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A força do cooperativismo

''Um grupo reunido é capaz de mudar o sentido do mundo'', diz o produtor Sérgio Munhoz, cooperado da Integrada e do Sicredi União

Refinaria de óleo de soja e fábricas de gordura hidrogenada e margarina são algumas das apostas da Coamo para se manter firme e competitiva no mercado



Elas são apenas 240 entre as cerca de 800 mil empresas paranaenses, mas juntas faturaram R$ 30 bilhões no ano passado, valor que representa 12% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Esse setor no Paraná tem muito a comemorar em 2012, quando se comemora o Ano Internacional das Cooperativas definido pela ONU. Em todo o Estado, são mais de 680 mil cooperados. Juntas, as organizações empregam 65 mil pessoas. Quando se considera apenas o PIB do agronegócio, a participação do cooperativismo é muito maior, em torno de 55%. As cooperativas paranaenses ainda são destaque no cenário nacional, respondendo por 30% de toda a receita bruta obtida pelas mais de 6 mil organizações do tipo existentes no País. ''O cooperativismo paranaense representa uma referência para nós'', afirma Renato Nóbile, superintendente das Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Ele ressalta o fato de 11 cooperativas paranaenses terem faturamento acima de R$ 1 bilhão. ''A agroindustrialização praticada pelas cooperativas no Paraná é um modelo a ser seguido'', declara. Segundo ele, o setor vem crescendo no Brasil inteiro. ''Metade do que é produzido no agronegócio brasileiro passa pelas cooperativas. Isso já revela a importância do setor para o País'', considera. Apesar da força do ramo agropecuário, o cooperativismo urbano também vem ganhando espaço. Nóbile destaca o cooperativismo em saúde. ''O sistema Unimed está presente em todo o País'', afirma. O de transporte também vem crescendo, segundo ele, no segmento de passageiros: motoristas de vans, taxistas e mototaxistas cada vez mais estão formando cooperativas para viabilizarem seus negócios. O superintendente explica que o marco regulatório introduzido pela lei 130/2009 para o cooperativismo de crédito tornou-se um incentivo importante para esse ramo. ''Em muitas cidades do País, as cooperativas estão presentes onde não existem bancos comerciais'', conta De acordo com Nóbile, muita gente ainda não conhece o cooperativismo e as comemorações do ano internacional estão ajudando a divulgá-lo. ''É uma oportunidade para levarmos esse modelo para a sociedade, para quem ainda o desconhece'', justifica. Receita A Coamo, com sede em Campo Mourão, é a cooperativa com maior receita bruta do Paraná. Em 2010, ela faturou R$ 4,5 bilhões, sendo considerada a 10 maior empresa do Sul do País. Fundada há 40 anos, a organização aposta na agroindústria. Ela possui uma unidade de esmagamento, uma refinaria de óleo de soja, fábricas de gordura hidrogenada e margarina, duas fiações de algodão, um moinho de trigo e uma indústria de torrefação. ''É fato que as cooperativas que atuam na industrialização de produtos são mais rentáveis do que aquelas que trabalham só com grãos onde a competitividade é maior'', afirma o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. Para ele, são três os fatores que explicam o sucesso da cooperativa: a união dos cooperados, a estabilidade da administração e a equipe de funcionários devidamente treinada e comprometida com os objetivos da diretoria. O cooperativismo de crédito também vem crescendo bastante no Estado. O presidente do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) União, Wellington Ferreira, diz que 25% dos recursos de crédito rural no Paraná são oferecidos pelo sistema. ''Somos a segunda instituição que mais concede crédito rural, perdendo só para o Banco do Brasil'', afirma. O Sicredi União tem R$ 1,1 bilhão de ativos e conta com 59 mil cooperados. ''Para se tornar sócio, a pessoa tem de abrir uma conta e capitalizar no mínimo R$ 20'', explica Ferreira.


Nelson Bortolin Reportagem Local


Vantagens de ser cooperado


''A união em todas as áreas faz a diferença. Um grupo reunido é capaz de mudar o sentido do mundo.'' A afirmação é do produtor Sérgio Munhoz, 47 anos, de Santa Cecília do Pavão. Ele é associado a duas cooperativas: à Integrada e ao Sicredi União. ''Na cooperativa, compramos insumos juntos, o que torna esse custo mais barato. Na hora de vender também conseguimos melhores valores pela produção'', diz Munhoz. ''Sem contar que temos o apoio técnico dos agrônomos que nos dão segurança quanto à nova lavoura'', complementa. Como em toda cooperativa, na Integrada não existe lucro mas sobras que são divididas no final do ano para todos os cooperados. ''Essa é outra grande vantagem. Dependendo da situação, o cooperado consegue até comprar um carro ou um trator com a sobra'', relata. Antes de se associar ao Sicredi, o produtor buscava financiamento no Banco do Brasil ou em outros bancos comerciais. Agora só usa o sistema cooperativo. ''A vantagem é que a gente é dono da empresa. Também no Sicredi temos as sobras no final do ano. Quando a gente paga uma tarifa no banco particular, a gente não sabe para quem vai. Quando pagamos no Sicredi, sabemos que esse valor vai ser investido na nossa atividade'', declara. (N.B.)

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