A África em Nova Santa Bárbara

Assistir à tradicional Corrida de São Silvestre, no próximo dia 31, terá um motivo especial para os pouco mais de quatro mil habitantes da pequena Nova Santa Bárbara, a 76 Km de Londrina, no Norte do Paraná. Diferente do resto do País, que torce sempre para ver brasileiros no lugar mais alto do pódio, a torcida dos barbaraenses é por um grupo que vive dando trabalho aos representantes nacionais: os africanos. Nova Santa Bárbara foi a cidade que o treinador Moacir Marconi, o Coquinho, escolheu para instalar a equipe Fila de atletismo. Há oito anos, o grupo comandado pelo técnico, natural de Alto Paraná, e que tem nos atletas do Quênia e da Tanzânia suas principais figuras, representa o município nas provas mais importantes da modalidade no Brasil e no mundo. ''Hoje, Nova Santa Bárbara é conhecida no mundo inteiro'', diz Coquinho. O sucesso desses guerreiros africanos conquista cada vez mais a cidade, que sempre se reúne à frente da TV no último dia do ano para torcer pelos quenianos. Proprietária de um mercado da cidade, Mara Rui conta ter deixado a torcida pelos brasileiros de lado pelos seus ''quenianinhos'', como ela mesmo gosta de chamá-los. ''Aqui a torcida é toda deles. Já fazem parte da família. Tem gente que vem de fora e nem acredita que eles treinam aqui. Ficam parados, olhando e pedem até para tirar foto'', revela Mara. ''Eles já se tornaram ídolos aqui da cidade'', emenda o sobrinho de Mara, Éderson, que trabalha no açougue do pequeno mercado. Em 2011, na edição 87 da maior corrida do País, será fácil torcer para os nove africanos - dois tanzanianos e sete quenianos - da equipe paranaense. Isso porquê eles estão no pelotão de elite e entre os favoritos para cruzar a linha de chegada em primeiro lugar. Entre as mulheres, a queniana Nancy Kipron, 31, chega pela segunda vez para a prova no pelotão dos favoritos. Em 2008, ela esteve muito perto de confirmar a vitória, mas um tombo e uma fratura no braço a fizeram abandonar. Desta vez, ela acredita estar ainda mais preparada para realizar o sonho de vencer a São Silvestre. ''Na última vez que fui à São Silvestre (em 2008), vim muito tempo antes, competi muito antes da prova e já estava cansada. Este ano, fiz apenas três provas, estou bem preparada e acredito que posso fazer meu melhor resultado na São Silvestre'', compara a africana, que já treina com Coquinho há seis anos. Na ala masculina, 2011 foi o ano do queniano Barnabás Kosgei, 29. Desde janeiro, o corredor vem mantendo um desempenho impressionante e ganhou, entre outras provas, a Volta da Pampulha e a Corrida de Reis. Vice campeão da São Silvestre em 2010, o africano sonha com o título da prova paulista para fechar o ano com chave de ouro. Além de Nancy e Barnabás, mais dois quenianos da equipe chegam para a prova com status de favoritos. Mark Korir, 23, e, Eunice Kirwa, 27, atuais campeões e recordistas da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, treinam na altitude queniana de 2,4 mil metros acima do nível do mar e só vem ao Brasil dois dias antes da prova. ''Já há dois anos, ela (Eunice) ganha tudo o que disputa, no Brasil e chega muito forte para a São Silvestre'', aposta ÿ00Coquinho. A equipe Fila que vai à edição deste ano da prova em São Paulo ainda item: Nelson Mbuya, Natália Sulle, Jonah Kemboi, Nicholas Keter e Bornes Kitur. Agora é esperar a hora da largada. E uma coisa já é certa: torcida em Nova Santa Bárbara não vai faltar.
FONTE - FOLHA DE LONDRINA - NORTE PIONEIRO - 28/12Rafael Souza Reportagem Local