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Da euforia ao medo, da resistência ao alívio

Curitiba recebeu quatro partidas da Copa com tranquilidade, conforto, segurança e um clima de festa difícil de se ver na capital

Fotos: Theo Marques
Torcedores do Coritiba, Alvaro Faria e o filho Bernardo aprovaram a forma como foram tratados no estádio atleticano
Curitiba - Quando Curitiba foi escolhida, em 2010, uma das 12 sedes da Copa do Mundo, o clima foi de euforia na cidade: festa no parque Barigui, comemorações nas ruas, discursos empolgados de prefeito e governador, confiança de que a cidade faria uma bela copa, uma vez que tinha, na época, o mais moderno estádio do país e esperança de que grandes obras fossem ocorrer na cidade. O curitibano recebeu a indicação da Fifa junto com a promessa de que, até 2014, teria seu metrô, um "novo" aeroporto Afonso Pena e uma rodoferroviária modernizada.

Não muito tempo depois desse momento de euforia, começou a desconfiança: primeiro com o financiamento do estádio, uma propriedade particular que, para ter sua obra concluída usou e abusou das benesses do poder público, com manobras como a da venda do potencial construtivo e empréstimos em condições que nunca mais serão encontradas para qualquer investimento. As obras foram ficando apenas no papel: não teve metrô, aeroporto sofreu uma pequena ampliação e a rodoferroviária segue em reforma. Vários projetos de estrutura foram retirados do plano e apenas as obras essenciais foram concluídas dentro do prazo.

Por tudo isso, veio a onda de protestos no ano passado, e uma reversão no quadro, com a maioria da população dizendo ser contra a realização do mundial na cidade, principalmente, por conta dos custos envolvidos e da considerável diminuição do prometido legado. O estádio, que era o mais perto da conclusão em 2009, foi o último a ser entregue, passando para a responsabilidade da Fifa sem, sequer, ter sido palco de um único jogo oficial e passando apenas por dois jogos testes com público reduzido.

As declarações contrárias à Copa chegaram até ao governador Beto Richa (PSDB), o mesmo que organizou a festa em 2009, enquanto prefeito da capital, chegou a dizer que se soubesse que os gastos extrapolariam tanto, não teria se empenhado pela atração da Copa para a cidade.

Mas hoje, três dias depois da última partida da Copa na cidade, governos, organizadores, torcedores, empresários e curitibanos em geral fazem uma avaliação extremamente positiva do mundial, numa sensação de alívio, por mesmo sem testes de verdade, com ameaças de protestos violentos e, até, atos terroristas, com a estrutura e a logística da cidade sendo colocadas à prova, Curitiba saiu-se muito bem, recebeu as quatro partidas com tranquilidade, conforto, segurança e um clima de festa difícil de se ver na capital.

Nenhuma ocorrência grave registrada pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) do Paraná, estrutura funcionando adequadamente, com poucas filas e facilidade na evacuação, linhas específicas de ônibus funcionando com boa frequência, policiais e voluntários pacientes e atenciosos fizeram Curitiba, apesar de uma ou outra pequena falha, como o problema de falta d’água nos banheiros no final do primeiro jogo e o acúmulo de poeira de resto de obra nas cadeiras, que persistiu até a última partida, passar no rigoroso teste da Copa do Mundo.

"Já deixou saudade. A gente vê que o clima está diferente. Havia uma expectativa negativa, mas tudo correu bem, toda a estrutura e, de alguma maneira isso deixa uma marca muito positiva pela cidade. Fizemos uma série de avaliações com turistas estrangeiros, com a imprensa estrangeira e com o comitê organizador e todos fizeram avaliação positiva. Não se confirmou nenhuma expectativa negativa em relação à Copa", avaliou o governador Beto Richa (PDT).

"Não houve problema de segurança, não houve problema de mobilidade, não houve problema em nenhuma prestação de serviços na cidade, seja público ou da nossa iniciativa privada, como a rede hoteleira e nossa gastronomia. O estádio não teve fila, funcionando muito bem. Até o tempo ajudou", comemorou.

Admitindo ter ficado preocupado com a possibilidade de a Arena da Baixada não ficar pronta a tempo, o prefeito Gustavo Fruet também elogiou o estádio. "Ficou muito bom, mudou padrão, a referência e serve de provocação para o meu time, o Coritiba e para outros clubes. Haverá uma discussão ainda quanto ao final do pagamento do financiamento, mas mudou o parâmetro de estádio de futebol no Brasil".
Roger Pereira
Reportagem Local-folha de londrina
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