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Sanepar solicita 8% de reajuste extraordinário

Alta na tarifa deve chegar ao consumidor em setembro; empresa já teve um aumento anual de 12,5%

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Entre 2011 e 2015 a tarifa da Sanepar subiu 49,10% enquanto o IPCA foi de 30,63% no mesmo período
 
A Sanepar solicitou ao Instituto das Águas um aumento extraordinário de 8% das tarifas de água e do esgoto. Na prática, isso significa que o consumidor terá que arcar com mais um aumento das tarifas ainda este ano, a entrar em vigor, possivelmente, no mês de setembro. Neste ano, a empresa já teve um reajuste anual de 12,5% que começou a ser cobrado, parte em março e o restante em junho.

Ontem, o Instituto das Águas do Paraná, espécie de agência reguladora deste setor no Estado, divulgou uma nota técnica preliminar com as informações sobre a revisão tarifária extraordinária e o percentual de reajuste.

O diretor de investimentos da Sanepar, João Martinho, explicou que a empresa já teve um reajuste anual das tarifas calculado com base na inflação setorial que leva em conta custos dos serviços de água e tratamento de esgoto. Agora, segundo ele, este aumento extraordinário seria fruto do reajuste da energia elétrica. De acordo com ele, a energia representa cerca de 20% dos custos da empresa.

No ano passado, a empresa gastou R$ 206,114 milhões com energia e, neste ano, a estimativa é que esse valor seja de R$ 387 milhões ou 87,8% a mais que em 2014. Segundo ele, o reajuste de 8% cobre boa parte dos custos da Sanepar. No entanto, ele esclareceu que a companhia está absorvendo 60% dos custos que serão minimizados com a redução de outros gastos como contratações de novos funcionários e redução de despesas administrativas.

"Se não tiver outro aumento de energia, a tarifa de água não subirá mais neste ano além deste reajuste extraordinário", garantiu. Martinho explicou que o reajuste de 8% é necessário porque a empresa ficou cinco anos sem aumento das tarifas até 2010, com isso a companhia foi afetada financeiramente. "Mesmo com os reajustes dos últimos anos, a Sanepar ainda tem uma defasagem de 10% que a empresa está compensando com a melhoria da eficiência", disse.

Segundo a empresa, até junho, a correção nesse custo da energia variou entre 51,78% para ligações de energia de baixa tensão, até 60,58% para a alta tensão. Além disso, há outros dois fatores citados pela empresa: a cobrança da bandeira tarifária de R$ 5,50 para cada 100 kWh de energia consumida e a retirada de um desconto de 15% sobre essas bandeiras que beneficiava o setor de saneamento.

IMPACTO

O aumento extraordinário vai trazer impacto na inflação. O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, estima que o reajuste de 8% trará impacto de 0,14 ponto percentual para o IPCA de Curitiba, que acaba refletindo no Estado todo. Em Curitiba, o IPCA de maio foi de 0,76%. No ano acumula alta de 6,40% e, nos 12 meses encerrados em maio, a inflação atingiu 9,61%.

Silva lembrou que Curitiba já acumula um dos maiores índices de inflação do País. "A tarifa de água e esgoto é um custo fixo para o consumidor que terá que deixar de gastar com outras coisas para pagar contas como de água e energia", disse. Ainda segundo dados do Dieese, entre 2011 e 2015 a tarifa da Sanepar subiu 49,10% enquanto o IPCA foi de 30,63% no mesmo período.

MERCADO

Ontem, as ações preferenciais da Sanepar fecharam em R$ 4,38 na bolsa com queda de 2,01%. O consultor de investimentos Raphael Cordeiro disse que talvez o mercado tenha acreditado que o reajuste extraordinário seria maior. No entanto, ele lembrou que os papéis da companhia já valorizaram 15,50% só neste mês de julho. Ele acredita que este reajuste de agora seja necessário porque a empresa teve aumento de 4,64% no lucro líquido no ano passado, percentual que ficou abaixo da inflação. E a companhia tem necessidade de fazer investimentos constantes.

Se confirmada, está será a terceira alta na conta de água e esgoto no Paraná neste ano. Em fevereiro, o governo autorizou um reajuste de 12,5% nas tarifas da Sanepar, dividido em duas etapas. Um primeiro aumento, de 6,5%, ocorreu em março, e os 6% restantes foram repassados no início de junho.
Andréa Bertoldi
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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