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Sem aulas, estudante da Uerj vende mate para conseguir renda extra

 Olha o mate!" Só de ler, é quase imediata a reprodução mental da frase. O som é tão comum aos ouvidos cariocas que poderia ser considerado patrimônio do Rio. Só que reproduzir a frase na cabeça e sentir na pele o que passa um "mateiro" são coisas bem diferentes. O estudante de engenharia da Uerj Bruno Strozda, de 24 anos, conta ao G1 que vender mate nunca esteve em seus planos até o bolso apertar e ele precisar de uma renda extra.
"Nunca me imaginei vendendo mate na vida. Inclusive, na semana anterior que surgiu essa oportunidade, eu vim à praia com duas amigas e comprei um mate. O rapaz que veio me atender estava com um semblante bem exausto, e eu ainda perguntei a ele como era vender mate e se valia a pena. Ele falou que era bem cansativo, mas que acrescentou dizendo: 'Quando a praia é boa, vale a pena'", conta o universitário.
Antes de vender mate na praia, o estudante montou uma venda de quentinhas na Uerj. O point gastronômico era chamado de "Fora, Fome", mas Bruno teve que "fechar as portas". Por conta da crise estadual, a universidade está há meses sem aulas, e o estudante ficou sem sua única fonte de renda. Com a queda na demanda, não valia mais a pena ir à universidade vender comida. Em bons dias, ele chegava a vender entre 60 e 70 quentinhas por dia. Na praia, a história é bem diferente.
A nova rotina de Bruno envolve sair de Irajá, bairro da Zona Norte da cidade, encarar o metrô lotado e chegar à Praia do Leblon. Para isso, levanta às 6h e só começa a se preparar para voltar para casa depois das 18h. Fora o trajeto no transporte público, que pode demorar até três horas ida e volta, ele anda por aproximadamente oito horas com dois galões que estima pesarem - cada um - 15 kg.
Se o peso não é problema, o calor do verão carioca pode ser um adversário mais implacável. O jeito é (tentar) ignorar os quase 40º C diários para andar cerca de 8 km pelas areias e atender aos sedentos clientes.
Apesar do calorão, uma das vantagens de se trabalhar na praia, diz ele, é poder parar o expediente para um mergulho de vez em quando. Mas é "jogo rápido", afinal, Bruno conta que o segredo mesmo é não ficar parado.
Todo dolorido, destruído. Mas, não me comprometi? Vou lutar.
"Não pode ficar parado. Quem ficar parado não vai conseguir nada. Ninguém vai lá na tendinha comprar comigo. E a concorrência tá aí na pista, é grande. Então, tem que andar. E não tem essa de cansaço. Cheguei no primeiro dia em casa, fui na farmácia e comprei uma cartela de Dorflex (relaxante muscular). No primeiro dia já foram três para tentar aliviar a dor. Aliviou, dormi, acordei no dia seguinte parecendo que eu tinha malhado um mês em um dia. Todo dolorido, destruído. Mas, não me comprometi? Vou lutar."
Entre outras dicas que têm aprendido na arte da venda de mate, existe uma pequena que ele leva no pescoço. A toalha úmida que carrega é um dos truques de vendedores mais experientes, de quem tem absorvido muito. O pano molhado é fundamental para que as alças dos galões não escorreguem dos ombros.
Esta é a segunda semana de Bruno como "mateiro". Em seus primeiros sete dias, o faturamento chegou a R$ 800. Ainda que tenha que dividir 50% de tudo o que ganha com o chefe, ele garante que o trabalho vale a pena.
"É melhor pingar do que secar", brinca. Apesar disso, o jovem afirma que o ofício com o mate é algo provisório. O objetivo dele é conseguir um estágio na área que estuda, algo que busca há mais ou menos um ano.
Estudante da Uerj, Bruno Strozda supera crise vendendo mate na praia (Foto: Reprodução TV Globo)Estudante da Uerj, Bruno Strozda supera crise vendendo mate na praia (Foto: Reprodução TV Globo)
Estudante da Uerj, Bruno Strozda supera crise vendendo mate na praia (Foto: Reprodução TV Globo) FONTE - GLOBO.COM

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