
RESUMO DO CASO
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro. No dia 13 de julho, outra dívida com o FMI deixou de ser paga, de € 450 milhões.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho.
- Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não".
- Nesta semana, os líderes europeus concordaram em fazer um terceiro programa de resgate para a Grécia, mas ainda exigem medidas duras, como aumento de impostos, reformas no sistema previdenciário e mais privatizações.
- O parlamento grego tem até esta quarta (15) para aprovar o pacote de reformas e conseguir dinheiro para saldar parte do que deve aos credores.
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
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