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PR tem só uma escola estadual entre as 100 do País

Desempenho no ranking do Enem de 2014 é o mesmo do ano anterior; mestre em políticas públicas vê falta de investimento do Estado e União

 
Pelo segundo ano seguido, o Paraná mantém apenas uma escola entre as 100 instituições de ensino estaduais do País com melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O resultado preliminar do exame de 2014, por escola, foi divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), considerando as notas de 1.295.954 estudantes brasileiros de 15.640 escolas nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e redação.

De acordo com o ranking das escolas estaduais com as melhores médias nas provas objetivas do ano passado, a única do Paraná que aparece entre as 100 primeiras é o Colégio da Polícia Militar Cel. Felippe de Souza Miranda, em Curitiba, que atingiu 609,09 pontos e subiu do 24º para o 16º lugar em relação ao Enem 2013. Como efeito de comparação, o Rio Grande do Sul tem seis escolas estaduais entre as 100 com melhores pontuações no exame que avalia os alunos do 3º ano do Ensino Médio, repetindo o desempenho do Enem 2013.

Procurada pela FOLHA, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) informou que ainda vai analisar os novos dados do Enem antes de se manifestar publicamente sobre os pontos positivos e negativos do resultado no Paraná. Os colégios londrinenses Newton Guimarães e Aplicação da UEL aparecem entre as cinco com melhores médias de escolas estaduais paranaenses, sem levar em consideração a nota da redação. O colégio estadual Bom Jesus, na zona rural de Marmeleiro, no Sudoeste, completa a lista das cinco melhores ao lado do Colégio Estadual do Paraná, também na capital. A média das cinco primeiras escolas estaduais nas provas objetivas foi de aproximadamente 560 pontos, enquanto os cinco melhores colégios privados atingiram a média de 660 pontos no Paraná.

AVALIAÇÃO

Mestre em políticas públicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), a professora da Unicesumar Mara Cecília Rafael Lopes lembra que as instituições privadas "treinam" os alunos para o Enem com o apoio até de consultorias, o que aumenta as chances de bom desempenho em relação aos estudantes das escolas públicas. Questionada sobre os resultados no Paraná, ela avalia que é necessário levar em consideração a redução de investimento na educação pelo governo estadual e União. "A precarização do trabalho docente e a falta de investimentos refletem na formação dos alunos. O discurso é de ‘Pátria Educadora’, mas bilhões foram cortados no orçamento, o que compromete o Plano Nacional de Educação, que depende de investimentos para cumprimento de metas", critica.

Ela destaca que o exame do Enem tem o aspecto positivo por apresentar questões interdisciplinares contextualizadas com o dia a dia do aluno, mas acredita que a utilização da nota nos vestibulares beneficia os estudantes de instituições privadas com melhor infraestrutura. "Além disso, o aluno da rede pública não é estimulado a ingressar no ensino superior quando o governo investe em programas de formação técnica, como o Pronatec, voltado ao mercado de trabalho", aponta.

DISTORÇÕES

Durante a apresentação do resultado preliminar, o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, alertou para o risco de se fazer uma comparação pura e simples das notas alcançadas pelas escolas. Ele observou que as instituições apresentam grandes diferenças entre si. "Para corrigir as distorções provocadas pela heterogeneidade, é preciso analisar uma série de variáveis, como a seleção do aluno, dados socioeconômicos e o porte das escolas", observou. Assim como foi feito no ano passado, o Inep agregou dados de acordo com algumas condições.
Rafael Fantin
Reportagem local-FOLHA DE LONDRINA
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