Após ajuste fiscal, analistas esperam por corte de gastos
Aumento de impostos promovido pelo governo desagrada setor produtivo e elevam cobrança por incentivos ao setor empresarial e pela economia de dinheiro público
Maior parte da arrecadação virá com o aumento do valor do PIS e da Cofins sobre os combustíveis e do retorno da Cide
O pacote de elevação de tributos anunciados na noite de segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é encarado por analistas como importante para recuperar os cofres públicos. No entanto, existe a cobrança para que o governo corte gastos e incentive a produção, para evitar a recessão.
De acordo com Levy, o objetivo é arrecadar R$ 20,6 bilhões extras neste ano com o pacote. A maior parte dos impostos atingirá a classe média, dizem economistas, e devem servir para conter a inflação. O problema é que estão aliados a outros reajustes de tributos e de taxas de juros, além da própria pressão inflacionária, que corroem o acesso ao crédito e o poder de compra também das classes mais baixas.
A maior parte da arrecadação virá com o aumento do valor do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre os combustíveis e do retorno da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide), estimada em R$ 12,2 bilhões. Juntos, representarão alta de R$ 0,22 para cada litro de gasolina e de
R$ 0,15 para o diesel. A mudança passa a valer em 1º de fevereiro e a Petrobras já divulgou que repassará a variação ao preço nas refinarias.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Rui Chichella, afirma que a estatal poderia absorver o custo, já que o preço do barril de petróleo no mercado internacional caiu quase pela metade. Para os donos de postos, ele vê como difícil evitar o reajuste na bomba, já que outros aumentos ocorrerão. "É importante lembrar que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é cobrado sobre tudo e vai subir com esse imposto extra", diz. "E, a partir de abril, teremos o aumento da alíquota do ICMS sobre a gasolina, anunciado pelo governo estadual no fim do ano passado", completa.
O economista Carlos Magno Bittencourt, do Conselho Regional de Economia (Corecon) do Paraná, lembra ainda que o encarecimento do diesel se estenderá a outros produtos. "Grande parte do modal de transporte brasileiro é rodoviário e o diesel tem impacto no custo de quase tudo, o que mexe com a inflação."
Outras mudanças são a elevação de 1,5% para 3% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas, na tomada de crédito de até 12 meses. Conforme a Receita Federal, a medida deve garantir
R$ 7,4 bilhões aos cofres públicos no ano. O governo também promoverá o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os atacadistas de cosméticos, para elevar a arrecadação em R$ 381 milhões no ano. Por fim, subiu de 9,25% para 11,75% o PIS/Cofins sobre produtos importados, o que deve gerar R$ 700 milhões.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi, afirma que o problema é que o governo apenas tem elevado impostos e cortado benefícios, ao contrário do que foi dito na campanha presidencial. Ele considera que, em vez de aumentar os tributos, é preciso cortá-los. "Por que não dá para fazer o inverso e reduzir gastos para que fiquemos mais competitivos? É o que a dona de casa e o empresário precisam fazer no seu dia a dia."
Professor de economia na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Azenil Staviski diz que elevar impostos é o caminho mais fácil, mas não o mais adequado para o momento. "Não condiz com a conjuntura atual, porque já se está em recessão e essas medidas causam um repique sobre a inflação e sobre os custos para empresas, além de corroer a renda do consumidor."
Para o presidente do Instituto Fractal, Celso Grisi, não havia outra saída para recuperar as contas públicas, mas diz que é preciso outras mudanças que fortaleçam o setor produtivo. "É um saco de maldades que depois deve gerar a possibilidade de o País voltar a crescer no próximo ano, quando será preciso privilegiar as classes de renda mais baixa, punidas por esse rastro recessivo." (Com Agência Brasil)
FOLHA DE LONDRINA
De acordo com Levy, o objetivo é arrecadar R$ 20,6 bilhões extras neste ano com o pacote. A maior parte dos impostos atingirá a classe média, dizem economistas, e devem servir para conter a inflação. O problema é que estão aliados a outros reajustes de tributos e de taxas de juros, além da própria pressão inflacionária, que corroem o acesso ao crédito e o poder de compra também das classes mais baixas.
A maior parte da arrecadação virá com o aumento do valor do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre os combustíveis e do retorno da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide), estimada em R$ 12,2 bilhões. Juntos, representarão alta de R$ 0,22 para cada litro de gasolina e de
R$ 0,15 para o diesel. A mudança passa a valer em 1º de fevereiro e a Petrobras já divulgou que repassará a variação ao preço nas refinarias.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Rui Chichella, afirma que a estatal poderia absorver o custo, já que o preço do barril de petróleo no mercado internacional caiu quase pela metade. Para os donos de postos, ele vê como difícil evitar o reajuste na bomba, já que outros aumentos ocorrerão. "É importante lembrar que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é cobrado sobre tudo e vai subir com esse imposto extra", diz. "E, a partir de abril, teremos o aumento da alíquota do ICMS sobre a gasolina, anunciado pelo governo estadual no fim do ano passado", completa.
O economista Carlos Magno Bittencourt, do Conselho Regional de Economia (Corecon) do Paraná, lembra ainda que o encarecimento do diesel se estenderá a outros produtos. "Grande parte do modal de transporte brasileiro é rodoviário e o diesel tem impacto no custo de quase tudo, o que mexe com a inflação."
Outras mudanças são a elevação de 1,5% para 3% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas, na tomada de crédito de até 12 meses. Conforme a Receita Federal, a medida deve garantir
R$ 7,4 bilhões aos cofres públicos no ano. O governo também promoverá o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os atacadistas de cosméticos, para elevar a arrecadação em R$ 381 milhões no ano. Por fim, subiu de 9,25% para 11,75% o PIS/Cofins sobre produtos importados, o que deve gerar R$ 700 milhões.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi, afirma que o problema é que o governo apenas tem elevado impostos e cortado benefícios, ao contrário do que foi dito na campanha presidencial. Ele considera que, em vez de aumentar os tributos, é preciso cortá-los. "Por que não dá para fazer o inverso e reduzir gastos para que fiquemos mais competitivos? É o que a dona de casa e o empresário precisam fazer no seu dia a dia."
Professor de economia na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Azenil Staviski diz que elevar impostos é o caminho mais fácil, mas não o mais adequado para o momento. "Não condiz com a conjuntura atual, porque já se está em recessão e essas medidas causam um repique sobre a inflação e sobre os custos para empresas, além de corroer a renda do consumidor."
Para o presidente do Instituto Fractal, Celso Grisi, não havia outra saída para recuperar as contas públicas, mas diz que é preciso outras mudanças que fortaleçam o setor produtivo. "É um saco de maldades que depois deve gerar a possibilidade de o País voltar a crescer no próximo ano, quando será preciso privilegiar as classes de renda mais baixa, punidas por esse rastro recessivo." (Com Agência Brasil)
FOLHA DE LONDRINA
Fábio Galiotto
Reportagem Local
Reportagem Local