Em dia de sangria fiscal, governo anuncia mudanças nas regras do seguro-desemprego

Os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do Planejamento, Nelson Barbosa, que tomará posse na quinta-feira, anunciaram medidas provisórias que mudam os critérios de adesão a benefícios previdenciários, como seguro-desemprego e pensão por morte. As mudanças, segundo os ministros, devem acarretar em economia de 18 bilhões de reais em 2015 — ou 0,3% do Produto Interno Bruto. As MPs passam a valer a partir de terça-feira, dia em que serão publicadas no Diário Oficial da União.
Nesta segunda-feira, o Tesouro Nacional divulgou o resultado fiscal do governo de janeiro a novembro: um rombo recorde de 18,31 bilhões de reais.
Isso significa que até o penúltimo mês do ano, a arrecadação do governo
não havia sido capaz (nem de perto) de superar seus gastos.
Houve desaceleração nas receitas e o rombo previdenciário não diminuiu
no mesmo compasso: ficou em 58 bilhões de reais no acumulado dos onze
primeiros meses do ano. No mesmo período de 2013, havia alcançado 60
bilhões de reais.
As MPs, que, na prática, significam uma
‘minirreforma’ previdenciária, precisam ter a validade confirmada pelo
Congresso Nacional no prazo de até 120 dias. As mudanças se aplicam aos
novos beneficiários — e não para aqueles que já recebem o benefício com
base nas regras antigas
As mudanças já eram esperadas e
estavam sendo desenhadas pela nova equipe econômica, com a
‘consultoria’ do ministro Guido Mantega. O anúncio, contudo, foi feito
justamente no dia em que o governo anunciou um rombo fiscal histórico —
ou seja, o mercado esperava alguma satisfação. As mudanças só foram
anunciadas após uma reunião dos ministros com centrais sindicais, entre
elas CUT e UGT, no Palácio do Planalto. Também participaram da coletiva a
atual ministra do Planejamento, Mirian Belchior, e o ministro do
Trabalho, Manoel Dias.
Segundo Nelson Barbosa, as medidas terão
impacto crescente de economia nos gastos públicos ao longo dos próximos
anos. O futuro ministro do Planejamento justificou as medidas como forma
de garantir a segurança jurídica das alterações, o que exige
“anterioridade, carência e proporcionalidade” com base no ano fiscal
anterior ao de entrada em vigor das medidas. “Essas medidas foram
adotadas porque foram propostas pela equipe atual (do ministro da
Fazenda, Guido Mantega)”, disse Barbosa. “O impacto global dessas
medidas dependem da evolução delas, de como a sociedade vai se adaptar,
mas a expectativa é de gerar uma economia de 18 bilhões de reais por
ano”, afirmou.
Fonte: Veja (Com Estadão Conteúdo e Reuters)