[Fechar]

Últimas notícias

Mecanização ajuda cafeicultores a se manterem na atividade

Alto custo e escassez de mão de obra na época da colheita têm inviabilizado a produção do grão no Paraná

Fotos: Gustavo Carneiro
Em Figueira, um grupo de dez cafeicultores resolveu se unir para comprar uma colhedora de café
A mecanização não é mais uma opção do cafeicultor paranaense, mas sim a única alternativa para aqueles que ainda quiserem continuar na atividade. A escassez e o alto custo da mão de obra têm forçado muitos agricultores, principalmente os de pequeno porte, a saírem da cafeicultura porque o valor gasto na colheita, por exemplo, é superior ao preço recebido pela saca.

Uma colhedora de café pode pesar no orçamento de um produtor, já que uma máquina não sai por menos de R$ 100 mil, dependendo do modelo. Contudo, há a opção da compra conjunta. O próprio grupo faz a divisão do trabalho e das despesas do maquinário. No município de Figueira (Norte Pioneiro), dez cafeicultores, que há várias safras vêm sofrendo com a falta de mão de obra na região, resolveram se unir para comprar uma colhedora de café.

Luiz Antonio de Souza, um dos produtores associados e técnico do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), explica que na região há muita dificuldade na obtenção de pessoal para trabalhar durante a colheita do café. Ele conta que a ideia de mecanizar a lavoura surgiu em 2001, quando visitou a Expocafé, feira agropecuária voltada para a cultura cafeeira que acontece anualmente no município de Três Pontas (MG). No evento, ele conheceu diversos modelos de colhedoras de café. Em 2013, o grupo conseguiu a liberação do financiamento para a aquisição de um equipamento. A colhedora custou R$ 395 mil e deverá ser paga em dez anos com juros de 3,5% ao ano.

Já no terceiro ano em plena atividade, a colhedora, com capacidade para 150 hectares (ha), atende 80 ha. O custo da mão de obra manual durante a colheita na região gira em torno de R$ 10 a saca, enquanto que o valor gasto para colher uma saca de café com a máquina sai por volta de R$ 5. Além do custo menor, o equipamento tem a capacidade de colher 60 sacas por hora.

A produção média do grupo para este ano está estimada em 45 sacas/ha. Souza espera colher, em 2,5 ha, em torno de 50 sacas/ha. O maior desafio do cafeicultor, conta, é adequar a lavoura à mecanização. Segundo ele, o espaçamento recomendado entre ruas é de 2,5 metros e entre plantas, 80 centímetros. "Se não mecanizar a colheita, a produção de café fica inviável."

O produtor Valdemar Kawata confirma que obter mão de obra na colheita está cada vez mais difícil na região. "Chamava dez pessoas para trabalhar e apareciam apenas cinco no outro dia", reclama. Neste ano de produção cheia, ele estima colher mais de 50 sacas/ha em uma área em produção de 16 ha. O produtor conta que em seis dias de trabalho consegue fazer a colheita com o equipamento. Se utilizasse o método manual, a colheita duraria em torno de 90 dias trabalhados. O cafeicultor Antonio Carlos de Carvalho também destaca que não é mais possível produzir café sem a mecanização. Neste ano, ele espera colher 200 sacas de café em uma área de cinco hectares.

Safra
O Paraná deve colher neste ano 1,2 milhão de sacas de café em uma área em produção de 44,54 mil hectares, contra 560 mil sacas produzidas no ano passado, quando a área em produção foi de 33,50 mil hectares, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Paulo Franzini, gerente da área de café do Deral, afirma que a geada que atingiu as lavouras cafeeiras em 2013 prejudicou a produção da safra passada. Neste ano, observa ele, a safra segue dentro da normalidade. Franzini explica que muitas áreas não chegaram a produzir devido aos efeitos da geada.
Ricardo Maia
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2