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Facada em escola reacende discussão sobre o bullying

Aluna de 15 anos atacou estudante de 14 na sala da pedagoga da instituição de ensino

Gustavo Carneiro
Ataque assustou alunos, professores e funcionários da Escola Cássio Leite Machado
Londrina - A rotina na Escola Estadual Cássio Leite Machado, no Jardim Santiago (zona oeste de Londrina), foi alterada ontem pela manhã, com um grave incidente que assustou a comunidade escolar e despertou no Núcleo Regional de Educação (NRE) a necessidade de reforçar ações pedagógicas e de conscientização quanto ao combate à prática do bullying. A aluna L., de 15 anos, do 9º ano do Ensino Fundamental, usou uma faca de cozinha para ferir com dois golpes nas costas a colega K., de 14 anos, do 8º ano, dentro da sala da pedagoga da escola.

Felizmente, as facadas não atingiram nenhum órgão vital da menina, que foi encaminhada pelo Siate à Santa Casa de Londrina, onde foi atendida e teve alta no final da tarde, segundo informou a assessoria de imprensa do hospital. Levada por dois policiais militares à Delegacia do Adolescente, a jovem L. prestou depoimento na presença da mãe ao delegado William Douglas Soares, que a apreendeu por tentativa de homicídio. A garota seria encaminhada ao Centro Sócio-Educação de Londrina (Cense) enquanto aguarda a manifestação da promotoria da Vara da Infância e Juventude.

PROVOCAÇÕES
Ao delegado, L. relatou que vinha sendo alvo de constantes provocações por parte de K. e um grupo de garotas desde que ela havia se matriculado na escola, em maio. "Ela falou que eram provocações de todo tipo, até sobre o bairro onde ela mora", contou Soares. A gota d’água teriam sido alguns "comentários maldosos" que a vítima e outros alunos do colégio teriam postado abaixo de uma foto que L. publicou num site de relacionamentos.

"Estamos em estado de choque, jamais pensamos em passar por isso. Esse cuidado de orientar os alunos sobre determinados comportamentos nas redes sociais e no ambiente escolar nós sempre temos, mas infelizmente fugiu ao nosso controle", afirmou a diretora da escola, Zuleide Pereira Vieira da Silva, consternada com o primeiro episódio grave ocorrido nos três anos em que está à frente da instituição. Ela assegurou que a direção em nenhum momento teve conhecimento das supostas provocações sofridas pela adolescente agressora. "São duas alunas muito boas", destacou.

Questionada sobre as ações pedagógicas realizadas na escola para combate ao bullying, Zuleide Silva respondeu que além de palestras de conscientização com alunos e professores, "sempre oportunizamos a presença dos pais na escola para que esse trabalho seja conduzido de forma integrada". A diretora, no entanto, afirmou que no caso específico que gerou a agressão da adolescente L., se houve bullying, ele não se manifestou no ambiente interno da escola. "Sabemos que a aluna já havia postado outras coisas na internet que geraram uma certa exposição. A partir do momento que se posta algo nas redes sociais, é preciso saber lidar com essa exposição", ressalvou.

A chefe do Núcleo Regional de Educação, Lúcia Cortez, descreveu a agressão como "algo assustador". "A gente tem trabalhado várias questões com a equipe pedagógica e o bullying faz parte desse processo. O importante é promover o retorno dessas alunas à escola, com apoio psicológico e uma rede de proteção, e reforçar a conscientização de que para cada ação há uma reação, há valores inseridos. É um trabalho pedagógico que tem que ser feito porque episódios como esse acabam repercutindo negativamente na comunidade escolar", avaliou.
Diego Prazeres
Reportagem Local-folha de londrina
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