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Professores da rede estadual protestam em todo o Paraná

Ao todo, foram 26 atos em vários municípios. Categoria estuda votar greve em assembleia que será realizada no próximo sábado

Saulo Ohara
Em Londrina, manifestação foi em frente ao Colégio Estadual Vicente Rijo
Londrina – Durante todo o dia de ontem, professores e funcionários da Rede Estadual de Educação realizaram manifestações em todo o Paraná. Pelo menos 26 atos aconteceram em várias cidades. Entre os itens que motivaram os protestos, estão o agendamento da redistribuição das aulas justamente na semana pedagógica e a nomeação de apenas 5.522 novos docentes para as 13 mil vagas abertas em concurso.

Os professores criticam também o cancelamento das licenças especiais; pagamentos em atraso, tanto da rescisão dos funcionários contratados pelo processo de seleção simplificado (PSS) como do abono relacionado ao 1/3 de férias; que os educadores da Educação Especial estão sem receber desde novembro do ano passado e estão inclusive sem o 13º salário; que as escolas estão sem receber o fundo rotativo há dois meses; que as progressões e promoções de carreira estão pendentes; e criticam a instrumentação normativa da Secretaria de Estado da Educação (Seed) que determina a não distribuição de aulas para os Programas de Atendimento de Ampliação da Jornada Escolar da Educação Básica, como salas de apoio, multifuncionais, projetos e Celem. Em Londrina, a manifestação ocorreu em frente ao Colégio Estadual Vicente Rijo.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) em Londrina, Márcio André Ribeiro, algumas escolas ficarão sem nenhuma merendeira para atender os alunos. Além disso, ele alertou que vários projetos que funcionavam no contraturno foram prejudicados, como o Celem, projeto de ensino de idiomas que foi encerrado para que os professores retornassem às suas disciplinas base.

Os projetos de oficinas esportivas no contraturno também foram encerrados para que os professores retornassem às aulas de educação física. "O problema não é retornar às disciplinas base, mas qual será o destino das crianças que participavam desses projetos e agora não terão isso disponível?", questionou. Ele explicou que no sábado haverá uma assembleia estadual que pode decidir por uma greve, caso as reivindicações não sejam atendidas.

O presidente da APP Sindicato, Hermes Silva Leão, diz que está difícil estabelecer qualquer conversa ou negociação com o Governo do Estado diante do que classifica como "caos instalado prestes ao início do ano letivo". "Temos uma assembleia agendada para o próximo sábado e não há sequer uma contrapartida de propostas ou respostas da Secretaria de Educação e Secretaria de Fazenda. Se for preciso, vamos sair de lá com indicativo de greve geral, pois não podemos começar o ano letivo assim, sem condições mínimas de trabalho", argumentou.

No final da tarde de ontem, após manifestação em frente à Secretaria de Fazenda, em Curitiba, a APP conseguiu agendar reunião para amanhã com representantes da Casa Civil. "Esperamos que tenham alguma posição sobre os pagamentos e outras demandas", disse o sindicalista.

A chefe do Núcleo Regional de Educação de Londrina, Lucia Aparecida Cortez Martins, afirmou que o momento é de turbulência. "Estamos contratando 525 professores do concurso realizado há dois anos para o núcleo de Londrina e cada um trabalhará 20 horas. Além disso, cada um pode escolher mais 20 horas extraordinárias e isso irá praticamente zerar a necessidade de professores PSS, já que os professores e funcionários do PSS giravam em torno de mil pessoas", relatou.

Segundo ela, nem todos os professores concursados chamados eram professores do PSS e havia escolas que estavam com excesso de funcionários, os quais devem ser remanejados. Sobre a iminente falta de funcionários com a demissão dos diretores auxiliares, das merendeiras e dos auxiliares de limpeza, ela destacou que eles não foram dispensados ainda.

Sobre os projetos no contraturno, ela justificou que hoje a prioridade é ter os professores na sala de aula. "Ter uma sala de contraturno acontece quando são detectados problemas de aprendizagem para que os alunos tenham aulas de reforço. Tinha colégio que não precisava e da maneira como era feito, com os professores determinados antes de saber disso, gerava transtorno sem necessidade. Esse diagnóstico demora um ou dois meses e só depois podemos fazer as contratações", alegou.

Segundo a chefe do NRE, a crise da economia tem refletido na educação. "Recebemos muitos alunos da rede privada. Só de turmas de sexto ano abrimos 20 turmas a mais em relação ao ano passado e dez a mais de primeiro e segundo anos do Ensino Médio. Mesmo com esse aumento conseguimos gerenciar essa expansão", alegou. Ela destacou que o NRE é responsável por 125 escolas na região, totalizando 6 mil professores estatutários.
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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