Agências de publicidade contratadas pelo ministério e pela Caixa Econômica Federal repassavam 10% do faturamento a empresas de André Vargas.

A Operação Lava Jato da Polícia Federal detectou um esquema de repasse de verbas de duas agências de publicidade contratadas pelo Ministério da Saúde e pela Caixa Econômica Federal para empresas de fachada ligadas ao ex-deputado petista André Vargas, preso nesta sexta-feira durante a 11ª fase da operação, batizada ‘A Origem’. Segundo a PF, as agências, com sedes em São Paulo e no Paraná, repassavam 10% dos ganhos a empresas de Vargas e seu irmão, Leon, também preso nesta sexta. “A princípio esse bônus ia para os políticos”, explica o delegado Márcio Anselmo, que conduziu a investigação. “Ainda não dá para estimar os valores. Dependemos das buscas de hoje.”
A PF identificou a operação como um crime de lavagem de dinheiro. Subcontratadas pelas agências para prestar serviços como produção de filmes publicitários e spots de rádio para o Ministério da Saúde e a Caixa, as empresas fantasma de Vargas emitiam notas frias de serviços que não foram prestados. As empresas dos irmãos Vargas não tinham funcionários, segundo a PF. O publicitário Ricardo Hoffmann, diretor da agência Borghi Lowe, também foi preso temporariamente.
A investigação identificou um repasse de 2,4 milhões de reais do doleiro Alberto Youssef para o irmão de Vargas. Uma casa de alto padrão em Londrina foi registrada no nome da mulher de Vargas, que não tinha lastro financeiro para a aquisição.
Nesta sexta-feira, a PF deflagrou a 11ª fase da Lava Jato e dete pessoas foram presas, entre elas o ex-deputado Luiz Argôlo (SD-BA). Já foram cumpridos catorze mandados de busca e apreensão dos dezesseis autorizados pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba (PR). Contra Argôlo, a PF tem indícios de que ele emitiu notas fraudulentas e era sócio de Youssef em uma empresa de locação de máquinas e equipamentos.
Fonte: Veja
ATUALIZAÇÃO ÀS 16 HORAS:
A agência de publicidade Borghi Lowe, investigada pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, assinou em 2013 um contrato de publicidade com a Caixa Econômica Federal que já soma 1 bilhão de reais como valor global – 500 milhões de reais por ano. Inicialmente, o contrato previa um ano de serviço de publicidade e propaganda para a Caixa e suas subsidiárias. Assinado em abril de 2013, o contrato foi prorrogado no ano passado e está vigente até 21 de abril deste ano.
Desde 2008, a Borghi Lowe já era uma das agências responsáveis pela publicidade do banco. O contrato anterior, também assinado com a Gerência de Filial Logística de Brasília, vigorou até 2013 e chegou ao valor reajustado de 42,7 milhões de reais.
Além disso, a agência já recebeu pagamentos diretos do governo federal que ultrapassam 112,8 milhões de reais, desde que firmou em 2010 um contrato para fazer as campanhas do Ministério da Saúde. Quando assinado, o contrato de número 314/2010 foi previsto em valor total de 120 milhões por ano. Renovado desde então, teve o valor reajustado para 150,2 milhões em dezembro do ano passado.
De acordo com a PF, a agência orientou produtoras subcontratadas para produção de comerciais a repassar os 10% do bônus por volume a empresas de fachada do ex-deputado federal do PT André Vargas e seu irmão Leon Vargas. Ambos foram presos nesta sexta-feira no Paraná, durante a 11ª fase da Lava Jato. Outro preso é o diretor geral da Borghi Lowe, o publicitário Ricardo Hoffmann.
A Borghi Lowe é uma das gigantes da propaganda nacional e também firmou contratos recentes com o Tribunal Superior Eleitoral, Conselho Federal de Engenharia – por cerca de 6 milhões de reais cada – e um convênio com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para realizar uma campanha contra o consumo de drogas.
fonte - revista veja

