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Casal é suspeito de manter jovens em cárcere privado

Vítimas eram obrigadas a fazer serviços domésticos sem receber remuneração; há suspeitas de abuso sexual

Curitiba - Uma mulher de 54 anos e um homem de 46 foram presos em flagrante por manter duas jovens, de 20 e 15 anos, em cárcere privado. A prisão de Ermínia de Almeida Moura e José Pedro Medeiros Borges ocorreu no último sábado no bairro Atuba, em Curitiba, depois que a polícia recebeu denúncias de vizinhos do casal. Segundo informações da Polícia Civil, as vítimas eram obrigadas a fazer serviços domésticos diariamente em uma jornada extensa sem receber remuneração alguma e impedidas de sair de casa. Há suspeitas também de abuso sexual.

O delegado do 2º Distrito Policial (DP), Vilson Alves de Toledo, disse que o casal esqueceu de trancar a porta de uma edícula em que as jovens ficavam e uma delas pediu ajuda a um vizinho da casa, que chamou a polícia. Segundo o delegado, as duas meninas eram obrigadas a fazer trabalhos forçados, que começavam por volta das 5 horas da manhã e seguiam até a noite, e sofriam violência física e moral. Segundo ele, foram retirados os documentos das duas jovens para que não fugissem.

As vítimas também não tinham acesso a telefone. Segundo o delegado, quando era permitido que ligassem para os familiares era no sistema de viva voz e sob ameaças para que não contassem nada a respeito da realidade que viviam.

As duas jovens são de Uruguaiana (RS). A moça de 20 anos é sobrinha da mulher de 54 anos e estava em cárcere privado havia dois meses. Ela tinha vindo para Curitiba para estudar e trabalhar. A adolescente de 15 anos veio para a cidade para estudar.

O delegado contou que foi criado um perfil no Facebook da jovem de 20 anos para mostrar que ela vivia bem. Ele disse ainda que a adolescente relatou que teria sofrido abuso sexual. Ela deve passar por exame de conjunção carnal no Instituto Médico Legal (IML). A menina de 15 anos disse que suspeita estar grávida.

A mulher e seu companheiro foram autuados por sequestro, cárcere privado e pelo crime de redução à condição análoga à escravidão, conforme artigos 148 e 149 do Código Penal. Em depoimento, eles negaram todas as acusações. Os dois aguardarão a conclusão do inquérito policial detidos. A suspeita está no Centro de Triagem 1 e o suspeito, em carceragem especial na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com o delegado, a mulher é reincidente. Em 2012, ela foi condenada a quatro anos de prisão pelo mesmo crime - redução à condição análoga à escravidão. O processo correu na 8.ª Vara Criminal de Curitiba e havia um mandado de prisão contra ela em aberto.

As duas garotas estão agora sob proteção do Conselho Tutelar, que tenta contatar as famílias das jovens em Uruguaiana (RS). Até o momento, segundo Toledo, os conselheiros conseguiram localizar apenas um parente da vítima de 20 anos.

FOLHA DE LONDRINA
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