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O perfil do novo secretariado do Governo Beto Richa

Apesar de manter nomes técnicos, Beto Richa acomodou aliados e parentes

Curitiba – Cabeça de chapa de uma coligação formada por 17 partidos, o governador reeleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), chamou para a linha de frente de seu secretariado nomes com perfil mais político do que técnico. Ao mesmo tempo em que manteve profissionais de carreira em algumas áreas, caso de Norberto Ortigara na Agricultura e de Maria Tereza Uille Gomes na Justiça, o tucano optou por abrigar parentes e aliados nas pastas consideradas mais estratégicas, como Planejamento e Casa Civil.

De acordo com o cientista político Ricardo Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é possível fazer três grandes divisões no primeiro escalão. A primeira é a do chamado "comitê executivo familiar", liderado pelo irmão de Beto, José Richa Filho (Infraestrutura), pela esposa do governador, Fernanda Richa (Família), e pelo ex-prefeito de Maringá Silvio Barros (Planejamento), que é cunhado da vice-governadora eleita, Cida Borghetti (Pros).

A segunda leva engloba os deputados federais Eduardo Sciarra (PSD), que ocupará a Casa Civil, depois de coordenar a campanha tucana ao Palácio Iguaçu; Fernando Francischini (SD), empossado na Segurança Pública; e Abelardo Lupion (DEM), novo presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Inclui, ainda, os deputados estaduais Douglas Fabrício (PPS), titular da pasta de Esportes; e Ratinho Jr. (PSC), que deixará a AL para voltar à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu).

Há, ainda, o grupo dos técnicos, que conforme Oliveira tem como destaque dois "burocratas". Mauro Ricardo Costa, "importado" da Prefeitura de Salvador (BA), comandará a Fazenda, enquanto o ex-presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Fernando Xavier Ferreira, será o responsável pela Educação. "São nomes trazidos para organizar o governo em termos de austeridade. O Paraná apresentou uma situação pré-falimentar e as dificuldades financeiras foram reconhecidas publicamente". Para o professor, a educação pode ser uma área problemática em termos de recursos, devido às pressões por aumento salarial e pagamento de progressões. "A categoria é muito organizada, com a APP-Sindicato. Certamente, ele (Beto) colocou um interlocutor para controlar a situação".

Oliveira elogiou, por outro lado, as atuações de Maria Tereza, Ortigara e João Carlos Gomes, o último mantido na Ciência e Tecnologia. "São profissionais de destaque em suas áreas e que não ocuparam cargos no Legislativo. Mas muitas vezes não possuem força política, nem espaço suficiente".

Outra observação diz respeito à sucessão do governador. Como o tucano não poderá mais tentar a reeleição, tudo indica que ele irá se candidatar ao Senado daqui a quatro anos, deixando Cida na chefia do Executivo por pelo menos seis meses. Na opinião do cientista político, a nomeação de Ratinho Jr., que não esconde a intenção de ocupar o Palácio Iguaçu a partir de 2019, abre uma polarização dentro da base aliada. "Haverá um campo de disputa bastante intenso com a família da vice-governadora. Essas delimitações de espaço surgem com o novo secretariado. Todos, como bons políticos, já estão pensando na próxima eleição".


Mariana Franco Ramos
Reportagem Local-folha de londrina
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