[Fechar]

Últimas notícias

Youssef assina acordo de delação

Processos referentes à fraude no extinto Banestado foram agrupados na negociação

Curitiba - O doleiro Alberto Youssef fechou o acordo de delação premiada com os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na manhã de ontem, em Curitiba. A partir de agora, o londrinense começa a prestar depoimentos na Polícia Federal (PF), em Curitiba, acompanhado por um delegado, representantes do MPF e por seu defensor. A informação foi confirmada pelo advogado Antonio Figueiredo Basto.

A expectativa é de que, pela quantidade de informações que deve ser repassada aos investigadores, o processo seja longo e se estenda pelo menos até o próximo mês. Com a assinatura do acordo ele se compromete a revelar detalhes do esquema de lavagem de dinheiro na Petrobras, além de prestar esclarecimentos sobre investigações que fazem parte de outras quatro ações em andamento na Justiça Federal do Paraná. O acordo, porém, só terá validade se for homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - a Corte é competente para o caso porque deputados federais são citados como beneficiários de propinas.

O doleiro, apontado como personagem principal da Operação Lava Jato, sempre manteve ligações de longa data com integrantes de diversos partidos, não somente com aqueles que formam a base aliada do governo e, por isso, imagina-se que o conteúdo dos depoimentos pode causar mais estrago do que os detalhes que teriam sido repassados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

"Concluímos as negociações e conseguimos fechar um acordo. Ele (Youssef) está ansioso mas entusiasmado, estava aguardando por isso. Foram diversas conversas exaustivas mas extremamente positivas. Tanto meu cliente quanto os procuradores chegaram num consenso", ressaltou Basto.

Conforme a FOLHA já havia adiantado nesta semana, os processos referentes à fraude no extinto banco Banestado foram agrupados na negociação. No início das conversas com os procuradores a ideia da defesa era restabelecer, com esta possível nova delação, o benefício obtido no antigo acordo que acabou suspenso pela Justiça em maio deste ano após o doleiro ser preso por voltar a atuar no mercado de câmbio e, supostamente, lavar dinheiro.

A Justiça reativou os processos que estavam suspensos desde 2004, quando foi assinado o primeiro acordo. Tanto que no dia 17 de setembro Youssef foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão por corrupção ativa. Conforme o MPF, para conseguir um financiamento de US$ 1,5 milhão ele teria pago propina de R$ 131 mil ao operador internacional do Banestado.

De acordo com Basto, ainda não há como saber se esta condenação será revista e se os demais processos que haviam sido retomados serão suspensos novamente. "Agora tudo vai depender de como os depoimentos vão caminhar. O MPF vai analisar tudo o que ele (Youssef) repassar de informações, além de apresentar provas. Temos que aguardar porque será um processo demorado, não há como antecipar nada por causa do sigilo", completou o advogado. O MPF informou, via assessoria de imprensa, que não vai comentar o assunto. A PF também foi questionada sobre o início dos depoimentos, mas não se manifestou.
Rubens Chueire Jr.
Reportagem Local-folha de londrina
UA-102978914-2