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A bactéria do estômago

Estima-se que a Helicobacter pylori atinja mais de 50% da população mundial. Embora seja assintomática em muitos casos, bactéria é considerada um agente carcinogênico pela Organização Mundial de Saúde

Ela pode estar em qualquer lugar, em especial em alimentos mal higienizados e em ambientes onde as condições de saneamento básico são inexistentes ou comprometidas. Mas o "grande habitat" da Helicobacter pylori tem sido o próprio indivíduo, pois ela "vive" no estômago de mais da metade da população mundial.

Apesar da prevalência, a H.pylori pode ser benigna em muitos casos, apresentando algumas dispepsias (desconforto gástrico) ou até mesmo se mantendo assintomática. Porém, quando se tem um histórico familiar de câncer ou até mesmo quando já há um quadro de úlcera, é preciso investigar e tratá-la. Isso porque a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a bactéria um agente carcinogênico.

Mariangela Navarro, gastroenterologista em Londrina, filiada à Federação Brasileira de Gastroenterologia e à Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, cita que a doença ulcerosa é multifatorial e, por isso, pode estar relacionada à genética, hábitos como cigarro, alimentação e estresse, além da H.pylori.

"A pessoa vai ter dor de estômago, desconforto ou algum outro sinal de dispepsia, como flatulência, digestão lenta etc. Na gastroenterologia, os sintomas das doenças não são muito diferentes. O fato é que hoje há indicação da endoscopia para o diagnóstico, apontando inclusive a presença da H.pylori", afirma, lembrando que a bactéria pode ser transmitida pelas vias oral-fecal e oral-oral.

Com formato cilíndrico, dotada de flagelos em forma de cílios, a H.pylori se fixa à superfície da mucosa gástrica e consegue permanecer no estômago porque tem a capacidade de converter a ureia presente no suco gástrico, em amônia e gás carbônico.

Toda essa resistência foi uma motivação por muitos anos para a ciência, que precisou buscar na farmacologia antibióticos que a erradicassem. "O tratamento feito aqui não é o mesmo feito na Europa e nos Estados Unidos, porque em nosso país já houve um período de uso desenfreado de antibióticos e assim foi se criando uma resistência muito grande a esses medicamentos", ressalta.

Tratamento
De acordo com Mariangela Navarro, muitos pacientes necessitam de um retratamento, justamente por apresentar resistência aos antibióticos, que são comercializados em um kit. Basicamente, o primeiro tratamento são sete dias de antibiótico, mas por ser uma bactéria muito resistente é preciso fazer uso de dois medicamentos.

"É meio chato porque o paciente tem que tomar oito comprimidos por dia. Então, o tratamento também exige que o estômago do indivíduo esteja bom. Diante disso, o kit já contém o inibidor de bomba, que serve para proteger o estômago do próprio remédio", diz. É importante lembrar que o tratamento pode variar para cada caso.

Os efeitos colaterais, segundo ela, não são tão significativos, mas em alguns casos pode ocorrer náusea ou diarreia. "Já existem alguns estudos que apontam que o uso de probiótico em conjunto com o tratamento aumenta a absorção e efetividade do antibiótico em relação à H. Pylori", conclui.
Micaela Orikasa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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