[Fechar]

Últimas notícias

No PR, 440 mil se deslocam para trabalhar ou estudar

Segundo estudo do IBGE, Curitiba concentra 77,2% do total de fluxo de deslocamentos entre áreas conurbadas, seguida por Maringá (9,6%) e Londrina (7,3%)

Anderson Coelho
Usuários do transporte metropolitano que vêm a Londrina trabalhar ou estudar pedem melhorias nas linhas das cidades conurbadas
Londrina – Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2010, o Paraná tinha 440 mil pessoas que se deslocam para estudar e trabalhar para municípios diferentes de onde moravam. O estudo inédito sobre as concentrações urbanas e arranjos populacionais de todo o país, divulgado na quarta-feira, mostra que o maior fluxo do Estado ocorre na concentração urbana de Curitiba, com 340 mil pessoas nessa condição (77,2%), seguida pela região de Maringá, com 42 mil pessoas (9,6%); e a de Londrina, 32 mil pessoas (7,35%).

O estudo não considera as regiões metropolitanas, mas as áreas de conurbação. Enquanto o arranjo populacional de Curitiba é formado por 18 municípios, o de Maringá tem nove, e o de Londrina, quatro. Essas três áreas concentram 94% do total de pessoas que precisam se deslocar para trabalhar ou estudar no Estado. O restante está dividido por outras 13 áreas espalhadas pelo Paraná, como Toledo, Ponta Grossa e Umuarama. Municípios que fazem divisa com Santa Catarina também chamam a atenção, como União da Vitória e Rio Negro.

Considerando apenas os municípios de origem e destino, os quatro maiores fluxos estão na capital. Das pessoas que procuram Curitiba, 56,7 mil são de Colombo; 34,2 mil de São José dos Pinhais; 33,7 mil de Almirante Tamandaré; e 28,2 mil de Pinhais. O maior deslocamento do interior é o de Sarandi para Maringá (Noroeste). Com 21,7 mil pessoas, aparece em quinto lugar no ranking estadual. Já o trecho Cambé para Londrina é o sétimo mais recorrente do Paraná, com 18,6 mil passageiros.

O emprego é o motivo que leva mais gente a se deslocar dentro de seus arranjos populacionais, com 335 mil trabalhadores em todo o Estado, o que corresponde a 78,4% do total. Em seguida, aparece o estudo, com 60,9 mil pessoas em deslocamento (15,3%). Já o grupo de indivíduos que trabalham e estudam em outras cidades soma 24 mil, ou 6,3% dos números estaduais. Na área de Londrina, o trabalho, com 85,4%, é o maior motivador entre os principais arranjos, contra 80,6% da capital, 74,9% de Maringá. Por outro lado, é a que apresenta o menor fluxo por estudo, com 10,4%. Nesse quesito, Maringá lidera com 19,8%. Já o maior índice de deslocamento por trabalho e estudo é o da capital, com 6,6%.

DEPENDÊNCIA
O professor do departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Fábio Cunha avaliou como expressivos os números de deslocamentos nas regiões de Londrina e Maringá. Para ele, os dados mostram uma dependência maior ao município sede na região de Maringá do que na de Londrina. "Cambé está alcançando um bom nível de industrialização, o que ainda não acontece em Sarandi ou Paiçandu, por exemplo. Com a oferta de emprego, as pessoas eliminam a necessidade de se locomover."

Cunha explica que, por mais eficiente que seja o sistema de integração nas áreas conurbadas, o ideal é que o cidadão trabalhe ou estude em seu município de origem. "Isso evita o tempo perdido com o deslocamento e proporciona mais qualidade de vida para o trabalhador ou estudante". Segundo ele, o estudo é muito importante por se tratar de uma iniciativa inédita que vai mostrar a realidade que vem se formando há algum tempo. "É um fenômeno que não ocorre só nas grandes metrópoles, mas também nesses aglomerados urbanos definidos como arranjos populacionais".

No entanto, o professor destaca que municípios de médio porte como Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) e Apucarana (Norte) devem ser incluídos nas áreas de concentração urbana. "O Norte do Paraná tem uma característica singular, com dois grandes centros que tendem a se encontrar. Essas cidades no eixo rodoviário devem ser levadas em conta", pontua. Em estudo, ele defende a área que chama de Aglomerado Urbano Central (AUC) em detrimento ao modelo adotado de regiões metropolitanas. "É a região onde de fato há uma integração, formada por manchas urbanas de contiguidade. No Paraná, as regiões metropolitanas são enormes porque sofrem influência de politicagem", critica.




Celso Felizardo
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2