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Fim de uma campanha 'instável e complexa

Para cientista político, disputa ao Palácio do Planalto foi marcada por altos e baixos dos três principais concorrentes

Gustavo Carneiro/05-10-2014
Votação começa às 8 horas e segue até as 17 horas; resultado deverá ser conhecido entre 20 horas e 20h30
Neste domingo, 7,8 milhões eleitores paranaenses estão entre os 142,8 milhões brasileiros que decidirão quem será o próximo presidente da República, depois de uma disputa eleitoral marcada por altos e baixos dos três principais adversários no pleito. O professor de Ciência Política da Uninter Luiz Domingues Costa classifica a campanha de 2014 como "uma das mais instáveis e complexas" após a redemocratização.

Polarizada neste segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, e o senador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), a campanha oscilou nas pesquisas eleitorais entre uma vitória da petista já no primeiro turno, uma segunda etapa entre mulheres com a ex-candidata Marina Silva (PSB) e o atual cenário de incerteza sobre a vitória no combate com Aécio Neves (PSDB).

Marina, que não conseguiu emplacar seu partido Rede Sustentabilidade, acabou se filiando ao PSB e aceitou ser vice de Eduardo Campos (PSB). Tido como terceira via na polarização PT e PSDB, Campos morreu em um acidente de avião no meio da campanha, quando tinha 8% das intenções de votos. Marina então assumiu o posto e alavancou a preferência do eleitor, chegando a superar Dilma no início de setembro.

A ascensão de Marina foi tão meteórica que o candidato tucano chegou a marcar entrevista coletiva para desmentir que desistiria da disputa. Entretanto, uma forte campanha de desconstrução do discurso dela por Dilma e Aécio brecou sua subida e a tirou do segundo turno.

Para Costa, o avanço de Marina se deu "por comoção e perplexidade". "A morte de Campos não afetou tanto o eleitor porque o voto oscilava muito no primeiro turno", analisa. Porém, para o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, o crescimento ocorreu porque ela era uma figura conhecida. "E o Brasil estava ansioso por uma terceira via", diz.

No atual cenário de polarização, além de manifestações de apoio dos eleitores a um candidato e críticas ao adversário, as campanhas também voltaram às ruas, com passeatas e comícios. Segundo Domingos, essa característica do corpo a corpo é fortalecida nas retas finais. "Estudos indicam que sair de bóton, adesivo no peito, encontrar o eleitor, ajudam a fidelizar. É isso que reforça o voto de onda, quando há troca de votos", explica, referindo-se à fatura de votos dos indecisos.

Nos debates, o posicionamento agressivo dos dois candidatos também provoca o efeito de onda: na análise do especialista, Aécio perdeu eleitoras ao atacar Dilma, chamando-a de leviana. "Ela se sai muito mal nas falas, mas passa a imagem de pessoa séria. O eleitor rejeita o ataque a uma mulher que considera séria", analisa.

Onda vem de 2013

As eleições deste ano são as primeiras depois das manifestações que proliferaram por todo o Brasil em junho do ano passado, que escancarou a crise de representatividade do eleitor. Deflagrada pelo descontentamento com um serviço público – a reivindicação inicial era contrária ao reajuste de R$ 0,20 no valor do transporte coletivo em São Paulo –, tomou proporções que levou à ameaça de invasão do Congresso Nacional e chegou no limiar de propor uma reforma política, que nunca aconteceu.

Neste movimento, os administradores públicos viram suas aprovações despencarem e com a presidente Dilma não foi diferente: de mais de 54,2% de aprovação do governo pré-manifestações, o percentual caiu para 31,3% após os protestos. "Ela recuperou a imagem, mas nunca no mesmo índice", recorda David Fleischer.

Luiz Domingos Costa avalia que a atual campanha também tem o diferencial de ser a terceira vez que o partido que detém o poder está na disputa, mas não vê nisso uma ameaça à democracia. Isso porque as reais ameaças de que poderia perder a eleição indica que a manutenção deste poder ainda se dá por meio da aprovação popular e não por uma imposição.

Além disso, para ele, a falha da oposição que mantém o PT bem avaliado é a incapacidade de traduzir os anseios do povo em propostas de políticas públicas. "Isso o PSDB não soube fazer", diz.

Divulgação do resultado

A votação hoje, em todo o Brasil, começa às 8 horas e será encerrada às 17 horas, sempre no horário local. Isso significa que no Acre, por exemplo, que em razão do horário de verão tem fuso horário com três horas a menos que no Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, a votação vai até as 20 horas. Somente neste horário o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começará a divulgar o resultado da apuração.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná estima que concluirá a apuração entre 20 horas e 20h30. Porém, os dados do Estado serão enviados ao TSE, que fará a divulgação. "O trabalho é centralizado no TSE. Não vamos divulgar nenhum dado da votação para presidente no Paraná", explicou o coordenador de comunicação do TRE, Marden Machado.

No segundo turno, o voto também é obrigatório para todos os eleitores com idade entre 18 e 70 anos e facultativo para eleitores com idade entre 16 e 18, com mais de 70 anos e analfabetos. Quem não votou no primeiro turno ou mesmo não justificou, pode votar no segundo turno normalmente. (colaborou Loriane Comeli/Reportagem Local)
Luís Fernando Wiltemburg
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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