Chuvas provocam destruição no Paraná
Municípios da região de Londrina estão entre os mais atingidos, segundo Defesa Civil; em Rolândia, motorista segue desaparecido

Estação da Sanepar de Rolândia, que ficava às margens do Rio Bandeirantes, foi totalmente destruída

Motorista de ônibus permanece desaparecido; ele tentou atravessar pista quando uma enxurrada do rio Bandeirantes levou o veículo
Rolândia - Mais de 8 mil paranaenses foram afetados pelas chuvas desde domingo, de acordo com o último boletim da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, divulgado no fim de tarde de ontem. Segundo o levantamento, 991 pessoas ficaram desalojadas por causa de alagamentos e enxurradas, a maioria em municípios da região de Londrina, como Jataizinho, Arapongas, Cambé, Tamarana. Além disso, o boletim registra o desaparecimento de uma pessoa no município de Rolândia. O motorista Odair José, de 35 anos, tentou atravessar uma enxurrada no Rio Bandeirantes no fim da tarde de segunda-feira, no entanto, o ônibus foi levado pela força das águas. Ele trabalhava no transporte de funcionários de uma indústria de couro, localizado nas proximidades do ribeirão. No momento do acidente, ele estava sozinho no veículo. Sete bombeiros divididos em duas equipes trabalharam ontem nas buscas pelo desaparecido, mas o motorista não foi encontrado até o início da noite de ontem.
A queda da ponte no Rio Bandeirantes também deixou moradores ilhados ou sem acesso à zona rural. Moradora da Fazenda Belmonte, Lilian Ferreira de Souza foi para o centro da cidade durante a tarde, mas não conseguiu retornar para a residência onde mora na última segunda-feira. "Passei a noite na casa de parentes e pedi para uma vizinha cuidar dos meus dois filhos. Existe um caminho alternativo por Arapongas, mas a outra ponte de acesso também foi levada pela chuva", desabafou.
De acordo com o prefeito de Rolândia, Luiz Francisconi Neto (PSDB), dez pontes cederam na zona rural e vão ter que passar por reparos. Além disso, pelo menos 400 residências e prédios públicos sofreram rachaduras entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem. "Várias casas foram danificadas, principalmente em três bairros com situações mais críticas. As famílias em locais de risco devem deixar as residências e podem procurar o abrigo do município no Colégio Vitório Franklin", informou. Ele admitiu que a Defesa Civil de Rolândia ainda não possui estrutura para os atendimentos, no entanto, as secretarias municipais ficarão responsáveis pela assistência e prestação de serviços emergências, contando com o apoio do Corpo de Bombeiros e de voluntários. "Recebemos informações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de que o acumulado de água ultrapassou os 300 mm em dois dias, muito acima da média histórica do mês", acrescentou.
RACHADURAS
Segundo informações da prefeitura, centenas de moradores afirmam que as residências sofreram rachaduras após ouvirem estrondos durante a madrugada. Existe a suspeita de que tremores podem ter provocado as rachaduras, como no caso do Jardim Califórnia, na zona leste de Londrina, o que será investigado pela administração municipal. Moradora do Jardim Nobre há oito anos, a dona de casa Adriana Lopes deixou a residência ontem junto com o marido e três filhos por causa do risco de desabamento da estrutura. "Os estralos começaram na noite de segunda-feira e ficaram mais fortes. As paredes racharam e o piso da casa cedeu. Sem segurança, passamos a madrugada no quintal", disse.
Ela reclamou que não recebeu nenhuma visita da Defesa Civil para avaliação dos danos. Mesmo assim, a família optou pela mudança repentina para o Jardim Novo Horizonte enquanto verifica a possibilidade de reformar o local. "Ninguém queria sair da casa que é da família. Mas, é melhor pagar aluguel do que correr o risco de algo pior. Nós estamos mudando por causa do medo." O comércio também sofreu as consequências das chuvas acumuladas dos últimos dias em Rolândia. Sem abastecimento devido a destruição na estação da Sanepar nas margens do Rio Bandeirantes, a maioria dos restaurantes e lanchonetes no centro da cidade não abriram para oferecer refeições aos clientes.

Rafael Fantin
Reportagem local
Reportagem local
FOLHA DE LONDRINA