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SUPER IDOSOS - Quarta idade desafia o Brasil


Grupo etário a partir de 80 anos deve crescer dez vezes mais do que a população geral até 2030

 
Já é corrente o uso das expressões super idosos e quarta idade para descrever a população com 80 anos ou mais. Com a queda das taxas de fecundidade e o aumento da expectativa de vida da população brasileira, esse é um grupo etário que está cada vez mais ganhando importância.

Segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, ano do último Censo Demográfico, o Brasil tinha aproximadamente 2,7 milhões de habitantes com idades a partir de 80 anos. Até 2030, a população nessa faixa etária deve aumentar 144% e chegar a pouco mais de 6,5 milhões. Esse crescimento representaria dez vezes o aumento da população geral do País, que deve ser de 14% no período 2010-2030.

No Paraná, a diferença seria ainda mais acentuada: o IBGE projeta que o contingente local de super idosos passaria dos 140,4 mil de 2010 para 400,8 mil em 2030, variação de 185%, 15 vezes mais do que o crescimento geral da população paranaense previsto para o período (12%).

De acordo com as estimativas do IBGE, o número geral de habitantes do Brasil vai crescer até 2042. A partir do ano seguinte, haverá redução. Em 2060, o País terá pouco mais de 218 milhões de habitantes, 8 milhões a menos na comparação com 2050. Entretanto, a população com 80 anos ou mais vai crescer: na década de 2050-2060, o IBGE projeta que esse grupo etário vai passar de 15 milhões para 19,1 milhões de pessoas.

Renato Peixoto Veras, diretor geral da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unati-Uerj, entidade de ensino, pesquisa e extensão voltada a questões do envelhecimento), diz que o Brasil já está enfrentando as consequências desse processo, iniciado há mais de 30 anos, no qual está deixando de ser um país "jovem" para ter um perfil demográfico próximo dos países desenvolvidos, com mais idosos que vivem cada vez mais.

"O Brasil vai ter o duplo desafio de atender os problemas da juventude, como educação e saúde, e também os dos idosos. O setor produtivo vai ter que segurar essas duas pontas, ou seja, nos próximos anos a carga fiscal certamente terá que ser aumentada", alerta o diretor, que considera que o Brasil não está preparado para essa demanda. "O aumento da população idosa está muito mais veloz do que o avanço das políticas públicas."

Veras, que aponta que "envelhecer é uma vitória, mas tem um preço", cita os sistemas de previdência e de saúde como áreas que vão exigir uma "conta" cara. "Há no mundo todo uma crise previdenciária geral. As pessoas trabalhavam 30, 35 anos e as aposentadorias eram para que vivessem mais uns cinco anos. Mas hoje o maior período da vida é a maturidade. Depois que se aposenta, a pessoa pode viver mais 30, 40 anos. Há casos de pessoas que têm mais tempo de vida aposentadas do que trabalhando", explica.

"Quanto aos impactos na saúde, há uma mudança de perfil. Antes, a prioridade estava no atendimento das doenças agudas, como sarampo, que duravam alguns dias. Agora, lida-se principalmente com as doenças crônicas, que duram até o fim da vida: 20, 30 anos. O custo é muito maior", argumenta o diretor.

No último dia 7, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei do deputado federal Simão Sessim (PP-RJ), que altera o Estatuto do Idoso. Pela proposta, pessoas com 80 anos ou mais teriam prioridade em relação aos idosos entre 60 e 79 anos nas ações de assistência, atendimentos de saúde e tramitação de processos na Justiça. O projeto já havia passado pela Comissão de Seguridade Social e Família em 2013. Agora, vai para votação em plenário.

FOLHA DE LONDRINA

Fábio Galão
Reportagem Local
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