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Operação Publicano prende mais 19 no PR, SP e RJ

Gaeco apura se auditores fiscais livravam empresários do pagamento de tributos estaduais em troca do pagamento de propinas

Saulo Ohara
Mandados de prisão foram cumpridos na manhã de ontem em Londrina, Ibiporã e Curitiba
Um desdobramento das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sobre um esquema de corrupção e cobrança de propina na Receita Estadual (RE) levou à prisão mais 19 pessoas, incluindo sete auditores fiscais, empresários e um policial civil. A operação Publicano, em referência nome dado ao coletor de impostos na época do Império Romano – apura se auditores fiscais livravam empresários do pagamento de tributos estaduais (especialmente ICMS) em troca do pagamento de vultuosas propinas. Tais atos podem configurar corrupção ativa e passiva, formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

Os mandados de prisão, expedidos pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, que atua desde janeiro no caso que começou com uma investigação de exploração sexual de adolescentes, foram cumpridos na manhã de ontem em Londrina, Ibiporã e Curitiba. O mesmo magistrado também autorizou busca e apreensão em residências e endereços comerciais em Maringá, Bandeirantes, Campina Grande do Sul, Alvorada do Sul, Palmital (SP), Rio de Janeiro e Angra dos Reis (RJ). Além disso, foram expedidos 15 mandados de condução coercitiva – quando a pessoa é levada para prestar depoimento, mas não permanece presa. Só em Londrina, 60 policiais e promotores participaram da operação e no total, 80 agentes foram mobilizados nos três estados.

Apenas um dos suspeitos não foi localizado: o ex-delegado da Receita Estadual de Londrina, Márcio de Albuquerque Lima, que é auditor concursado do Estado, mas está afastado em decorrência das investigações. Lima passou a ser alvo do Ministério Público (MP) no começo de março, quando a Justiça decretou a quebra de seu sigilo bancário e fiscal, além de autorizar busca e apreensão em sua residência e no gabinete que ocupava em Curitiba até março, quando ainda era inspetor-geral de Fiscalização da RE do Paraná.

Lima e outros auditores são investigados por possível enriquecimento ilícito. É o caso de Luiz Antônio de Souza, que também teve a prisão decretada ontem, embora já esteja preso desde janeiro, quando foi flagrado em um motel com uma adolescente de 15 anos. Outro auditor que também já estava preso por supostamente integrar um esquema de exploração sexual, é investigado por patrimônio incompatível com a renda e teve a prisão novamente decretada foi José Luiz Favoreto.

Entre os 19 presos ontem estão o ex-delegado da RE de Londrina Dalton Lázaro Soares e os auditores Marco Antônio Bueno e Rosângela Semprebom, irmã de Luiz Antônio de Souza. Também faz parte da família Rosineide de Souza, irmã de Rosângela e Luiz Antônio. Além de advogada, ela é funcionária da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Concursada como agente administrativo, ela tem salário de R$ 1,5 mil. Porém, segundo dados da assessoria de imprensa da companhia, está de licença não remunerada para estudo desde junho do ano passado. Por ter registro na OAB, ela seria conduzida a uma sala de Estado Maior, possivelmente, o Corpo de Bombeiros.
Loriane Comeli
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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