Beto e Seed divergem sobre fechamento de escolas
Após repercussão negativa, governador afirmou que suspendeu todos os estudos de reestruturação; chefe da pasta, porém, disse que decisão vale apenas para os 21 prédios alugados em análise;
Curitiba - Pressionado por professores, diretores e estudantes, o governador Beto Richa (PSDB) decidiu ontem suspender "qualquer medida que esteja em curso na Secretaria da Educação (Seed) e que implique no fechamento de escolas ou colégios estaduais". Segundo o tucano, a decisão foi tomada em reunião com a secretária Ana Seres. "Com isso, estão cancelados os estudos de reestruturação que incluíam principalmente imóveis alugados. Determinei também que sejam retomados os critérios utilizados nos últimos anos para o planejamento e ensalamento de estudantes que vierem a ser matriculados para o ano letivo de 2016 ", escreveu, em sua conta na rede social Facebook.
O anúncio, feito após uma semana intensa de mobilizações em todo o Estado, deu margem a interpretações dúbias. A chefe da pasta, por exemplo, afirmou à FOLHA, em entrevista por telefone, que o consenso se refere apenas (e não principalmente) aos estabelecimentos que funcionam em locações – 21 dos 109 hoje com contratos eram considerados como passíveis de mudanças. Ou seja, a "cessação" temporária de 31 unidades rurais e 19 de Jovens e Adultos (EJAs) – 50 no total - ainda não foi descartada. O dicionário Houaiss define cessar como "dar fim a ou ter fim; deixar de existir; parar ou não prosseguir em; desistir". Conforme a Seed, em caso de extinção, se após dois anos o Executivo perceber que aquela demanda voltou a existir, pode então retomar o atendimento.
"A reorganização nas escolas de EJA, em função do número de alunos, nós vamos continuar, como também no campo, onde existe uma legislação específica. Todo o processo inicia na comunidade escolar, depois passa pelo núcleo e, por último, pelo Conselho (de Educação). Evidente que onde tivermos quatro ou cinco alunos vamos remanejá-los para outras escolas do campo", explicou Ana Seres. Ela reiterou que esse planejamento é feito anualmente desde 2006, sendo que de forma mais efetiva a partir de 2012. Não soube dizer, contudo, quantos colégios já foram "cessados", nem se algum deles chegou a reabrir depois. A rede pública estadual conta com pouco mais de 2,1 mil unidades e um milhão de alunos.
MATRÍCULAS
Ana Seres contou ainda que a Seed tem registrado ano a ano uma queda de 2% a 3% nas matrículas, por conta da diminuição na taxa de fertilidade. De 2014 para 2015, houve redução de 1.912 turmas. "Além disso, tivemos uma perda na EJA de 30%. Claro que gostaríamos que esses alunos retornassem para a rede pública, mas muitos migraram para a iniciativa privada devido à greve dos professores, porque precisavam garantir seu emprego, já que algumas empresas exigem frequência escolar".
Ainda de acordo com ela, a tendência é de que grande parte dos 50 colégios alvo de análise sofra alterações somente de turnos ou turmas. "Muitos núcleos já estão com seus trabalhos quase concluídos. A maioria não apresentou proposta de cessação, e sim de reorganização de turmas". O levantamento completo, com os nomes e as cidades, deve ser divulgado em novembro, quando se iniciam as matrículas. "O importante é que não vamos deixar nenhum aluno fora da escola; muito pelo contrário, vamos tentar buscar aqueles 30%", completou.
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local -folha de londrina
Reportagem Local -folha de londrina