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Dependência de programas cresce entre os pobres

Segundo IBGE, ações de transferência de renda aumentaram participação no orçamento dos que ganham menos no Paraná e no Brasil

 
Marcos Zanutto
A recicladora Ana Paula de Oliveira, 32 anos, complementa os rendimentos da casa com os R$ 280 que recebe do Bolsa Família
Londrina – A porcentagem de programas de transferência de renda no orçamento das famílias mais pobres do Paraná aumentou três pontos percentuais em quatro anos. Em 2009, outras fontes de rendimento representavam 20,3% do rendimento das famílias que ganhavam até um quarto do salário mínimo per capita. No ano passado, este índice subiu para 23,3%. Por outro lado, a renda proveniente do trabalho diminuiu de 72,8% para 64%. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esta é uma realidade em termos nacionais também. O estudo mostrou que a média no Brasil era de 28% há cinco anos e em 2013 o índice se elevou para 37,5%. Já o recurso vindo do trabalho caiu de 66,2% para 57%.

Segundo o IBGE, são consideradas "outras fontes" programas de transferência de renda, aluguéis e bônus financeiros, entre outros. No entanto, a coordenadora da Síntese, Barbara Cobo, acredita que no caso das famílias de renda mais baixa, a maior parte dessas outras fontes vem dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

"Essas famílias mais pobres passaram a contar com esse tipo de rendimento, então eles cresceram de importância no âmbito do orçamento familiar. Mas isso não quer dizer que teve um impacto disso sobre o nível de ocupação das pessoas nessa faixa de renda, que pouco se alterou", disse Barbara.

Em relação aos outros estados do Sul, Santa Catarina vai na contramão. Em 2009, a transferência de renda representava 20,3% do total dos rendimentos das famílias mais pobres. No ano passado, este percentual caiu para 15,8%. Já no Rio Grande do Sul, o índice passou de 27,6% para 35,6%.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em dezembro 14.003.441 famílias foram contempladas pelo Bolsa Família, a um custo de mais de R$ 2,3 bilhões, o que equivale a um valor médio de R$ 169,03. No Paraná, foram beneficiadas 406.918 famílias, que receberam R$ 59,5 milhões, com um valor médio de R$ 146,24.

O MDS finalizou no último dia 12 o recadastramento obrigatório dos beneficiários do Bolsa Família, mas os números atuais de famílias atendidas pelo programa só serão divulgados em janeiro. O MDS informa que quem não realizou o recadastramento terá o benefício bloqueado. Porém, ressaltou que a atualização dos dados ainda pode ser feita pelos bolsistas para evitar a perda do benefício.

A recicladora Ana Paula de Oliveira, 32 anos, moradora do Jardim Marabá, Zona Leste de Londrina, complementa a renda de R$ 800 com os R$ 280 que recebe do Bolsa Família para o sustento dos cinco filhos. "Esse dinheiro ajuda bastante e eu compro roupas, calçados e material escolar para as crianças", contou a mãe.
Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local Com Agência Brasil-folha de londrina
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