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Médicos dão ultimato no Norte Pioneiro

Equipe de um dos principais hospitais da região aguarda pagamento de salários atrasados para evitar fechamento total da unidade, previsto para o dia 31

Antônio de Picolli
Crise ameaçou até o fornecimento de alimentação dos pacientes e acompanhantes, mas dinheiro de rifa dos funcionários custeou última compra
Santo Antônio da Platina - Após anunciar a paralisação imediata dos atendimentos no Hospital Regional do Norte Pioneiro na manhã de segunda-feira, em Santo Antônio da Platina, o corpo clínico e os diretores da casa de saúde se reuniram na tarde de ontem com representantes do Ministério Público Estadual, Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro (Cisnorpi) e a Secretaria Municipal de Saúde para definirem medidas emergenciais para evitar o fechamento total do hospital após o dia 31.

Conforme os médicos, para que o fechamento não ocorra a Secretaria Estadual de Saúde (SESA) deve agendar, e cumprir, a regularização dos salários dos profissionais - atrasados desde dezembro - e realizar as manutenções na estrutura predial e nos equipamentos do Centro Cirúrgico e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal.

De acordo com o diretor técnico do HR, Fábio Chaves, os problemas estão sendo ‘administrados’ desde setembro de 2013, mas agora a situação ficou insustentável. "Os médicos estão cansados de promessas e compromissos firmados que nunca foram concretizados. Convivemos com este dilema há um ano e seis meses e não podemos continuar levando as coisas de qualquer jeito", explica o obstetra.

A crise institucional é tão grave que até o setor de farmácia do HR sofre com a carência de medicamentos básicos para poder realizar os atendimentos. Insumos como seringas, luvas cirúrgicas e até materiais usados para curativos estavam sendo emprestados de hospitais da região.

Na sexta-feira a situação financeira do Hospital se agravou de tal forma que não havia sequer mais alimentos para fornecer aos pacientes e acompanhantes. Conforme o diretor técnico do HR foi preciso usar o dinheiro dos funcionários para fazer uma compra emergencial. "Na sexta-feira tivemos que usar o dinheiro de uma rifa da festa de fim de ano dos funcionários para garantir a alimentação aos pacientes e acompanhantes. Como podemos continuar trabalhando desse jeito?" questionou o médico alertando para os riscos nos atendimentos, devido aos problemas nos equipamentos. "Estamos com problemas no aparelho que é usado na reanimação dos bebês na UTI Neonatal. Os profissionais estavam trabalhando inseguros com a falta dos equipamentos necessários. Além do respirador existem outros aparelhos com defeitos, mas precisávamos salvar vidas, e sempre nos arriscamos, mesmo temendo sérias consequências. Isso não vai mais ocorrer!", afirmou.

Nesta quarta-feira, diretores do Cisnorpi e do Hospital Regional do Norte Pioneiro pretendem se encontrar com o secretário estadual de Saúde, Michele Caputo Neto, para expor a situação.

De acordo com Chaves, o Governo do Estado precisa depositar algo em torno de R$ 1 milhão ao hospital para regularizar a situação evitar o fechamento da unidade. Caso isso não ocorrer até o dia 31, os pacientes serão transferidos a outros centros do Estado e as atividades serão encerradas.
Luiz Guilherme Bannwart
Especial para a FOLHA-FOLHA DE LONDRINA
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