EDUCAÇÃO AMBIENTAL - História vista de dentro da mata
Espaço do Programa Embrapa & Escola resgata parte da história da região e leva conhecimento sobre meio ambiente

Ao verem a vegetação que cresceu sozinha onde já foi pasto, as crianças aprendem uma lição importantíssima: não é a natureza que precisa de nós; nós é que dependemos dela

Objetos, fotos, muita explicação e até interação ajudam a fixar melhor as informações
A recente aula de educação ambiental para alunos do quinto ano da Escola Monteiro Lobato, de Alvorada do Sul, não foi entre quatro paredes. Tampouco foram usados giz e cadernos. A céu aberto e com direito a uma bela paisagem da antiga Fazenda Santa Terezinha, onde há seis anos funciona o Espaço de Educação Ambiental do Programa Embrapa & Escola, projeto promovido pela Embrapa Soja, os estudantes imergiram no passado. O local – desativado e restaurado - abriu as portas para parte da história do Norte do Paraná.
A visita é dividida em três momentos para apresentar parte do processo de transformação da história: Tulha, Casa dos Elementos e Trilha Interpretativa. Há dois anos, a instituição mantém parceria com a Folha Cidadania levando conhecimento sobre educação ambiental a centenas de crianças das escolas que integram o projeto do Grupo Folha de Comunicação.
No local, que por décadas funcionou a sede de uma fazenda de café, as crianças, na primeira parada, tiveram contato com objetos e fotos de uma época nem tão distante assim: ferro de passar a brasa, enxada, moringa (jarro de barro que os trabalhadores levavam para a lavoura), encerador de chão, além das grandes peneiras usadas para abanar o café. "Os trabalhadores jogavam o café para cima para tirarem a sujeira. Aqui, temos uma pequena quantidade e já é pesado. Imaginem abanar de 10 a 15 quilos? Os filhos também ajudavam a produzir mudas de café", conta o coordenador do projeto e monitor Fabio Ortiz, para, em seguida, desafiar um aluno a tentar manusear a ferramenta.



Atentas, as crianças andavam pelo local observando todos os detalhes da tulha de café que foi mantida e restaurada pelo projeto. "Neste espaço, eram armazenados os grãos de café colhidos depois de passarem pelo processo de secagem que era feito naquele terreirão logo acima. Tudo era tomado pelos grãos, até o teto." Mostrando fotos de uma linha do tempo montada dentro do espaço, o monitor também chama à atenção para o desconhecimento de cuidados ambientais da época que resultavam num cenário com muita erosão, com voçorocas e degradação. "Não havia vegetação ao redor da represa. Tudo aqui era pasto para gado."
A partir da aquisição da fazenda pela Embrapa na década de 80 e com a construção da nova sede, Ortiz conta que o local foi desativado e, naturalmente, a vegetação ao redor da represa foi surgindo. "O mais interessante é que não houve intervenção do homem na plantação de novas árvores. Os pássaros é que foram responsáveis em disseminar as sementes e, por isso, inúmeros tipos de vegetação surgiram. A estimativa é que haja mais de 50 espécies diferentes. Essa é a prova de que a natureza não precisa da gente, ser humano, mas nós é que precisamos dela", destaca, acrescentando que na próxima parada é possível sentir na pele o efeito de uma vasta vegetação. "Vocês irão conhecer o que é um ar condicionado natural", brinca.
Depois da história da fazenda ter sido contada e mostrada, é hora de entrar na mata, passear pela trilha e ver de perto o que foi transformado e, até mesmo, a nascente de um rio. Logo no início da trilha já é possível perceber a diferença de temperatura do dia quente que fazia e, também, o cheiro. "Estão vendo o que eu falava? Quanto mais a gente entra, mais o ar vai ficando fresco. Sintam o cheiro que gostoso. Dá para acreditar que nada disso existia há alguns anos?", pergunta. Em uma das paradas, o monitor aproveita e faz uma breve reflexão e sensibilização sobre a relação do homem com o meio ambiente, destacando a importância da mudança de hábitos e costumes. "Mais do que nunca, precisamos rever e mudar nosso comportamento. Uma das formas de mantermos o meio ambiente equilibrado é pelo consumo consciente e com responsabilidade."
Para a professora de Geografia e História Regina Gonçalves de Oliveira, participar da visita propiciou mostrar a realidade que fora trabalhada de maneira teórica em sala de aula. "Muitos assuntos que foram vistos aqui já havíamos abordado. Mas presenciar e sentir as transformações traz um significado ainda maior e, sem dúvidas, complementa o conhecimento dos alunos. O projeto da Embrapa Soja é um museu vivo que resgata um período importante da história de nossa região", elenca.
Serviço:
As visitas no Espaço de Educação Ambiental acontecem uma vez por semana ao longo do ano. Escolas interessadas devem agendar visita pelo telefone (43) 3371-6062
Marian Trigueiros
Reportagem Local-folha de londrina
Reportagem Local-folha de londrina