[Fechar]

Últimas notícias

Uma luta que não pode ter fim

Estudantes da zona norte vão para as ruas conscientizar moradores sobre perigos da dengue

Gina Mardones
Crianças distribuíram cartas aos vizinhos, alertando para a importância de evitar focos do mosquito transmissor
Londrina - O frio não impediu que a turma do 4º ano da Escola Municipal Ignez Corso Andreazza, na zona norte de Londrina, saísse da sala de aula na manhã de ontem para uma ação importante: conscientizar moradores do Jardim Paris sobre os perigos da proliferação do mosquito Aedes aegypti, que pode transmitir a dengue, mesmo no inverno. Munidos de uma cartinha, que foi colocada em muitas caixas de correio e também entregue diretamente aos moradores, os alunos lembravam a comunidade sobre os riscos da doença, que pode matar. "Colabore e faça sua parte. Imploramos para que você limpe seu quintal e não deixe a dengue tomar conta da sua vida, e nem da nossa", pedia o escrito.

A ação foi pensada pela professora Márcia Yara dos Santos Massari, que quis juntar uma atividade pedagógica com uma de utilidade pública. "Eu trabalho com eles há quatro meses essa questão da dengue, e também começamos uma atividade em que precisariam escrever uma carta. Por isso discutimos o assunto, escrevemos essa carta aberta à Secretaria Municipal de Saúde e essa cartinha aos vizinhos, para que eles pudessem fazer essa ação social", conta. As cerca de 25 crianças, entre 11 e 15 anos, andaram pelas ruas e se apresentaram como "agentes mirins da dengue".

O boletim da dengue divulgado pela Secretaria de Saúde aponta 6.167 notificações. Do total, 1.401 foram confirmados, 3.684 descartados e outros 1.082 aguardam o resultado dos exames. O coordenador de Endemias da secretaria, Nino Medeiros Ribas, lembra que a ação promovida pela escola foi muito importante porque, durante o último Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), realizado no início do mês, ficou constatado que a região norte apresentou o maior percentual na cidade com relação ao quantitativo de focos do mosquito transmissor da dengue. "Londrina possui 1% de índice de infestação, por isso o aumento do foco nessa região chamou nossa atenção", explica.

"Antes os focos eram encontrados em lixo jogado nas ruas, e hoje mudou. Achamos principalmente em vasos de plantas e bebedouros de animais. Por isso, ter as crianças que estudam no bairro fazendo essa conscientização é muito importante, porque eles realmente vão repassar isso para dentro da casa deles."

Leonardo Bruno de Castro Dias, de 12 anos, participou da ação e afirmou que aprendeu muito. "Ficamos mais atentos com a dengue e vamos repassando para todo mundo, para nossa família. Um dia poderemos também passar para nossos filhos esses cuidados", garante.

Outra pequena agente de Endemias, Poliane Nascimento de Castro, de 10 anos, diz que a experiência foi boa. "Aprendemos que não podemos jogar lixo na rua, porque vira foco (da dengue)", ensina.

NO PARANÁ
O boletim da dengue do Paraná, atualizado pela Secretaria Estadual de Saúde no início do mês, registrou até o momento 16.886 casos confirmados da doença desde agosto do ano passado. Esse ano, foram sete mortes – Maringá registrou três óbitos, Rolândia teve duas, e Nova Aliança do Ivaí, Flórida e Nova Aliança do Ivaí registraram uma cada.

Cerca de 50 cidades do Paraná atingiram a taxa epidêmica desde agosto o último levantamento – quando apresenta 300 casos de dengue a cada 100 mil habitantes. Da Região Metropolitana de Londrina, Rolândia, Ibiporã e Cambé integram a lista.
Paula Barbosa Ocanha
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2