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Temporal causa mortes e destruição no Paraná

As chuvas do fim de semana deixaram pelo menos nove mortos e 71 municípios em estado de emergência

Fotos: Divulgação
Em Guarapuava, o aumento na vazão dos rios destruiu pontes provocando o fechamento de estradas
A prefeitura de Irati decretou situação de emergência
Em Campo Mourão diversas casas localizadas às margens dos rios do Campo e 119 ficaram alagadas, mesmo assim muitos moradores resistiam em abandoná-las
Curitiba - As fortes chuvas que atingiram o Paraná desde a última sexta-feira trouxeram problemas para 71 municípios, afetando uma população total de 48.202 pessoas, e um saldo de nove mortos e uma pessoa desaparecida. Guarapuava (Centro) registra os maiores volumes de chuva de forma concentrada. O último balanço divulgado no início da noite de ontem pela Defesa Civil apontou que havia ainda 258 pessoas desalojadas, 786 desabrigadas e 5.084 residências tinham sido danificadas. Desde o início das chuvas os números são de 3.592 desalojados e 2.056 desabrigados.

Em reunião de emergência realizada no final da tarde de ontem no Palácio Iguaçu, o governador Beto Richa (PSDB), a Defesa Civil e alguns secretários de Estado apresentaram um balanço. Hoje o governador assinará decreto de emergência para as 71 cidades. De acordo com o chefe da Defesa Civil no Paraná, coronel Adilson Castilho Casitas, ao decretar estado de emergência, há a dispensa de licitação para realizar obras emergenciais, o que facilita o socorro à população atingida pelas chuvas.

Curitiba foi a cidade com o maior número de pessoas afetadas (15.213) e com 3.509 residências danificadas. Outras cidades que sofreram bastante com as chuvas foram Biturana com 1.500 pessoas afetadas, Cruz Machado (1.200), Guarapuava (794), Irati (2 mil), Pinhalão (2.500), Quedas do Iguaçu (13.500), Rio Azul (3.350), Rosário do Ivaí (3 mil) e São Mateus do Sul (1.200).

Em Guarapuava, duas pessoas morreram e uma está desaparecida. Entre os mortos consta Leandro Bordiak, 29, que foi levado pela correnteza ao tentar fechar a porta da casa. Em Medianeira (Oeste), ocorreram duas mortes na noite de sábado. Andreia Luzia Borgmann da Silva, de 20 anos, e o filho Samuel da Silva, de apenas nove meses, retornavam do interior do município no carro da família que era conduzido por Eder Dorvalino da Silva. Ao tentar cruzar uma pequena ponte, o carro foi levado pela correnteza e arrastado por aproximadamente 200 metros.

Dorvalino conseguiu sair e ficou agarrado nos galhos de uma árvore até ser regatado pelo Corpo de Bombeiros, que o encaminhou em estado de choque para um hospital da cidade. Mãe e filho morreram no local.

Em Sulina, no Sudoeste, Paulo Inácio Kaling, 39, morreu soterrado após sua casa ser atingida por um barranco que desmoronou. A filha e a mulher ficaram feridas. Outra pessoa morreu vítima de afogamento na cidade de Campina do Simão, região central.

Outra morte foi registrada por volta das 21 horas de sábado na PR-158, entre Rio Bonito do Iguaçu e Laranjeiras do Sul (Centro-Sul). Um carro rodou na pista molhada, bateu em uma árvore e caiu em um córrego. Três pessoas estavam no automóvel e os bombeiros suspeitam que a passageira Marilei Eva Lambrecht, 41, tenha sido ejetada. O corpo dela foi arrastado pela correnteza por aproximadamente 800 metros.

Em Quedas do Iguaçu, também no Centro-Sul do Estado, um deslizamento no início da tarde deste domingo destruiu uma casa. Pelo menos uma pessoa morreu. Outra morte aconteceu em Guaraniaçu.

O chefe da Defesa Civil calcula que cerca de 500 mil pessoas foram atingidas no Estado de alguma forma pelos efeitos das chuvas, seja com falta de energia elétrica (80 mil pessoas), de água ou com a residência inundada. Até ontem a tarde, 356 mil pessoas estavam sem água em 11 municípios como Guarapuava, Quedas do Iguaçu, Godoy Moreira, Rio Branco do Ivaí, Pinhão e Rio Azul. Segundo informações da Sanepar, Umuarama, Cianorte, Campo Mourão e Irati já estavam com o abastecimento restabelecido.

Foram usados dois helicópteros do Exército e aeronaves do governo estadual para resgatar pessoas em áreas de risco. Outras pessoas que moram próximas a barragens Cavernoso II, e Salto Osório, também localizadas na região Centro-Sul, foram alertadas a deixar suas casas, já que há o risco de os reservatórios transbordarem. Em Cavernoso 30 famílias foram retiradas de forma preventiva.

O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, disse que a situação mais crítica em rodovias ocorreu nas regiões de Guarapuava, Irati e São Mateus do Sul. Até o final da tarde de ontem, eram contabilizadas 10 rodovias interditadas e 12 municípios isolados.

O governo vai oferecer ajuda humanitária com cestas básicas, colchões, lonas e cobertores. Em Curitiba e região as famílias estão sendo relocadas para escolas estaduais. O Provopar também fará uma campanha para doações aos atingidos pelas chuvas. A Secretaria de Segurança também vai reforçar o policiamento para que não ocorram saques com a retirada das famílias de suas residências.

Beto Richa disse ainda que buscará ajuda humanitária do governo federal. Ele anunciou a destinação de R$ 6 milhões para os municípios para compra de medicamentos e vacinas. Hoje, ele visitará as cidades mais atingidas. Com relação à liberação de recursos para outros setores, o governador afirmou que o valor ainda não foi definido.

A Prefeitura de Curitiba abriu parcialmente as comportas dos reservatórios do Parque Barigui e do Parque São Lourenço. Segundo a assessoria de imprensa do município, o motivo é o risco de rompimento das barragens. Com essa ação, os rios devem ter o volume de água reduzido.

Em Campo Mourão, segundo informações divulgadas pela prefeitura, os estragos foram provocados pelas chuvas de sexta-feira e sábado. Aproximadamente 30 casas de famílias que moram às margens do Rio do Campo e Rio 119 ficaram alagadas. Membros do Comitê Municipal da Defesa Civil visitaram e cadastraram todos os moradores dessas regiões, verificando os danos e disponibilizando transporte, mas os moradores resistiam em sair das casas.

TEMPO
De acordo com o meteorologista do Simepar, Cesar Beneti, uma frente fria está no Paraná desde 4 de junho. Segundo ele, a previsão é que diminua bastante a intensidade das chuvas hoje. No entanto, na quarta-feira deve voltar a chover. Ele destacou que, em oito dias, o volume de chuvas superou a média dos últimos 30 anos.



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Andréa Bertoldi
Reportagem Local-folha de londrina
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