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Funcionários de hospitais fazem paralisação parcial em Londrina

Servidores realizaram protestos contra o Governo do Estado no HU, HZN e HZS

Marcos Zanutto
Funcionários do HU avisaram que só prestariam atendimento se não houvesse leitos disponíveis em outras unidades
Londrina - Os servidores da saúde se reuniram na frente dos hospitais estaduais de Londrina no primeiro dia de paralisação parcial das instituições e endureceram as críticas contra o pacote de medidas para a redução de gastos que o Governo do Estado pretende implantar.

No Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (HU), como no Hospital Dr. Ignácio Eulalino de Andrade, o Hospital da Zona Sul, e no Hospital Dr. Anísio Figueiredo, também conhecido como Hospital da Zona Norte, os servidores seguraram faixas indicando a greve e criticando os projetos encaminhados pelo Governo Estadual para a Assembleia Legislativa para reduzir as despesas correntes. No HU, cerca de 300 funcionários estenderam faixas de protesto e informaram os pacientes que não realizariam o atendimento.

"Aqueles que buscavam atendimento aqui nós encaminhamos para outros hospitais. A nossa leitura é de que tivemos uma boa adesão da paralisação. Hoje o HU está lotado, com mais de 200 pacientes internados. Dos funcionários, 70% estão trabalhando para que os pacientes não sofram descontinuação do tratamento, mas eles estão trabalhando pela greve. Após o expediente, eles se juntarão aos 300 funcionários que estão na frente do hospital protestando contra o governo", declarou o secretário da Associação dos Servidores da UEL (Assuel), Adão Brasilino.

Ele destacou que os funcionários estavam orientando o pessoal do Siate e do Samu para que também não encaminhassem ninguém para o HU. "Só realizaremos atendimento se não houver mais nenhum leito disponível nos outros hospitais", esclareceu.

Brasilino pediu a compreensão da população em relação à restrição dos atendimentos. "Queremos que todos entendam a situação. Peço que todos procurem outros hospitais que não estejam em greve", orientou. O técnico de enfermagem Flávio Joaquim dos Santos, do comando de greve, afirmou que o objetivo da paralisação foi cumprido e que hoje a orientação para os funcionários que precisarem trabalhar é que utilizem narizes de palhaço.

A psicóloga Ariele Dias, do Hospital da Zona Sul, ressaltou que 100 funcionários permaneceram na frente do hospital para criticar as condições de trabalho atuais e os projetos que o governo encaminhou que supostamente acabariam com direitos conquistados, como o plano de carreira e o Paraná Previdência.

A técnica em enfermagem Sandra Pereira afirmou que tinha confiança de que os projetos enviados pelo governador Beto Richa (PSDB) não seriam aprovados. "Estou bem otimista em relação a isso", afirmou. Ela destacou que várias pessoas se deslocaram do hospital para protestar em Curitiba e que a população tem sido bastante compreensiva em relação ao movimento.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Estado do Paraná (SindSaúde) Marcelo Mendes afirmou que, além de criticarem os projetos, os servidores estão insatisfeitos com as condições de trabalho.

"No HZN temos mais de 10 leitos fechados por falta de colchões, pois os antigos acabaram rasgados de tanto uso e precisaram ser descartados por risco de contaminação. Fora isso, estamos sem material de limpeza, sem alimentos, medicamentos. A condição é lamentável", criticou.

O técnico em enfermagem Geraldo Alex Ramos, de 41 anos, ressaltou que a situação é tão grave que vários colegas foram afastados por problemas psicológicos, tamanha a pressão que sofrem. "Eu, por exemplo, não recebi o 1/3 de férias e nem as horas extras. Nós atendemos o dobro de pacientes do que o recomendável. Ninguém aguenta isso", criticou.
Vítor Ogawa
Reportagem Local-folha de londrina
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