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Produção recorde de etanol mostra recuperação do setor

Geração do biocombustível bateu 28,6 bilhões de litros em 2014 mesmo com redução da cana processada e mudanças nas políticas geram otimismo em empresários

Gustavo Carneiro
No Paraná, tributo sobre o etanol é de 18% e, sobre a gasolina, de 29%: custo-benefício
A produção nacional de etanol cresceu 4% sobre 2013 e bateu recorde no ano passado, com 28,6 bilhões de litros, segundo a "Análise de Conjuntura de Biocombustíveis" divulgada essa semana pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O resultado, aliado às mudanças em políticas de preços e de impostos da gasolina e ao aumento de 17% na entrega de energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN) ante o ano anterior, mostram que o setor tende a entrar em recuperação nos próximos anos.

Conforme a EPE, o aumento na produção de etanol, que superou os 27,9 bilhões de litros do teto anterior, em 2010, repercutiu o baixo preço do açúcar no mercado internacional, que fez com que o setor direcionasse a maior parte da produção de cana-de-açúcar para a fabricação de álcool. Ainda, a elevação no último mês de março do percentual de álcool anidro na gasolina, de 25% para 27%, além do retorno da Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o combustível concorrente, elevaram a margem de lucro do etanol hidratado.

Paralelamente, entidades como a Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar) ganharam espaço em negociações com os governos federal e estadual, para criar um ambiente mais propício aos investimentos em plantações e usinas. Se em 2014, segundo a EPE, 13 destilarias deixaram de funcionar, três voltaram e uma nova foi implantada neste ano. "Além de assegurar o abastecimento, temos buscado com os governos estaduais a possibilidade de chegar a preços que compensem o uso do etanol em relação à gasolina", afirma o presidente da Alcopar, Miguel Tranin.

Ele cita a experiência adotada em Minas Gerais, de reduzir o imposto sobre o etanol para 14% e manter o da gasolina em 29%, o que fez com que aumentasse a vantagem no consumo do biocombustível e as vendas em postos. No Paraná, a mudança ainda está em negociação, mesmo que a melhor relação custo-benefício já exista no Estado. Tranin conta que o tributo sobre o álcool é de 18% e, sobre a gasolina, de 29%.

ENERGIA

No entanto, é sobre a produção de energia elétrica a partir do bagaço e da palha da cana, dois materiais que costumam ser descartados, que a EPE foca a conclusão do estudo. Com o colapso hídrico que prejudicou a geração hidrelétrica no ano passado, o debate sobre o uso de biomassa para gerar eletricidade volta a ter força. "Para as usinas sucroenergéticas, a geração de energia com fins comerciais passou a ser vista como atrativa, principalmente devido aos baixos preços internacionais do açúcar observados nos últimos anos, e um cenário de dificuldades para o etanol", informa a estatal, no estudo.

O presidente da Alcopar considera que o Paraná gerou 750 mil megawatts no ano passado por meio de usinas de cana, mas tem potencial para chegar a 3 milhões de megawatts. "Essa produção dá um fluxo de caixa mais rápido e pode aliviar para as usinas, com complemento superior a 15% na receita industrial. E é algo que não é contado hoje", diz.

Para Tranin, ainda é preciso encontrar uma solução para o endividamento do setor. No Paraná, ele afirma que os débitos estão em torno de R$ 5 bilhões, valor alto, mas bem abaixo de outros estados. "O governo passou a reconhecer a nossa importância e somos uma alternativa viável para os próximos anos", completa. (Com Agência Estado)
Fábio Galiotto
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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