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Governo expõe salários na web e irrita professores

APP Sindicato diz que Executivo "distorce a verdade" ao destacar salários acrescidos de férias e de educadores com 35 anos de trabalho

Reprodução 
 
Sem acordo sobre o índice de reajuste dos professores estaduais, as diferenças entre o governo do Paraná e a APP Sindicato aumentaram depois que o Portal da Transparência do Executivo passou a dar destaque para os salários da categoria. É a primeira vez que o serviço é oferecido com exclusividade para um grupo de servidores, enquanto nenhuma outra mudança foi promovida na página oficial.

Se o internauta quiser informações de outras áreas ou sobre outros temas como gastos com viagens, o processo de busca no Portal da Transparência continua complexo. Para salários de outros servidores, por exemplo, é preciso digitar o nome completo e exato do funcionário. Em recente reportagem sobre as viagens do governador Beto Richa (PSDB), a reportagem da FOLHA precisou solicitar os dados diretamente ao gabinete e na ocasião a assessoria do Palácio Iguaçu reconheceu que eram necessárias melhorias no portal. Porém, ainda não houve mudanças.

Procurado para comentar o destaque dado para o salário dos professores, o governo alegou, por meio de nota, que "a decisão foi tomada para atender a questionamentos de todo o Estado com respeito ao verdadeiro valor dos salários dos professores da rede estadual de ensino". Beto tem defendido que a remuneração no Estado para o magistério é uma das melhores do País (leia mais na página 6). "O governo do Paraná também está preparando a divulgação de dados de outras áreas", finaliza a nota.

Em consulta aleatória, a lista disponibilizada referente a todos professores de Londrina tem no topo o salário mais alto, de R$ 14 mil, da chefe do Núcleo Regional de Educação, cargo de confiança. Na sequência, vem os salários menores, até encerrar a lista com R$ 550. Na cidade de Ortigueira (Campos Gerais), a lista começa com o salário de R$ 7,3 mil e termina com R$ 1,5 mil.

A APP Sindicato rebateu ontem a medida do governo no site oficial publicando um material sob o título "Quer saber quanto ganha um(a) educador(a)? Pergunte a ele(a)!". A secretária de Finanças da APP, Marlei Fernandes, disse que a entidade "repudia essa clara tentativa do governo de desqualificar a greve, querendo mostrar que os professores ganham bem".

Segundo ela, os salários mais altos "acabam distorcendo a verdade". "O governo pegou os salários brutos de março, quando recebemos aquele um terço das férias e destacou os profissionais com 35 anos de trabalho", alegou Marlei. "Eu tenho 25 anos de magistério e ganho R$ 5 mil."
Edson Ferreira
Reportagem Local-folha de londrina
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