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Governo recua e cancela rodízio de policiais no Gaeco

Quadros dos núcleos serão recompostos; não está descartada possibilidade de ampliação
Fotos: Theo Marques
Reunião não contou com a participação de Cid Vasques
Indicações de policiais serão analisadas por Giacóia (foto) e pelo governador Beto Richa
Curitiba - A queda de braço entre a Secretaria Estadual de Segurança (Sesp) e o Ministério Público do Paraná (MPPR) referente à implantação do rodízio de policiais cedidos aos núcleos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) terminou após cinco meses de intensa discussão e troca de farpas. 

Com a divulgação da realização de uma reunião ontem de manhã na sede do MPPR, que poderia culminar com o fim do modelo atual de atuação do Gaeco, o governo se antecipou e recebeu o procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacóia, para um encontro na quarta-feira, a fim de discutir a crise entre as instituições. O resultado foi um recuo por parte do governo, ficando acordado entre Beto Richa (PSDB) e Giacóia a suspensão do rodízio implantado nos Gaecos em funcionamento no Paraná (Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel e Guarapuava). 

A indicação dos policiais feita pelo Gaeco a partir de agora vai ser analisada e decidida pela Procuradoria-Geral de Justiça e pelo governador, e não mais pela Sesp. Também ficou decidido que o governo vai recompor os quadros dos núcleos, inclusive estudando a possibilidade de sua ampliação. A expectativa é de que nas próximas semanas 58 policiais militares e civis que faziam parte das equipes de investigação estejam novamente à disposição do MPPR. Atualmente 32 policiais permaneciam nos núcleos, sendo que todos já tinham data de saída publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). 

"Vínhamos conversando sobre esta questão preocupante e, desta vez, recebemos o compromisso do governador de superar este entrave que estava por determinar até uma eventual extinção do Gaeco ou pelo menos uma modificação no seu funcionamento", afirmou Giacóia. 

O rodízio foi determinado pela Sesp no final de agosto de 2013 e implantado no mês seguinte. Os agentes incorporados poderiam permanecer no grupo do MPPR por um período máximo de dois anos. 

Em constantes manifestações, os promotores afirmaram que a troca contínua de policiais seria uma maneira de inviabilizar os trabalhos desenvolvidos pelo grupo e, por isso, desaprovaram a medida, se recusando a receber os substitutos oferecidos pela Sesp. "Ocorreram alterações nos quadros do Gaeco nos últimos anos, entretanto, de forma natural, sem prazo determinado. A divergência se instalou a partir do momento que se determinou uma substituição compulsória dos policiais, pois as investigações começaram a ficar comprometidas", disse o procurador-geral. 

Impasse
A briga entre as instituições devido à implantação do rodízio começou no final de agosto de 2013, quando o Gaeco inclusive encaminhou um pedido ao Conselho de Procuradores do MPPR, solicitando que a autorização concedida ao procurador Cid Vasques para atuar como secretário de Segurança Pública fosse suspensa. O argumento seria uma incompatibilidade entre as instituições, pois o secretário estaria "obstruindo ações do órgão" com a implantação do rodízio de policiais. 

Para Leonir Batisti, coordenador estadual do Gaeco, as equipes dos núcleos precisam ser recompostas imediatamente. Ele ressalta que a característica de trabalho do Gaeco exige que a seleção dos agentes seja baseada na confiabilidade e que o processo de indicação e designação seja antecipadamente analisado. "Muitos daqueles que já faziam parte do grupo poderão retornar, além (da vinda) de outros policiais. O resultado das reuniões foi bom principalmente porque vamos continuar com nossas atividades. Só queremos prosseguir com nossos serviços sem qualquer problema de continuidade", destacou. 

O promotor do Gaeco em Londrina, Cláudio Esteves, ressalta que a decisão acaba restabelecendo a forma original de trabalho do órgão, desenvolvido há mais de dez anos. "Isso terá um reflexo positivo no andamento das atividades. Além disso, foi importante nos manifestarmos para que as pessoas soubessem dos problemas que o rodízio estava acarretando no funcionamento do Gaeco", indicou. 


Rubens Chueire Jr.
Reportagem Local
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