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Para reduzir tensão no campo, Incra lança edital de compra de terras no PR

Iniciativa é uma das alternativas para solucionar invasão de área da Araupel.
Fazenda de reflorestamento está sendo ocupada por sem terras desde julho.

Fabiula WurmeisterDo G1 PR
Funcionários estão trabalhando com escolta (Foto: Adriana Loduvichak/ RPC TV)Desde a invasão, funcionários da Araupel trabalham com
escolta do BPFron (Foto: Adriana Loduvichak / RPC TV)
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) lançou nesta quinta-feira (30) um edital de seleção para a compra de imóveis rurais no Paraná. Segundo o superintendente estadual do órgão, Nilton Bezerra Guedes, a iniciativa pode colocar fim à invasão da fazenda a Araupel emQuedas do Iguaçu, no sudoeste, e a outros cerca de 100 acampamentos espalhados pelo estado. A alternativa foi discutida no dia 23 em uma reunião na cidade com autoridades, empresários e trabalhadores rurais sem-terra.
A compra das terras é prevista no Decreto Federal nº 433/1992 e as regiões de preferência são as que fazem parte dos chamados Territórios da Cidadania reconhecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA): Cantuquiriguaçu, Norte Pioneiro, Paraná Centro e Vale do Ribeira. O edital será disponibilizado noportal do Incra e o prazo para entrega das propostas termina no dia 31 de dezembro. A área mínima deve ser de 15 módulos fiscais - 300 hectares em média -, ter aptidão agrícola e possuir recursos hídricos favoráveis para o assentamento de agricultores familiares.
Além da chamada pública, o Incra estabeleceu um prazo de quatro meses para a conclusão do levantamento da situação dominial das terras invadidas. “Pedi para a Divisão de Obtenção de Terras priorizar a análise dos dois títulos que envolvem a área em questão. Por meio do histórico é possível averiguar a legitimidade dos títulos e, se houver irregularidades, determinar que aquelas terras são passíveis de arrecadação, como aconteceu em 2003 e ainda está em litígio. Assim, podemos propor uma ação de nulidade dos títulos”, comentou Guedes.

Acampados
Ainda de acordo com o superintendente, atualmente cerca de 1,6 mil famílias vivem na área de 40 hectares da fazenda de reflorestamento invadida no dia 16 de julho. Desde então, o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) acompanha a movimentação dos sem-terra e faz a escolta dos funcionários da Araupel na retirada da madeira. O acampamento é vizinho a um assentamento. “Esta é a segunda geração de sem-terra na região. Isso mostra que ser pequeno agricultor voltou a ser uma opção de vida, não mais uma falta de alternativa”, destacou.
Segundo o Incra, em todo o estado são mais de 6 mil famílias acampadas. As duas maiores concentrações estão na área da Araupel, com 1,6 mil, e na Fazenda Porta do Céu, emFlorestópolis, no norte do estado, com outras 1,5 mil na mesma situação. “Desde 2003, conseguimos comprar e desapropriar mais de 100 mil hectares de terras no Paraná. Esperamos que com o edital, mais proprietários se interessem em negociar e possamos assentar uma boa parte destas famílias e reduzir a tensão no campo, principalmente nestas áreas maiores e recentemente invadidas”, projetou Guedes.
Temendo o cumprimento da ordem de reintegração de posse expedida no dia 17 de julho, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) divulgou nota informando que reforçou a segurança no local. “Acreditamos que o acordo selado entre o Incra, Secretaria de Segurança Pública do Paranáx e o MST será cumprido, visto que, este acordo garante que as famílias permanecerão na área até o levantamento da cadeia dominial da mesma. (...) Acreditamos que a questão será resolvida sem conflitos, com base no diálogo, garantindo que todas as famílias possam ser assentadas.”
Por e-mail, a assessoria de imprensa informou que “documentalmente não há controvérsia sobre o domínio e a posse dos imóveis serem da Araupel”, conforme cronologia da cadeira dominial disponível no site da empresa.
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