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Gasto com frota oficial cresce 30% em cinco anos no PR

Despesas com manutenção de veículos oficiais saltam de R$ 31,7 milhões em 2010 para R$ 41,5 milhões em 2015; mais de 400 carros estão em oficinas

Marcos Zanutto
Das 378 viaturas oficiais que circulam pelo polo de Londrina, 151 ainda aguardam em oficinas liberação da ordem de serviço para realização dos reparos
Em cinco anos, o gasto do Paraná com contratos e despesas com manutenção da frota aumentou 30,78%. A despesa saltou de R$ 31.773.231,24 em 2010, com 46 prestadores de serviço diferentes, para um patamar de R$ 41.554.209,32 com 38 prestadores em 2014. Mesmo assim, o volume de viaturas paradas em função da necessidade de reparos continua alto e tem sido pauta recorrente nas reuniões do Departamento de Transporte Oficial (Deto), ligado à Secretaria de Estado da Administração e da Previdência.

Na tarde de ontem o gerente do Deto, Cesar Ribeiro Ferreira, esteve no Iapar, em Londrina, para tentar explicar os gastos. Ele destacou que dos 1.211 veículos da frota, 471 estão aguardando a realização dos serviços. Só para se ter uma ideia da situação, das 378 viaturas do polo de Londrina, que abrange oito municípios, 109 tiveram a ordem de serviço atendida e 151 ainda não. As demais ainda estão aguardando a avaliação. A Polícia Civil, por sua vez, possui 50 ordens atendidas e 81 não atendidas.

No Centro Automotivo Bandeirantes, no Jardim Bandeirantes (zona oeste), por exemplo, desde junho já foram vistoriados 50 veículos para realizar uma lista de checagem de reparos necessários. Segundo a gerente Angélica Francisca Bianchi, até agora foram realizadas 15 liberações de veículos e existem mais oito viaturas paradas no pátio aguardando que o Estado emita a ordem de serviço. "Muitos desses veículos não receberam a manutenção preventiva e os reparos ficam com custos mais elevados devido a isso. Por exemplo, se a pessoa não troca a pastilha de freio e o disco não aguenta a retífica, é preciso trocar todo o disco, em vez de substituir apenas as pastilhas de freio", apontou.

Ela disse que algumas dessas viaturas estão paradas há pelo menos seis meses. O caso mais grave é de uma viatura da Polícia Civil que estava com vários problemas, o mais visível era o eixo cardã avariado. Um dos servidores que foram buscar uma viatura na oficina foi o agente do Departamento de Execução Penal (Depen) Mário Sérgio Hidalgo. Embora trabalhe em Londrina, ele apontou que houve um período no ano passado em que era obrigado a realizar os consertos por Apucarana ou Arapongas para conseguir que as viaturas recebessem a manutenção adequada. "Agora melhorou um pouco. Ficou mais ágil e mais rápido", garantiu.

DIFICULDADES FINANCEIRAS
O Deto atribui o alto volume de veículos parados às dificuldades financeiras que o Estado e o País passam desde meados do segundo semestre do ano passado. Segundo o comunicado da assessoria do departamento, o problema ocasionou o atraso no pagamento e paralisação de alguns serviços, provocando o represamento na manutenção de carros. Ao todo são mais de sete mil ordens de serviços geradas para o conserto de veículos. Atualmente a frota do Estado é de 14,5 mil veículos, mas o contrato prevê a manutenção de 15,5 mil viaturas do Estado.

Desde o dia 9 de junho deste ano foi implantado um novo modelo para a realização de reparos nos veículos do governo. Agora são exigidos três orçamentos avaliados pelo Deto e aprovados pelo órgão solicitante. Segundo o órgão, o atraso não foi pela troca do sistema, pois o órgão tinha se preparado para todo o processo de transição entre um sistema e outro. O credenciamento dos prestadores de serviço segue critérios e regras previstas em contrato, que vão desde a conferência documenta, até a avaliação ferramental disponível e estrutura.

No caso de um reparo, por exemplo, a gestora de frotas solicita orçamento de três credenciadas próximas. A análise é feita pelo Deto, e o serviço, autorizado pelo órgão estadual solicitante. Os custos têm como parâmetros valores de mercado, conforme tabela vigente no setor (tabela Audatex).

A assessoria do Deto também afirmou que o atraso aconteceu por razões não previstas e que não tinham o controle do Deto/Seap. No dia 17 de março, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina deflagrou uma operação que resultou em uma denúncia criminal contra um grupo acusado de desviar recursos públicos ao obter contratos, mediante fraude em licitações, para prestação de serviços de manutenção aos veículos oficiais do Estado, na região de Londrina. O chefe da quadrilha, segundo o Gaeco, era o amigo pessoal do governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi Antoun, que chegou a ser preso.

A JMK, que é a responsável pela gestão compartilhada da frota, disse em resposta à Folha que o fato de se exigir três orçamentos garante maior transparência e economicidade para o Estado, mas em contrapartida torna mais moroso o serviço. A empresa garantiu que está aumentando o número de funcionários para atender especificamente o Estado do Paraná.



Vítor Ogawa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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