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Brasil desenvolve primeiras variedades de soja transgênica

Londrina foi um dos principais campos experimentais para as novas cultivares tolerantes a herbicida lançadas pela Embrapa em parceria com a Basf

Ricardo Maia
Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse que essa "é mais uma alternativa para controlar as plantas daninhas"
Brasília - O Brasil poderá ter em campo na próxima safra a primeira variedade de soja brasileira 100% desenvolvida em solo tupiniquim. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Basf, acaba de lançar o Sistema de Produção Cultivance, que alia quatro variedades de soja geneticamente modificadas tolerantes a herbicidas da classe imidazolinas, voltadas principalmente para o controle de ervas daninhas.

As variedades fazem parte de um estudo em conjunto de quase 20 anos entre a empresa alemã e a entidade de pesquisa brasileira. As duas empresas investiram US$ 33 milhões no desenvolvimento do sistema que incluiu melhoramento genético, estudos científicos, desenvolvimento de produto, entre outros itens. Os últimos testes das cultivares transgênicas foram realizados na unidade da Embrapa Soja, em Londrina.

Edilson Cotelo, gerente de marketing da Basf, afirma que essas novas variedades são uma alternativa a mais para o produtor fazer rotação de tecnologia com o objetivo de evitar possíveis casos de resistência.

Vale lembrar que as novas variedades de soja do sistema Cultivance não são tolerantes ao herbicida Glifosato, um dos produtos, até então, mais utilizados no controle de plantas daninhas. Se o produtor aplicar o produto nessas novas variedades, por exemplo, elas irão sucumbir ao defensivo.

As oleaginosas foram aprovadas em 2009 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O pesquisador da Embrapa Carlos Alberto Arias revela que a BRS 397CV, de ciclo precoce, é a mais recomendada para a região Noroeste do Paraná, segundo maior estado produtor de soja do País, atrás somente do Mato Grosso.

Além desta cultivar, o sistema Cultivance é composto pelas variedades BRS 812CV, BRS 8082CV e a BRS 8482C. Todas elas estarão disponíveis para sementeiros parceiros da Basf já para a safra 2015/16. Para o ciclo 2016/17 outras quatro variedades semelhantes às atuais deverão ser lançadas. Segundo informações da multinacional, as cultivares irão atender principalmente a região Sul do País.

Cada variedade, porém, é adaptável a diferentes polos de produção de soja espalhados pelo País. Cotelo destaca que haverá para o produtor a cobrança de uma taxa da tecnologia, que ainda não foi definida. Ele afirma, contudo, que o sistema será altamente competitivo em relação às variedades RR (tolerantes ao Glifosato), que já não mais cobram royalty pela tecnologia. O valor das sementes deverá ser definido nos próximos meses.

Arias, da Embrapa, afirma que há cultivares que chegaram a atingir 3,5 mil quilos por hectare de produtividade. Contudo, ele salienta que quando as sementes estiverem no mercado, o índice irá depender da região onde elas serão plantadas.

NO CAMPO

Ademar Degeroni, diretor de pesquisas e desenvolvimento da Basf, avalia que a aliança entre as variedades geneticamente modificadas e o uso do herbicida Soyvance Pre, desenvolvido pela multinacional, controla plantas daninhas já emergentes e as que estão em processo de emergência. O especialista garante o livramento dessas ervas até o fechamento da lavoura. Depois desse período, o sombreamento no solo feito pelas folhas de soja impede o florescimento de plantas daninhas.

O Soyvance Pre controla tanto plantas de folhas largas quanto de folhas estreitas. Segundo Degeroni, a Buva, o Azevém e o Capim-Amargoso são as ervas invasoras que mais prejudicam o bom desempenho da soja brasileira. O especialista observa que uma nova tecnologia pode ajudar a quebrar a resistência de algumas dessas plantas a determinados produtos químicos.

Segundo dados da Embrapa Soja, o Brasil tem atualmente 34 casos de resistência a plantas daninhas. Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa em Londrina, reforça que plantas daninhas competem diretamente com a soja por luz, água e nutrientes.

* O repórter viajou a Brasília a convite da organização do evento

Ricardo Maia
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA


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