[Fechar]

Últimas notícias

Alta de tarifa de energia deixa mercado livre mais atrativo

Reajustes em concessionárias inflam custos de eletricidade em até 140% para indústria e fazem empresários voltar os olhos para compra direta de geradores

Gina Mardones
Pelo consumo, centros de compras e grandes lojas de departamentos estão entre os potenciais clientes do mercado livre de energia
 
Os recentes reajustes nas tarifas de eletricidade deixaram o mercado livre de fornecimento de energia mais atrativo aos empresários paranaenses, pela possibilidade de economizar até 35% na conta e de ter previsibilidade de custos de produção. Agentes de intermediação nos contratos afirmam que houve redução na procura até 2014 porque o custo no mercado cativo estava mais baixo, situação que mudou neste ano.

Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o impacto médio com a alta nas tarifas foi de até 140% para indústria entre junho de 2014 e julho de 2015. Foram dois reajustes da Companhia Paranaense de Energia (Copel) só em 2015, um de 36,8% em março e outro de 15,32% em junho, em média, para o Ambiente de Contratação Regulada (ACR).

Nesse cenário, a alta atinge o consumidor comum, chamado de cativo. Empresas com carga de conexão superior a 500 quilowatts (kW), porém, têm a possibilidade de aderir ao Ambiente de Contratação Livre (ACL), pelo qual abrem mão do suprimento pela concessionária local e fecham contratos de compra de energia diretamente com produtores, de acordo com o preço e por período mínimo de um ano. O processo de migração demora seis meses.

O presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, afirma que a procura pelo mercado livre diminuiu até o ano passado, com a política federal de renovar concessões no setor elétrico mediante redução de até 20% nas tarifas reguladas. A crise hídrica também contribuiu para elevar os preços no ACL, o que fez com o custo batesse em R$ 820 por megawatt-hora (MWh) em 2014. Ele diz que o valor caiu para R$ 388/MWh no início deste ano e que já está em R$ 190/MWh, o que explica o aumento da procura.

Vlavianos estima em R$ 240/MWh o custo médio atual no mercado cativo. "Além da vantagem econômica, existe a previsibilidade de custos, que evita sustos quando há alteração na tarifa", completa. Isso porque o reajuste em contratos do ACL é definido pelo consumidor e pelo gerador de energia, normalmente atrelado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).

O diretor comercial da Prime Energy, Leonardo Granada Midea, afirma que os reajustes da Copel fazem com que a economia no ACL seja de até 35% em relação ao cativo. Por isso, conta que houve três vezes mais contatos com a empresa desde o início do ano para informações sobre contratos do tipo. "Empresas com 500 KW de potência de demanda são 40% de todo o mercado consumidor do País, mas apenas 25% já estão no mercado livre. Sobram 15% de pequenas, médias e grandes empresas que ainda podem aderir", diz, ao lembrar que não há pagamento de bandeira tarifária, apenas de taxa de distribuição.

Midea considera que indústrias médias, supermercados e grandes comércios atinjam a potência de demanda mínima. Há, contudo, um certo receio no consumidor em migrar de sistema porque, para retornar do ACL para o ACR, o consumidor de 500 kW a 3 mil kW de demanda deve avisar a distribuidora com 180 dias de antecedência. Em potências acima disso, a notificação precisa ser feita cinco anos antes. "Existe também uma mística de que há flutuação de preços, mas os contratos são sobre indexadores de preço. E a qualidade e garantia de entrega é a mesma da distribuidora, o que mostra como o mercado é viável", completa o diretor comercial da Prime Energy.

Em baixa

O consumo no mercado livre caiu 6% nos últimos 12 meses, apesar do recente aumento de interesse dos empresários pela modalidade. A explicação é que o cenário econômico adverso do País fez com que caísse a demanda, segundo levantamento divulgado na última quinta-feira pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Fábio Galiotto
Reportagem Local-folha de londrina
UA-102978914-2