[Fechar]

Últimas notícias

Incra vai intermediar desocupação na Figueira

Órgão confirma que a fazenda destinada a pesquisas agropecuárias não integra as áreas para desapropriação

Ricardo Chicarelli
Os integrantes do MST que invadiram a propriedade em Paiquerê afirmam que preservarão a área destinada a pesquisas
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) confirmou que irá visitar a Fazenda Figueira, no distrito de Paiquerê, zona rural de Londrina, na tarde de amanhã para levantar informações sobre a situação do local e mediar as negociações entre a administração e as lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ocuparam a fazenda experimental utilizada por universidades no setor de pesquisa.

A assessoria de imprensa da Superintendência Regional do órgão, em Curitiba, informou que o ouvidor agrário regional Raul Dergole deve ser acompanhado pela Assessoria Especial para Assuntos Fundiários no Governo do Estado. Ainda de acordo com o Incra, a última certificação da Fazenda Figueira foi realizada em 2010 com informações enviadas pelos responsáveis pela área de aproximadamente 3,5 mil hectares. O Incra também confirmou que a fazenda, distante 55 km de Londrina, não integra as áreas para desapropriação no Norte do Paraná.

Enquanto isso, mais de 1.300 famílias permanecem no acampamento montado no local desde a última segunda-feira. Integrante da coordenação estadual do MST, Ângela Pascoal argumenta que parte da área foi arrendada para terceiros e pode ser desapropriada para assentamento das famílias, que permaneceram acampadas por 90 dias na beira de uma estrada rural em Tamarana, na região de Londrina.



Questionada sobre a utilização da área para pesquisas, ela respondeu que é possível conciliar o trabalho dos assentados com os estudos agrários da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq). "Os pequenos agricultores também podem ter acesso às técnicas e pesquisas para melhorar a produção no campo para a sobrevivência das famílias assentadas. Nós sabemos da utilização no setor de pesquisa e não queremos ocupar essas áreas", disse. Ela também lembrou que a ocupação foi pacífica, mas que a liderança do movimento ainda não foi procurada pela administração do local. "Estamos em contato apenas com as 14 famílias que vivem na Fazenda da Figueira", acrescentou.

Carmen Isabel Ledo, agricultora do distrito de Lerroville, ficou no acampamento em Tamarana por 60 dias antes da ocupação na Fazenda Figueira. "Eu só quero um pequeno pedaço de terra para construir uma casa de madeira e cuidar das galinhas e dos porcos. Faz dois dias que não tomo banho, mas vale a pena lutar pelo que a gente acredita", afirmou. Desde 2013 em acampamentos com o MST, Sebastião Dias da Silva lembrou do assentamento na Fazenda Guairacá, na zona rural de Londrina, onde vivem cerca de 500 famílias. "Nós queremos um pedaço de chão e não importa a localização. Esse é o sonho de todo mundo", disse o agricultor.
Rafael Fantin
Reportagem local-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2