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Café: o clima como inimigo ou aliado

Enquanto o alto volume de chuvas de junho causaram danos à qualidade dos grãos de café que eram colhidos, as precipitações das últimas semanas devem ajudar no desenvolvimento da cultura para a safra 2016

Ricardo Chicarelli
Com os cafezais em fase de desenvolvimento dos grãos, as chuvas estão sendo benéficas para a cultura

Cerca de metade da produção paranaense de café da safra 2015 registrou perda de qualidade devido ao excesso de chuva ocorrido durante o processo de colheita, segundo informações do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Paulo Franzini, especialista em café no Deral, afirma que as áreas de café localizadas mais na região central do Estado foram as mais prejudicadas com as precipitações ocorridas no mês de junho.
No Norte Pioneiro, polo de produção de cafés especiais, as intempéries não chegaram a prejudicar muito a qualidade dos grãos. Franzini avalia que um café de baixa qualidade pode ter um desconto de 20% a 30% por saca. O preço médio da saca de café beneficiado pago ao produtor em outubro, praticamente com a colheita já finalizada, fechou em R$ 405,66, contra R$ 382,37/sc em setembro e R$ 433,47/sc em outubro de 2014.

Neste ano, a previsão do Deral é de uma colheita de 1,2 milhão de sacas, contra 540 mil sacas produzidas na safra passada. A menor produção no ano passado se deve à forte geada que atingiu o Estado no inverno de 2013, o que comprometeu a safra seguinte. Para o próximo ciclo, Franzini não arrisca dizer o quanto o Paraná deve colher, já que a estimativa de produção só deve sair só no próximo mês. Porém, ele estima um volume um pouco menor para 2016.
Romeu Gair, agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), afirma que o cafeicultor que colheu mais no final de julho ou antes das chuvas de junho conseguiu manter um bom índice de qualidade. Para o próximo ciclo, as chuvas que caem continuamente sobre todo o Estado nas últimas semanas devem beneficiar o produtor, isso porque os cafezais já estão na fase de formação de grãos.
No atual momento, explica ele, o produtor deve fazer a adubação e o controle de pragas e doenças que podem ocorrer devido a esse aumento de umidade. A ferrugem é um dos cuidados que o cafeicultor deve se atentar em tempos de excessos de chuvas.

BRASIL

As chuvas de junho não só prejudicaram a produção paranaense, mas também a de todo o País durante a colheita. Segundo um levantamento anunciado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) a baixa qualidade dos grãos encontrados nas lavouras de café deve forçar uma queda de 9% na produção deste ano dos cafés arábica e robusta em relação à safra passada, segundo dados compilados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A previsão brasileira para a entidade americana é de 49,4 milhões de sacas, contra 54,3 milhões de sacas. No geral, segundo avaliadores do Cepea, as estimativas para a temporada 2015/16 estão divergentes entre agentes e também entre órgãos oficiais. De acordo com analistas do Cepea, a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), por exemplo, indica uma produção de 42,15 milhões de sacas de café, ante 45,34 milhões de sacas contabilizadas na safra anterior.
Ricardo Maia
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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