MP denuncia mais 13 em esquema de exploração
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Empresário Caldarelli é um dos denunciados |
Dois empresários, auditor, advogado e suposta aliciadora são novos nomes na lista de investigados
Londrina – O Ministério Público (MP) ofereceu denúncia contra 13 pessoas na tarde de ontem. Os investigados são suspeitos de participação no esquema de exploração sexual de menores em Londrina, descoberto no início deste ano. Além de empresários, auditores fiscais, aliciadoras, já envolvidos em outros inquéritos, o MP incluiu outras cinco pessoas tiveram os nomes incluídos no esquema: os empresários Marcelo Caldarelli e Alexandre Alves de Mello, o auditor fiscal Élio Sanzovo, o advogado Rogério Feres Gil e a aliciadora Ana Cláudia Moreira.
Segundo a promotora da 6ª Vara Criminal de Londrina, Suzana Lacerda, os crimes aconteceram entre os anos de 2003 e 2014, sendo que a maioria foi cometida nos dois últimos anos. Os denunciados vão responder por exploração sexual e estupro de vulnerável, já que algumas das vítimas identificadas nesta fase das investigações tinham menos de 14 anos na época dos abusos.
Em seis meses de investigações, o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) concluiu 39 inquéritos sobre a rede de exploração sexual. O volume de processos é tão grande que nem a promotora tem números precisos. Segundo ela, pelo menos 40 vítimas foram identificadas e 33 pessoas foram indiciadas até o momento, sendo nove aliciadoras e 29 contratantes dos programas sexuais das adolescentes.
Segundo a promotora, o contato com as adolescentes era feito pelas redes sociais e por meio das aliciadoras. Entre os nomes já citados em outros processos, estão o do auditor fiscal Luiz Antonio de Souza, preso em um motel da cidade com uma garota de 15 anos, do fotógrafo e ex-assessor da governadoria do Paraná, Marcelo Caramori, e do empresário Antônio Crippa Neto, de Cambé.
O empresário Alexandre Alves de Mello, proprietário de estabelecimentos tradicionais de Londrina, informou à reportagem no fim da tarde de ontem que foi pego de surpresa com a notícia. Ele negou as acusações. "Estava trabalhando e fiquei sabendo agora há pouco de que sou investigado pelo Gaeco. É um absurdo, não sei de nada sobre isso e vou provar", comentou. Ele disse que ainda não havia sido notificado e que, por não saber o teor da denúncia, não poderia comentar mais nada a respeito. "Sinceramente, não sei do que estão me acusando."
Eduardo Duarte Ferreira, advogado de Caldarelli, empresário e ex-presidente do Londrina Esporte Clube nos anos 1996 e 1997 acredita que é "óbvia" a absolvição do cliente. "Não tenho dúvidas que vou conseguir a absolvição dele. As datas mencionadas pelas supostas vítimas não batem. Ele tem como provar que não esteve com as meninas", contou.
A reportagem tentou contato com o advogado Rogério Feres Gil pelo telefone divulgado no registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas ninguém atendeu às ligações. Élio Sanzovo e Ana Cláudia Moreira não foram localizados.
Dos cerca de 30 processos em andamento, apenas o primeiro teve sentença proferida, com pena de quatro anos de prisão em regime semiaberto para o auditor Luiz Antonio de Souza e de dois anos em regime aberto para a aliciadora Carla de Jesus. Fora a condenação, Souza foi relacionado em outros 11 inquéritos.
Celso Felizardo-FOLHA DE LONDRINA