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Brasil poderá ter 42 mil adolescentes mortos até 2019

Estimativa está em pesquisa divulgada ontem pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e outros órgãos

 
Londrina - As cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes poderão ter cerca de 42 mil adolescentes assassinados entre os anos de 2013 e 2019, segundo estimativa da pesquisa Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). A quinta edição do estudo, produzida com base em dados de 2012, foi divulgada ontem pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj).

A projeção revela que para cada grupo de mil pessoas com 12 anos completos em 2012, 3,32 correm o risco de serem assassinadas antes de chegar aos 19 anos, o que representa um aumento de 17% na taxa do IHA em comparação com 2011 (2,84). É o maior patamar em sua série histórica.

Alagoas, Bahia e Ceará, pela ordem, obtiveram os maiores IHA em 2012, com taxas de 8,82, 8,59 e 7,74, respectivamente. O Paraná aparece na 15ª colocação, com índice de 3,12 homicídios por mil adolescentes, à frente de estados importantes como Rio de Janeiro (2,71), Rio Grande do Sul (2,51), São Paulo (1,29) e Santa Catarina (1,14). Três cidades paranaenses estão no ranking dos 20 municípios de mais de 200 mil habitantes com os maiores IHA do País, segundo apontou o estudo: Foz do Iguaçu (16º, com 6,61), Colombo (19º, 6,43) e Cascavel (20º, 6,42). Da Região Sul, a única cidade fora do Paraná que aparece na lista é a gaúcha Viamão, na 17ª posição, com índice de 6,49.

Dos 18 municípios paranaenses que constam na relação do IHA, o que teve a maior taxa de adolescentes assassinados foi Araucária (Região Metropolitana de Curitiba), com 8,56, superando Foz do Iguaçu, Colombo e Cascavel, que vieram na sequência. Londrina apareceu na oitava posição, com índice de 4,08, à frente de Curitiba (12ª, com 2,23) e Maringá (13ª, com 1,50).

O superintendente da Delegacia de Homicídios da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Cláudio Santana, afirma que a maioria dos homicídios de adolescentes na região de abrangência da delegacia está diretamente relacionada ao tráfico de drogas.

"Normalmente, as mortes estão ligadas ao tráfico. Por conta da lei, que é, digamos assim, mais branda com os adolescentes infratores, eles sabem que quando chegarem à maioridade não terão nenhum registro criminal e acabam sendo envolvidos pelo tráfico", afirma. Em números absolutos, segundo apontou o IHA, o total de assassinatos de pessoas de 12 a 18 anos em Londrina no ano de 2012 foi de 243 ocorrências, num universo de 59.495 jovens que formavam a população dessa faixa etária no município.

Unicef

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) considerou "inaceitável" o índice brasileiro. O País só fica atrás da Nigéria em números absolutos de adolescentes mortos. "De alguma forma é uma expressão das desigualdades no Brasil e o Unicef reconhece que a situação das desigualdades está melhorando, mas essa é uma crise absoluta e inaceitável", disse Gary Stahl, representante do fundo no País. (Com Agência Brasil)
Diego Prazeres
Reportagem Local-folha de londrina
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