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Futebol - LEC terá nome limpo em dois anos e meio

Presidente fala do processo de quitação das dívidas do clube e dos planos para o futuro, que incluem um museu e um CT para as categorias de base

Marcos Zanutto
Felipe Prochet, presidente do Londrina Esporte Clube

Seis anos após sofrer uma inédita intervenção judicial no futebol brasileiro, o Londrina respira mais aliviado depois de ter conseguido pagar grande parte da sua dívida, que ultrapassava R$ 26 milhões em 2009.

Sem riscos de penhoras e bloqueios, o presidente Felipe Prochet, de 30 anos, revelou em entrevista à FOLHA planos para 2016, quando o LEC completa 60 anos, como a inauguração de um museu e uma loja oficial e o início da construção de um centro de treinamentos para as categorias de base.

O renascimento do Alviceleste muito se deve à parceria firmada com a empresa SM Sports no fim de 2010, para a gestão do futebol. Em cinco anos, o time saiu da Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense para a Série B do Brasileiro, processo que garantiu recursos importantes para o clube pagar as dívidas.

A parceria com Sérgio Malucelli vai até 2020 e, apesar da aparente tranquilidade administrativa que vive o clube, Felipe Prochet é enfático em afirmar: "O Londrina não tem condições de andar sozinho daqui a cinco anos".

O presidente aborda ainda temas como a recuperação do estádio Vitorino Gonçalves Dias (VGD), a sua candidatura à reeleição em 2016 e o processo de intervenção judicial no clube.

O Londrina vai conseguir quitar todas as dívidas em quanto tempo?

Se não aparecer nada novo, em dois anos e meio estará tudo quitado. No mês passado, nós liquidamos mais de R$ 2 milhões de IPTU. As dívidas com o governo federal estão parceladas, através da Timemania. Estamos na 14ª parcela de 50, o valor total era R$ 8,3 milhões referentes a 36 ações e caiu para R$ 3,5 milhões. Demos R$ 1,5 milhão à vista e parcelamos R$ 2 milhões. Na Timemania, fizemos o parcelamento basicamente no valor que recebemos. Recebemos em média R$ 60 mil e pagamos R$ 44 mil. Hoje temos FGTS, estamos analisando se é devido, já que tivemos os acordos trabalhistas e a gente acredita que dá para diminuir também este valor, que é de R$ 3 milhões. Existe ainda uma conta grande para pagar que é (relativa a) uma ação popular contra o Londrina, o ex-prefeito Antônio Belinati e o Célio Guergoletto, que era o gestor do clube na década de 1990, que é de R$ 4,5 milhões. Foi um recurso que foi repassado para a Copa Cidade de Londrina, de R$ 480 mil na época. De dívida trabalhista, que tinha 170 ações, em um total de R$ 7,5 milhões, faltam apenas cinco ações, que estão em fase de julgamento, que representam R$ 300 mil.

O VGD é um patrimônio da cidade e do clube. O estádio enfrentou muitos problemas de administração nos últimos anos e está interditado desde 2009. Qual é o pensamento do clube para o local?

Desde que o Londrina fez o pedido para a prefeitura de concessão do VGD, em nenhum momento foi pensado que o LEC voltaria a jogar no estádio como um local fixo. O objetivo sempre foi para poder ter (ali) a base. No ano que vem, vamos passar por uma reformulação na base, o que acho que vai ser muito bom para o clube, e deixar o VGD em condições para ser um estádio auxiliar para qualquer clube da cidade que precisar mandar seus jogos e até para o Londrina, como provavelmente vai acontecer no ano que vem.

E o planejamento de construir o museu e a loja do Londrina?

Reformamos e ampliamos a parte administrativa, com a construção de uma sala para o conselho, inaugurada em março deste ano. Queremos inaugurar o museu antes do aniversário de 60 anos do Londrina. Começamos fazendo devagar porque não tínhamos muita coisa da história do Londrina. A imprensa tem mais material do clube que o próprio Londrina. Nós não tínhamos nada, meia dúzia de quadros e mais nada. Dilapidaram o patrimônio por completo. Não tem troféu de um monte de campeonato que o Londrina ganhou. Só dos principais e mesmo assim quebrados. A próxima etapa é a inauguração da loja, e já temos várias empresas licenciadas para produzir produtos exclusivos do Londrina.

O senhor pensa em aumentar o patrimônio do clube com a construção de um CT, de uma nova sede administrativa ou social?

Já tivemos negociação com o Canadá Country Club, a intenção era fazer uma fusão. O patrimônio do Canadá e o Londrina assumindo a dívida. Infelizmente, o nosso cobertor é curto ainda. Não dá para pagar as nossas contas e ainda assumir as dos outros. Sede social não é prioridade. Um CT para a base, já estamos negociando alguns terrenos interessantes: um em Londrina, um em Cambé, um em Sertanópolis e outro em Rolândia. Quatro áreas com valores que cabem no nosso orçamento, a partir do ano que vem, e que os proprietários aceitaram parcelamento. Destas quatro áreas, três já estão quase que prontas para um CT. Duas delas têm alojamento e campo, isso diminuiria esses custos. Uma está preparada, mas não tem infraestrutura, e a outra é só o terreno. É só a gente saber quanto vamos receber da Série B para podermos planejar. Com todos que estamos negociando, pedi para aguardar até janeiro e fevereiro do ano que vem, que vamos voltar a negociar.

O senhor é candidato à reeleição no fim do ano que vem?

Eu, provavelmente, vou sair, sim, (candidato) à reeleição. Tive uma conversa com o Sérgio (Malucelli), no começo eu não era o candidato dele, todos sabem, mas hoje o nosso relacionamento é bom e ele já me pediu para continuar à frente do clube, pelas coisas que estamos fazendo juntos. É uma sequência da gestão do Claudinho (Cláudio Canuto, presidente anterior) e ele pediu para continuar e vou continuar, sim.

A parceria com a SM Sports está completando cinco anos, metade do tempo de contrato. Qual a sua avaliação deste período?

O resultado fora de campo é o reflexo do que acontece no gramado. Em um clube de futebol, tudo o que vem é pelo campo. A gente não tem nem o que falar da gestão da SM. Pegou um time na segunda divisão do Estado, foi campeão paranaense, dois acessos consecutivos no Campeonato Brasileiro. Agora a gente só tem que esperar que ele chegue à Série A e encha os cofres do Londrina. É a única coisa que falta. O Londrina nunca conseguiria o que o Sérgio conseguiu se fosse tocar com pessoas daqui. Podia ser quem fosse, que não conseguiria fazer isso. Conseguiu fazer uma coisa que em tantos anos de Londrina nunca ninguém viu. Sem enfrentar briga política, ele tem uma tranquilidade para trabalhar, que o negócio é dele. Em cinco anos, um técnico só, a equipe técnica é praticamente a mesma, muitos jogadores estão desde o começo, os que começaram estão em times grandes hoje e ele tem parceria na maioria. Ou seja, o Londrina tem percentual a receber. É só elogio. Não tem o que falar.

Daqui a cinco anos, o senhor acredita que o Londrina tem condições de seguir sozinho ou vai trabalhar para a parceria ser renovada?

O Londrina não tem condições de andar sozinho daqui a cinco anos. Com o custo que envolve o futebol, não tem. Eu espero que logo, logo o Sérgio nos procure ou nós o procuremos para renovar por mais um tempo a parceria. Isso depende da vontade dele. Pelo contrato, ele tem a preferência para renovar por mais dez anos. Qualquer oferta que vier ele tem o direito de cobrir. Eu acho que é válido para o Londrina já começar a pensar em uma renovação de contrato. Eu acho que é o momento de começar a avaliar.

Quando deve terminar a intervenção judicial no clube?

Tem um caminho grande ainda a ser cumprido. Acredito que em dois anos e meio, se estiver tudo quitado, não tem mais motivo para a intervenção. Mas ela é uma grande responsável pelo Londrina estar onde está hoje. Se não tivesse o apoio da Justiça, o clube não estaria desta forma, não. Até segurando a barra e trabalhando junto, o doutor Reginaldo (Melhado, juiz do Trabalho), o doutor Heiler (Natali, procurador do Trabalho), se não tivesse eles, a briga poderia ser maior.
Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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