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Estradas pedagiadas agradam apenas 47,7% dos motoristas

Segundo pesquisa encomendada pela Faep, nível de satisfação muda muito de acordo com as mesorregiões do Estado

 
Gina Mardones/24-04-2015
No Paraná, 81,6% consideram que os preços cobrados pelas concessionárias estão totalmente incompatíveis ou incompatíveis com o que essas empresas oferecem
Menos da metade dos motoristas paranaenses (47,7%) estão satisfeitos ou muito satisfeitos com as rodovias pedagiadas do Paraná e 79% pensam que o governo deve fazer um novo contrato com as atuais concessionárias, com novas regras, duplicações e obras, e redução do valor da tarifa. Os números são de uma pesquisa feita pela Paraná Pesquisa para a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), entidade que defende a renovação dos atuais contratos que vencem em 2022. O resultado do levantamento foi divulgado ontem, no mesmo dia em que o governo anunciou que pretende lançar um novo pacote de concessões (leia mais nesta página).

Segundo a Paraná Pesquisa, o nível de satisfação muda muito de acordo com as mesorregiões do Estado. Ele é mais elevado na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), onde 57% dos motoristas se disseram satisfeitos ou muitos satisfeitos com as rodovias pedagiadas. E é menor no Centro Sul, onde só 40,9% responderam dessa forma. No Norte, 43,6% dos motoristas estão satisfeitos ou muito satisfeitos.

A satisfação também muda muito conforme a classe social dos 2.500 motoristas entrevistados. Entre os mais ricos (classes A e B), 50,2% se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos. Entre os mais pobres (classes D e E), só 29,6% apresentaram essas respostas. Quando convidados a comparar as pistas do Paraná com as de outros Estados, 33,6% dos motoristas dizem que as paranaenses são piores ou muito piores e 43,4% acham que são melhores ou muito melhores.

Se quase metade dos motoristas se dizem satisfeitos ou muitos satisfeitos com as rodovias pedagiadas, o nível de aprovação despenca quando as tarifas entram na pesquisa: 81,6% consideram que os preços cobrados pelas concessionárias estão totalmente incompatíveis ou incompatíveis com o que essas empresas oferecem.

O presidente da Faep, Ágide Meneguette, diz que o resultado do levantamento "não foi novidade". "Ele traduz o pensamento não só do produtor rural, mas de todos os usuários", declara. Meneguette defende que o governo faça já uma negociação com as concessionárias definindo obras e redução de tarifa. A posição da Faep contraria a da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que se declararam publicamente contrárias à renovação. Elas afirmam que os preços atuais são muito elevados e que os contratos são alvos de várias ações judiciais movidas tanto pelo governo quanto pelas concessionária. E que, por isso, não há como fazer uma negociação que seja favorável ao usuário das rodovias.

Já o Estado não assume que defende a renovação com as atuais concessionárias. Mas há quem diga que o governo está usando a Faep para criar um clima favorável à renovação. "Não tem nada disso", reage Meneghette. "Nós que levamos essa proposta ao governador (Beto Richa). A economia do Paraná não pode esperar sete anos (para as tarifas baixarem com novo processo de concessão)."

A maior parte do Anel de Integração concedido pelo governo do Estado à iniciativa é formada por estradas federais (BRs). Para realizar a concessão, no final da década de 1990, foi preciso que a União delegasse essas rodovias ao Paraná. O convênio de delegação também vence em 2022. Somente outros quatro Estados (Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Amazonas) têm convênios do tipo. O Rio Grande do Sul devolveu as BRs ao governo federal no ano passado.

Questionado se o Paraná não deveria fazer o mesmo, deixando que a União faça novas concessões daqui a sete anos, Meneguette afirma "ter dúvidas". "O governo federal está preocupado com as rodovias do Norte, do Mato Grosso para cima. Além disso, se as concessões são feitas pelo governo estadual, é mais fácil de fiscalizar", declara.

A reportagem tentou repercutir a pesquisa com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), mas o presidente da entidade no Paraná, João Chiminazzo, estava em viagem na tarde de ontem.
Nelson Bortolin
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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