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Depois da tempestade, a burocracia

Municípios que tiveram situação de emergência reconhecida pela União reclamam de falta de ajuda; de 50 cidades afetadas no ano passado, apenas sete receberam repasses diretos para reconstrução

Ricardo Chicarelli/15-7-2015
Em Francisco Beltrão, tornado destruiu cerca de 200 casas, causando prejuízo de R$ 5 milhões
Sergio Ranalli/13-1-2016
Queda de ponte na Rodovia Mábio Gonçalves Palhano foi um dos estragos provocados pela chuva em Londrina

De 50 cidades paranaenses atingidas por temporais, granizo ou tornados no ano passado, apenas sete receberam repasses diretos do Ministério da Integração Nacional (MIN) para obras de reconstrução. Em vários municípios a reclamação é a mesma: mesmo após o reconhecimento da situação de emergência ou, em casos mais graves, de estado de calamidade pública, nenhuma verba foi destinada pelos governos federal e estadual.
Francisco Beltrão, polo da Região Sudoeste, com 86 mil habitantes, teve parte da zona urbana e várias comunidades rurais assoladas por um tornado em julho do ano passado. Cerca de 200 casas foram destruídas e os prejuízos foram estimados em R$ 5 milhões. Nove meses depois, os moradores ainda lutam para recuperar os estragos sem qualquer tipo de ajuda efetiva. De acordo com a secretária executiva da Defesa Civil Municipal, Esmeralda Gusmão, com exceção dos kits de ajuda humanitária, nos dias seguintes à passagem do tornado, o município não recebeu um centavo de ajuda.
"O processo ainda está aberto no Ministério da Integração Nacional. Toda semana eles nos ligam para saber se houve alguma alteração na situação, mas nada além disso", comenta. Segundo ela, muitas das pessoas que tiveram as casas destruídas fizeram reparos improvisados, à espera de ajuda. "Eles me veem na rua com a camisa da Defesa Civil e cobram ajuda porque sabem do reconhecimento por parte da União. Não sei mais o que dizer, é uma situação muito delicada", expôs.
O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), também reclamou da falta de apoio na reconstrução da cidade, afetada por um temporal em janeiro deste ano. Os prejuízos foram estimados em R$ 95 milhões. "A nossa expectativa é que esse esforço de reconstrução da cidade contasse com apoio dos governos federal e estadual. Investimos muitos recursos próprios no que perdemos com as chuvas de janeiro e esperamos uma contrapartida, o que até agora não aconteceu."
Na época, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, sobrevoou a região e já adiantou que não seria possível atender todos os pedidos da Prefeitura. As tentativas de conseguir ajuda com o governo estadual também não surtiram resultado. "Recebemos uma carta da Defesa Civil Estadual dizendo que o governo do Estado aguarda os repasses federais vinculados à Defesa Civil, ao Ministério da Integração, para poder fazer algum tipo de repasse ao município. Percebemos que o Estado só fará algum tipo de contribuição via governo federal. A nossa expectativa era diferente", lamenta.
Os trâmites burocráticos também são alvo de críticas por parte do responsável pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina), Dorival Pereira Duarte. A cidade constantemente registra enchentes na região do Ribeirão Jataizinho, que tem as águas represadas durante as cheias do Rio Tibagi. "Toda vez é a mesma coisa. Passamos dias fotografando os estragos, comprovando prejuízos. Quando fechamos o valor, não recebemos nem 10% do apresentado", critica.

REPASSES
O Ministério da Integração Nacional se manifestou por meio de nota e informou que, somente no ano passado, R$ 41,7 milhões foram destinados ao Paraná por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec). A nota cita que a quantia incluiu ajuda por meio de envio de kits de ajuda humanitária, que incluem cestas de alimentos, higiene e limpeza, além de recursos financeiros para restabelecimento de serviços essenciais e apoio militar.
Do total dos recursos destinados para ações de socorro e assistência e reconstrução de áreas públicas danificadas, R$ 37,4 milhões foram repassados ao governo estadual e R$ 4,3 milhões divididos entre os municípios de Flor da Serra do Sul, Foz do Iguaçu, Ipiranga, Laranjeiras do Sul, Nova Esperança, Inácio Martins e São Jorge D’Oeste.
Celso Felizardo
Reportagem Local
folha de londrina

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