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Região cobra debate para discutir futuro do Iapar

Lideranças políticas e do agronegócio londrinenses cobraram nesta semana explicações do governo do Estado e um debate mais amplo com a sociedade antes da decisão de fundir ou incorporar o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) a órgãos como o Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), a Codapar (Companhia de Desenvolvimento do Paraná) e o CPRA (Centro Paranaense de Referência em Agroecologia). O temor é pelo esvaziamento do órgão de pesquisa sediado na cidade e que foi uma conquista obtida nos anos 70, que também permitiu a atração de outras referências na área como a única sede da Embrapa Soja no País.

O governador Ratinho Jr confirmou na quinta-feira (3) o interesse na reestruturação dentro da pasta durante a posse do novo secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, na sede do Emater, em Curitiba. O objetivo é reduzir a máquina pública e torná-la mais eficiente, mas há dúvidas sobre como esse processo pode afetar a pesquisa e a extensão rural. Em entrevista, porém, Ortigara disse que o processo não é definitivo e que vai ouvir a comunidade científica e agropecuária antes de bater o martelo sobre a questão.

Em nota, a diretoria do Iapar, que foi exonerada na quinta-feira, questionou o risco de "sepultar" uma marca que trouxe tantos benefícios econômicos para o Estado. "Sempre lembramos que a criação do Iapar foi uma luta da comunidade regional que, nos anos 1970, se uniu para que o Paraná tivesse sua pesquisa própria, para promover a diversificação e modernização tecnológica da Agricultura, sob a liderança de pessoas e entidades como Celso Garcia Cid, Francisco Sciarra, João Milanez, Sociedade Rural do Paraná, Associações de Agrônomos e tantas outras", citou em texto no site do órgão.

A reclamação sobre falta de condições adequadas e de quadro de funcionários aquém do necessário não é nova no Iapar, que buscou PPPs (parcerias público-privadas), entre outras medidas, para financiar parte das próprias atividades. Os próprios ex-diretores reconheceram, na nota de despedida, a necessidade de um rearranjo para impulsionar o órgão, mas se disseram surpresos pela falta de debate.

Ortigara, porém, disse que debateu no fim do ano passado o tema com cinco diretores do Iapar, durante o governo de transição. Ele afirmou que é preciso separar eventuais corporativismos nesse debate. "Não desconhecemos eventuais estresses, mas isso veio a público prematuramente, porque estamos apenas discutindo de forma interna, para na sequência debater com agentes, pesquisadores, técnicos e, depois, com a sociedade, sindicatos, federações e cooperativas rurais. Porque, além da redução de custos, queremos ampliar o nível de planejamento, articulação, fazer uma coisa mais funcional."

Apesar do interesse em discutir, Ortigara deu dois meses de prazo para a decisão final. "Tem de estar pronto até o fim de fevereiro, sim ou não. É a segunda onda da modernização do Estado, porque a primeira foi a redução do número de secretarias, a segunda será da autarquias e a terceira, de empresas públicas."

REUNIÃO NA TERÇA-FEIRA
O presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Afrânio Brandão, disse que não rejeita a ideia de reduzir custos da máquina pública. "O que me causa estranheza e insatisfação é que tomem essa medida, sobre um instituto com a importância do Iapar, sem consultar a sociedade londrinense."

Brandão lembrou da atuação da SRP para trazer à cidade o órgão de pesquisa e disse que é necessário que todas as lideranças políticas londrinenses precisam entrar nessa discussão. "Não pode tirar Londrina do contexto do Estado, afastar daqui a direção do Iapar. Não se trata de criar cargos, mas de participação, de sermos ouvidos."

O deputado estadual Tercílio Turini (PPS) afirmou que já marcou para às 15 horas desta terça-feira (8) uma reunião com o governador, no Palácio Iguaçu, e que contará com a participação de todos os representantes da cidade para debater esse e outros assuntos. "É normal querer enxugar a máquina pública", disse. "Mas o Iapar é o único órgão estadual com presidência fora de Curitiba e, junto à Embrapa Soja e à SRP, teve uma contribuição enorme para o desenvolvimento da cidade. Queremos que continue em Londrina."

Para o deputado estadual Tiago Amaral (PSB), a preocupação com o esvaziamento do Iapar vem de ao menos três anos e o debate sobre uma fusão de autarquias não é novo. "O problema é que nunca ficou claro o que se fará para atender as demandas do Iapar e catapultar a pesquisa", disse. "Londrina vive um boom de desenvolvimento em inovação e o Iapar é um agente desse processo. Não pode ser um debate fechado", completou.


Fábio Galiotto /Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA


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