Vendas de veículos registram nova queda em agosto
Fenabrave se diz surpresa com recuo de 7,38% sobre julho; economistas apontam endividamento das famílias como causa

No acumulado do ano, foram comercializados 2.121.543 de veículos, número 9,51% menor que o mesmo período de 2013
As vendas de automóveis e comerciais leves no País somaram 259.152 unidades no mês de agosto, recuo de 7,38% sobre os 279.805 veículos vendidos em julho e queda de 17,12% sobre o volume emplacado em igual mês do ano passado. No acumulado do ano, foram comercializadas 2.121.543 unidades, número 9,51% menor que o acumulado de janeiro a agosto de 2013. Os dados foram divulgados ontem pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que diz ter recebido os números com surpresa.
"Fomos surpreendidos com um mês de agosto menor até mesmo que junho, época da Copa do Mundo", afirmou o presidente da entidade, Flávio Meneghetti. As vendas de caminhões e ônibus atingiram 13.343 unidades em agosto, queda de 10,89% em relação a julho e recuo de 19,07% sobre 2013. No Paraná, também houve queda nas vendas de autos e comerciais leves, que somaram 21.760 unidades, contra 22.995 em julho e 23.877 no ano passado. Contando caminhões, ônibus, motos e outros veículos, a queda foi de 11,85% em relação a 2013.
Meneghetti avalia que as indústrias estão se reajustando, embora os estoques continuem elevados, e confia em um último trimestre mais aquecido. Para ele, o setor vai se recuperar especialmente em novembro e dezembro, favorecido por medidas como a redução nas taxas de juros, anunciada por bancos estatais. O Banco do Brasil anunciou taxas promocionais de 0,97% ao mês para financiamento de veículos novos e a Caixa Econômica vai realizar, a partir de amanhã, o Salão Auto, com juros a partir de 0,93%.
Economistas ouvidos pela FOLHA acreditam que o endividamento das famílias explique, em parte, a não recuperação do mercado de veículos. Luciano D’Agostini, integrante do Grupo Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento/CNPq, aponta a relação da renda das famílias com a inflação como outro ponto que desaquece o consumo. Para ele, o fato das vendas caírem, neste e em outros setores, está ligado basicamente à macroeconomia.
"As famílias brasileiras gastaram a renda (recentemente) e acima do devido, porque tiveram crédito; agora, o nível médio de endividamento com o sistema financeiro nacional é de 48%, e o restante vai para pagar contas", detalha o economista, ressaltando que o limite de comprometimento da renda considerado saudável é de 30%.
Futuro
Na opinião de D´Agostini, o alto volume de vendas de veículos registrado no passado recente não deve mais ser alcançado. "O modelo pautado no consumo se esgotou", acredita. Adilson Volpi, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ressalta que grande parte das últimas vendas foram feitas para pessoas que não dispunham de carros, ou que trocaram por um modelo melhor.
"Isso não foi feito por uma poupança anterior, mas por financiamento por prazo estendido", lembra. Volpi considera que este é justamente o público mais atingido pelo impacto da inflação. "Embora a prestação do carro não tenha subido, muitos outros gastos subiram", pondera.
Para o economista, o pacote de estímulo ao crédito anunciado recentemente pelo Banco Central (BC)- e que deve injetar R$ 45 bilhões - foi uma medida acertada do ponto de vista macroeconômico, mas quem decide a hora da compra é o cliente. "Aqueles que querem comprar um carro podem estar esperando as promoções, que naturalmente acontecem no fim do ano", ressalta. (com Agência Estado)
"Fomos surpreendidos com um mês de agosto menor até mesmo que junho, época da Copa do Mundo", afirmou o presidente da entidade, Flávio Meneghetti. As vendas de caminhões e ônibus atingiram 13.343 unidades em agosto, queda de 10,89% em relação a julho e recuo de 19,07% sobre 2013. No Paraná, também houve queda nas vendas de autos e comerciais leves, que somaram 21.760 unidades, contra 22.995 em julho e 23.877 no ano passado. Contando caminhões, ônibus, motos e outros veículos, a queda foi de 11,85% em relação a 2013.
Meneghetti avalia que as indústrias estão se reajustando, embora os estoques continuem elevados, e confia em um último trimestre mais aquecido. Para ele, o setor vai se recuperar especialmente em novembro e dezembro, favorecido por medidas como a redução nas taxas de juros, anunciada por bancos estatais. O Banco do Brasil anunciou taxas promocionais de 0,97% ao mês para financiamento de veículos novos e a Caixa Econômica vai realizar, a partir de amanhã, o Salão Auto, com juros a partir de 0,93%.
Economistas ouvidos pela FOLHA acreditam que o endividamento das famílias explique, em parte, a não recuperação do mercado de veículos. Luciano D’Agostini, integrante do Grupo Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento/CNPq, aponta a relação da renda das famílias com a inflação como outro ponto que desaquece o consumo. Para ele, o fato das vendas caírem, neste e em outros setores, está ligado basicamente à macroeconomia.
"As famílias brasileiras gastaram a renda (recentemente) e acima do devido, porque tiveram crédito; agora, o nível médio de endividamento com o sistema financeiro nacional é de 48%, e o restante vai para pagar contas", detalha o economista, ressaltando que o limite de comprometimento da renda considerado saudável é de 30%.
Futuro
Na opinião de D´Agostini, o alto volume de vendas de veículos registrado no passado recente não deve mais ser alcançado. "O modelo pautado no consumo se esgotou", acredita. Adilson Volpi, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ressalta que grande parte das últimas vendas foram feitas para pessoas que não dispunham de carros, ou que trocaram por um modelo melhor.
"Isso não foi feito por uma poupança anterior, mas por financiamento por prazo estendido", lembra. Volpi considera que este é justamente o público mais atingido pelo impacto da inflação. "Embora a prestação do carro não tenha subido, muitos outros gastos subiram", pondera.
Para o economista, o pacote de estímulo ao crédito anunciado recentemente pelo Banco Central (BC)- e que deve injetar R$ 45 bilhões - foi uma medida acertada do ponto de vista macroeconômico, mas quem decide a hora da compra é o cliente. "Aqueles que querem comprar um carro podem estar esperando as promoções, que naturalmente acontecem no fim do ano", ressalta. (com Agência Estado)

Cecília França
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA

