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Investigação apura crimes na Receita Estadual em Londrina

Ontem, foram feitas apreensões com o objetivo de desvendar esquema de propina, sonegação e lavagem

Ricardo Chicarelli
Documentos, computadores e pendrives apreendidos lotaram salas na sede do Gaeco
Londrina - Cobrança de propina, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro estão entre os supostos crimes listados na investigação que apura a corrupção por parte de seis auditores da Receita Estadual que atuavam em Londrina. Mais de 50 mandados de busca e apreensão, de documentos, computadores e pendrives, foram cumpridos durante a operação desencadeada na manhã de ontem. Os policiais estiveram em residências, empresas e escritórios de contabilidade das cidades de Londrina, Rolândia, Apucarana, Sabáudia, Alvorada do Sul e Porecatu. Materiais também foram recolhidos nas sedes da Receita Estadual em Londrina e Curitiba.

Aproximadamente 60 policiais militares, auditores do Ministério Público, oficiais de Justiça e policiais civis do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Curitiba participaram da operação. Os materiais apreendidos lotaram várias salas da sede do Gaeco em Londrina. Todos os itens serão periciados. No início da noite, auditores do Ministério Público organizavam uma espécie de mutirão para analisar alguns documentos.

A promotora de Defesa do Patrimônio Público Leila Schimiti revelou que "muitos dos agentes ostentam um patrimônio completamente incompatível com as rendas lícitas", o que chamou a atenção do Ministério Público. Conforme a promotora, para dissimular a origem dos recursos, os investigados transferiam empresas e bens como fazendas, imóveis e carros de luxo para nomes de terceiros. "Eram parentes ou laranjas. Isso servia para dissimular a origem desses valores em um processo de lavagem de dinheiro", afirmou.

Conforme a promotora, empresas com atividades de factoring, que realizavam operações de venda de crédito, consultoria e assessoria para empresários, fariam parte do esquema ainda a ser desvendado pelo Ministério Público. Os valores cobrados em propinas e o montante de recursos movimentados nas operações financeiras não foram revelados.

O promotor de Defesa do Patrimônio Público Renato de Lima Castro contou que a suspeita é que os envolvidos realizavam uma espécie de "branqueamento de capital". "Além dos empresários que pagavam propina para não serem autuados, empresas em nome de laranjas também realizavam operações lícitas para encobrir as ilegalidades", explicou.

Por enquanto, as investigações estão centralizadas em seis auditores da Receita Estadual: Luiz Antônio de Souza, José Luiz Favoreto Pereira, Orlando Aranda, Marcio de Albuquerque Lima, Marco Antônio Bueno e Antônio Carlos Lovato. Mais de 40 pessoas físicas e jurídicas tiveram os bens bloqueados pela Justiça, que também decretou a quebra de sigilo bancário e financeiro dos investigados.

Durante a tarde, os promotores receberam novas denúncias, com a indicação de nomes para serem adicionados à lista de investigados. "Estamos recebendo essas pessoas e ampliando as investigações. O Ministério Público já recebeu algumas notícias de fatos envolvendo outros agentes públicos, outros auditores fiscais e situações de empresas ou pessoas que tinham conhecimento sobre o pagamento de propina feito aos agentes públicos", comentou Leila Schimiti.

Os advogados dos investigados não foram encontrados para se manifestar sobre o assunto.
Viviani Costa
Reportagem Local-folha de londrina
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