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(23-11-2015) Macri é eleito presidente da Argentina e põe fim a 12 anos de kirchnerismo

Adversário reconheceu derrota com 68,67% dos votos apurados.
Engenheiro de 56 anos é prefeito de Buenos Aires e líder de centro-direita.

Do G1, em São Paulo
Mauricio Macri acena para os integrantes da coalizão Cambiemos na sede de sua campanha, em Buenos Aires, após ser eleito presidente da Argentina no domingo (22) (Foto: Reuters/Enrique Marcarian)Mauricio Macri acena para os integrantes da coalizão Cambiemos na sede de sua campanha, em Buenos Aires, após ser eleito presidente da Argentina no domingo (22) (Foto: Reuters/Enrique Marcarian)
O empresário Mauricio Macri, 56 anos, é o novo presidente da Argentina. Atual prefeito de Buenos Aires, ele é ex-presidente do clube Boca Juniors e líder de uma frente de centro-direita. Macri foi eleito neste domingo (22), na primeira vez na história do país em que uma eleição presidencial foi decidida no segundo turno, e vai governar por quatro anos. Ele irá assumir a presidência no dia 10 de dezembro deste ano.
Mauricio Macri comemora com sua mulher, Juliana Awada, e sua filha, Antonia (Foto: Cambiemos / via AFP Photo)Mauricio Macri comemora com sua mulher, Juliana Awada, e sua filha, Antonia (Foto: Cambiemos / via AFP Photo)
Às 5h45 (horário de Brasília), com 99,17% dos votos apurados, Macri tinha 51,40%(12.903.301 votos), e Scioli, 48,60% (12.198.441 votos), segundo a comissão eleitoral.
A vitóira de Macri foi confirmada às 21h43 (horário de Brasília), quando com 63,26% dos votos apurados, ele alcançou 53,50% (8.524.551 votos), e Scioli, 46,50% (7.410.389 votos). Neste momento, o chefe do órgão eleitoral argentino afirmou que a tendência a favor de Macri era irreversível.
Por volta das 22h20, Daniel Scioli, telefonou para o adversário e admitiu a derrota, de acordo com o jornal "Clarin". Os dois são amigos de longa data e Scioli afirmou que Macri era um "justo ganhador".
Macri beija sua mulher Juliana (Foto: Cambiemos / via AFP Photo)Macri beija sua mulher Juliana (Foto: Cambiemos / via AFP Photo)
O resultado após a realização do inédito segundo turno gerou festa entre os apoiadores de Macri e lágrimas entre eleitores de Daniel Scioli - candidato apoiado pela presidente Cristina Kirchner, que governa o país desde 2007 e é viúva do falecido presidente Néstor Kirchner (2003-2007). A Argentina teve 12 anos de kirchnerismo no poder.
O índice de participação chegou a 78% dos mais 32 milhões de eleitores no segundo turno, o primeiro da história argentina.
Esta é a primeira vez um líder da direita liberal chega ao poder pelas urnas em eleições livres, sem o apoio de uma ditadura, fraudes ou candidatos proscritos.
Em sua vida democrática, a Argentina apenas teve no poder a alternância entre o Partido Justicialista (PJ, peronista) e a UCR.
Discurso
De camisa azul, calça bege e sem paletó e gravata, Macri discursou e dançou, como costuma fazer ao final de cada ato político. "Quero agradecer aos argentinos que saem todos os dias para trabalhar, que acreditam no trabalho e não na mania de tirar vantagem", disse.
Macri afirmou que a mudança que a Argentina tem pela frente "não pode ser parada por revanches" e pediu a participação de "todos", inclusive de quem não votou nele, para "encontrar o caminho do desenvolvimento".
"É um dia histórico. Uma mudança de época. Um tempo que não pode deter-se em revanches ou ajustes de contas. Construir uma Argentina com pobreza zero, derrotar o narcotráfico e melhorar a qualidade democrática", afirmou para milhares de simpatizantes, em uma verdadeira festa de comemoração.
Macri fez ainda um pedido aos que não votaram nele: que o apoiem, porque governar requer respaldo. "Os que não votaram na gente, que se juntem a nós, porque é para melhorar a vida de todos", afirmou. E acrescentou: "Peço que não me abandonem porque as mudanças começam no dia dez de dezembro".
"Vocês hoje tornaram possível o impossível com seu voto, o que ninguém achava, e peço a Deus que me ilumine para poder ajudar cada argentino a encontrar sua forma de progredir, de ser feliz", disse Macri, exultante, festejando junto com sua mulher, Juliana Awada, e filha, Antonia, de quatro anos.
Simpatizantes de Macri festejam no centro de Buenos Aires (Foto: Emiliano Lasalvia / AFP Photo)Simpatizantes de Macri festejam no centro de Buenos Aires (Foto: Emiliano Lasalvia / AFP Photo)
Scioli
Amigo de Scioli, Macri esperou o candidato de Cristina Kirchner reconhecer a derrota. Scioli ligou para o amigo de longa data antes de admitir a derrota em um discurso transmitido pelas televisões locais. "Se o país optou por uma mudança, espero que essa mudança seja para o bem do nosso povo. Peço a Deus que ilumine o Macri", afirmou Scioli.
Assim que Scioli falou, jovens que o apoiavam o choraram diante das câmeras de televisão. Eles estavam reunidos desde cedo na Praça de Maio.
A presidente Cristina Kirchner ligou para Macri para felicitá-lo e os dois concordaram com uma reunião na terça-feira na residência oficial de Olivos, segundo o canal C5N.
Apoiadores da coalizão Cambiemos comemoram a vitória de Mauricio Macri no segundo turno das eleições presidenciais da Argentina, em Buenos Aires, no domingo (22) (Foto: AFP Photo/Cambiemos - Tony Valdez)Apoiadores da coalizão Cambiemos comemoram a vitória de Mauricio Macri no segundo turno das eleições presidenciais da Argentina, em Buenos Aires, no domingo (22) (Foto: AFP Photo/Cambiemos - Tony Valdez)
Esta é a primeira vitória, desde que se instituiu o voto, em 1916, de um candidato civil que não pertence nem ao partido peronista nem ao radical social-democrata, as duas grandes forças populares, em 100 anos de vida política na Argentina.
O atual governo deixa uma economia com sinais de crescimento frágil, de 2,2% no primeiro semestre, uma inflação superior a 20% e reservas reduzidas no Banco Central.
O consumo é sustentado com programas de incentivos e ajustes de salários em negociações livres sindicatos-empresas.
Os Kirchner decidiram estatizar novamente empresas de serviços e nacionalizar o setor de petróleo. Também definiram 93% da dívida em 'default' desde 2001.
Mas 7% dos credores, os fundos especulativos (abutres), representam um duro litígio em Nova York.
Em 12 anos, foram criados 5 milhões de empregos, estimulou-se a ciência e a tecnologia, e milhares de pessoas recebem subsídios e aposentadorias especiais do governo.
Daniel Scioli é abraçado por sua mulher, Karina Rabolini, após discursar reconhecendo sua derrota no segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, em Buenos Aires, no domingo (22) (Foto: AP Photo/Ivan Fernandez)Daniel Scioli é abraçado por sua mulher, Karina Rabolini, após discursar reconhecendo sua derrota no segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, em Buenos Aires, no domingo (22) (Foto: AP Photo/Ivan Fernandez)
Mudanças
Conservador, Macri defende a abertura de investimentos estrangeiros, a diminuição da inflação para um dígito em dois anos e o levantamento dos limites das exportações do setor agropecuário. Também diz que vai criar uma agência nacional contra o crime organizado e desenvolver um sistema de estatísticas criminais.
Acusado de formação de quadrilha em um caso de espionagem ilegal, Macri tentou fazer com que a justiça argentina suspendesse o processo durante a campanha, mas não conseguiu. Filho de um conhecido empresário, sua passagem à política aconteceu também após se tornar uma figura conhecida no âmbito esportivo: foi presidente do Boca Juniors. Durante a campanha, tentou se desprender da imagem de empresário milionário e capitalista.

Veja o que o novo presidente argentino eleito defende em relação a temas-chave:
Selo eleições Argentina (Foto: G1)
Eliminará a banda cambial assim que assumir. Propõe abrir a economia. Nega uma 'mega-desvalorização' e diz que o atual governo "já desvalorizou de 3 para 15 pesos", atual preço do dólar no mercado paralelo. Considera que o preço do dólar deve ser fixado "pelo mercado". Afirma que vai liberar as importações e eliminar as retenções sobre as exportações agrícolas, exceto a soja. Promete chegar à "pobreza zero" com crescimento e obras de infraestrutura. Pagará os fundos especulativos para voltar aos mercados financeiros.

Selo eleições Argentina (Foto: g1)
Durante a campanha prometeu ampliar os auxílios às famílias e manter os programas sociais. Defende as empresas estatizadas (YPF e Aerolíneas Argentinas) mas votou contra a estatização. Reduzirá o gasto público e eliminará subsídios aos serviços de luz, água e gás.

Selo eleições Argentina (Foto: G1)
Promete uma virada na política externa. Buscará retomar as relações com os Estados Unidos e a Europa como prioritárias. Revisará a aproximação com China e Rússia, países que Kirchner converteu em sócios estratégicos. Quer "descongelar" as relações com Grã-Bretanha, abaladas pelo conflito envolvendo as Ilhas Malvinas. Defende o "abandono do eixo bolivariano" e o pedido para que o Mercosul execute a "cláusula democrática" para suspender a Venezuela.

Selo eleições Argentina (Foto: G1)
Defende a eliminação dos acordos paritários e a remuneração da produtividade com base nos empregadores. Promete devolver o imposto de renda pago pelos trabalhadores.

Selo eleições Argentina (Foto: G1)
Uma vez defendeu "deixar de olhar para trás e acabar com a questão dos direitos humanos", mas na campanha negou terminar com os julgamentos.
FONTE - GLOBO.COM
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