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NATUREZA EM FÚRIA - Granizo provoca cinco vezes mais estragos no PR

Abraçada ao filho Robert, a produtora Vânia Galvão ainda se emociona ao olhar para o telhado do triturador da propriedade, destruído pelas pedras de gelo


Abraçada ao filho Robert, a produtora Vânia Galvão ainda se emociona ao olhar para o telhado do triturador da propriedade, destruído pelas pedras de gelo
''Eram umas sete horas da noite quando começou a chover. Só quem viu pode contar o que aconteceu. Foi coisa feia, pedra de gelo para todo lado.'' A lembrança do temporal com queda de granizo que atingiu a Zona Rural de Japira (Norte Pioneiro) no Domingo de Páscoa do ano passado ainda está viva na cabeça do produtor José Maria Ramos. De acordo com a Defesa Civil Estadual, 165 pessoas foram prejudicadas no município pelos estragos causados pelo granizo naquele dia. Ao menos 43 casas sofreram algum dano. O maior prejuízo, entretanto, foi na produção agrícola. A família de Ramos trabalha principalmente com a cafeicultura. Ele estima que a queda de granizo do ano passado tenha devastado o equivalente a 150 sacas de café. ''Só sobraram 72 sacas para colher'', lembra o produtor. Um ano depois, ainda há vestígios da passagem do temporal pelo cafezal: clareiras no terreno, tocos e partes descascadas nos pés de café remanescentes. ''Aqui no bairro todo mundo vai ficar três anos sem colheita'', afirma Vânia Galvão, outra produtora rural de Japira. Ela conta que o granizo levou à perda de todos os seis mil pés de café da propriedade da família. O telhado do triturador até hoje está esburacado. Várias galinhas morreram e eete bezerros morreram ou tiveram que ser sacrificados. Também ocorreram estragos na casa da família. O telhado, já reparado, teve partes destruídas. A água que invadiu a residência estragou roupa de cama, armários e outros móveis. Vânia estima que o prejuízo superou os R$ 4,5 mil. Os dois produtores entrevistados reclamam da falta de apoio após a devastação. ''A única ajuda que tivemos veio da Prefeitura de Japira, que entregou 15 folhas de telha, dois colchonetes e dois cobertores'', relata Vânia. Ramos conta que o seu filho fez um financiamento no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), que a família vai começar a pagar em 2013, e perguntou se haveria ''alguma coisa a mais para receber'' pela produção perdida com o granizo. ''Mas disseram que não'', diz o produtor. A FOLHA não conseguiu falar com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Japira. Os produtores rurais da localidade não foram os únicos que sofreram com quedas de granizo em 2011. Números do sistema de ocorrências da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil mostram que no ano passado as tempestades de granizo causaram muito mais transtornos e prejuízos no Paraná do que em 2009. De acordo com as estatísticas, em 2011 sete municípios paranaenses decretaram situação de emergência em razão de prejuízos causados por quedas de granizo e tiveram esse status reconhecido nas instâncias superiores: Vera Cruz do Oeste, Reserva, Capitão Leônidas Marques, Boa Vista da Aparecida, Capanema, Japira e Fazenda Rio Grande. Em 2009, cinco haviam obtido a mesma condição: Três Barras do Paraná, Barracão, Rosário do Ivaí, São Miguel do Iguaçu e Ortigueira. Em número de cidades não há tanta diferença, mas as ocorrências do ano passado causaram mais transtornos e estragos. Nos sete municípios citados, 39.801 pessoas foram afetadas pelas quedas de granizo em 2011. Ao todo, 11.226 casas foram danificadas ou destruídas. Em 2009, nos cinco municípios que tiveram situação de emergência reconhecida, 8.431 pessoas haviam sido afetadas e 2.182 casas avariadas ou destruídas, quantia cerca de cinco vezes inferior ao que seria registrado dois anos depois.
Fábio Galão Reportagem Local

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